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ENTREVISTA

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Andréa Beltrão, protagonista de "Hebe" e da série cômica "Tapas e Beijos"

No ar em dose dupla, a atriz celebra as exibições e relembra bastidores das gravações

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Os anos 2010 foram muito frutíferos para Andréa Beltrão. De forma despretensiosa, no início da década, ela topou protagonizar “Tapas e Beijos” ao lado de Fernanda Torres. O que seria uma série de humor de, no máximo, duas temporadas, tornou-se um sucesso que ocupou o horário nobre por cinco anos. Ao final da série, embarcou em um dos trabalhos mais complexos de sua vida ao interpretar Hebe Camargo no filme e na minissérie dedicados à apresentadora. Agora, em casa por conta da pandemia de coronavírus, Andréa pode assistir do conforto de seu lar ao resultado de seu esforço e comprometimento ao longo dos últimos anos com a reprise da série cômica e a estreia de “Hebe” na programação da Globo. “O melhor disso tudo é que me sinto muito produtiva. São dos trabalhos que me exigiram muito e me levaram para emoções bem diferentes. Trabalhar cansa, mas é gratificante”, analisa a atriz de 56 anos que, em ambas produções, foi dirigida por Maurício Farias, com quem é casada desde 1994.

Natural do Rio de Janeiro e “cria” do Tablado, prestigiada escola de interpretação fundada por Maria Clara Machado, Andréa estreou na tevê, em 1981, fazendo uma “ponta” em “Ciranda de Pedra”. “Tinha 18 anos. Nessa idade a gente tem de fazer o que aparecer. O importante era ganhar repertório”, relembra, entre risos. A primeira boa oportunidade na tevê veio em “Corpo a Corpo”, de 1984. Na sequência, brilhou nas três temporadas do sucesso “Armação Ilimitada”, onde viveu a moderna jornalista Zelda, vértice do triângulo amoroso formado com os protagonistas Juba e Lula. A década seguinte foi marcada por personagens de sucesso como a Tônia de “Mulheres de Areia”, a icônica Radical Chic e a apaixonada Lisa, mocinha de “A Viagem”. Nos anos 2000, se distanciou das novelas e encontrou prestígio e popularidade em produções como “A Grande Família” e “Som e Fúria”. “Minha relação com a tevê é de muita liberdade. Fiz tanta coisa diferente nos últimos anos que meu próximo projeto é uma novela. Vai ser como uma volta às raízes”, celebra a atriz, escalada para “Em Seu Lugar”, trama prevista para 2021.

P - A quarentena acabou fazendo a Globo decidir pela exibição de “Hebe” na tevê aberta e pela reprise de “Tapas e Beijos”. Essa exposição dupla é uma surpresa para você?

R - Bastante. “Hebe” foi produzida já pensada para a Globoplay. Mas era esperado que em algum momento a emissora fosse exibir na programação, já que é uma obra de forte apelo popular. “Tapas e Beijos” foi um dos projetos mais felizes da minha carreira, que poderia ter sido estendido, mas saiu de cena no momento certo. Esse sim, achava que só mataria as saudades pelos canais fechados ou “streaming”. A Globo tem um monte de série para reprisar e eu fiquei muito feliz que escolheram a nossa.

P - A série chegou ao fim em 2015 e o Brasil mudou muito ao longo desses últimos cinco anos. Você acha que os temas de “Tapas e Beijos” envelheceram bem?

R - Muito bem. A pauta feminista voltou com força e a série já abordava a história de mulheres fortes e independentes dispostas a conquistar um lugar no mundo de forma muito contundente e bem-humorada. Fátima (Fernanda Torres) e Sueli continuam muito atuais, oscilando entre a valentia e a fragilidade e sempre defendendo o equilíbrio entre amor e liberdade. Elas eram muito destemidas e é interessante como foram crescendo e se transformando durante o desenvolvimento da série.

P - Você é acostumada a viver uma mesma personagem por muito tempo. Foi assim em “Armação Ilimitada” e “A Grande Família”, por exemplo. Quais os prós e contras dessa longevidade?

R - Tudo depende de como a personagem vai evoluindo. O risco da história se perder é muito grande. Tive a sorte de viver o mesmo tipo por longos períodos que foram ganhando outros contornos e me dando novas referências. O momento que a gente precisa se despedir desses papéis é que é muito complicado. Mesmo que esteja saindo de cena no momento ideal, fica um vazio estranho. Sinto saudade dos bastidores de “Tapas e Beijos” até hoje.

P - Do que mais sente falta?

R - Era um ambiente muito harmonioso. Eu conhecia a Fernanda (Torres) antes da série, mas a sintonia foi tão grande que hoje a tenho como uma irmã. E é um carinho que se estende por toda a família dela. No caso do Fábio (Assunção), foi um encontro artístico muito bonito, onde pude compreender a razão dele ser essa pessoa tão querida por quem faz e por quem assiste televisão. Sinto saudade de trabalhar com todo esse elenco incrível, ficamos todos muito próximos.

P - O projeto de filme e série sobre a vida da apresentadora Hebe Camargo surgiu quando você ainda estava gravando “Tapas e Beijos”. Foi um trabalho importante para curar a “ressaca” do fim da série?

R - Eu me cerquei de trabalho para não sentir tanto. Atuei em quatro filmes e realizei o sonho de fazer “Antígona” no teatro. Paralelamente, me preparava para interpretar a Hebe. A personagem exigiu um grande mergulho e por muito tempo pensei que não seria capaz de fazer esse papel com propriedade. Foi um processo realmente difícil, onde tive de testar tudo o que eu sabia até então sobre interpretação.

P - Qual foi sua maior dificuldade?

R - Fiquei muito insegura em interpretar alguém com a imensidão da Hebe, uma mulher muito famosa, que está no inconsciente coletivo dos brasileiros e que nunca teve medo de se expor. Ela errou muito, falou diversas besteiras, defendeu políticos indefensáveis e tinha uma postura muito conservadora. Ao mesmo tempo, era uma importante apoiadora dos direitos das minorias, foi uma das primeiras pessoas a falar e defender o aborto de forma pública e enfrentou toda uma série de assédios que uma mulher com a visibilidade dela poderia sofrer em um ambiente masculino como a tevê.

P - Como a personagem chegou até você?

R - A Carolina Kotscho, roteirista responsável pelo filme e pela série, me procurou quando ainda estava na fase de pesquisa para o projeto. Eu levei um susto, pois foi algo realmente inusitado. Pouco tempo depois, ela convidou o Maurício (Farias) para dirigir e tudo foi ganhando mais forma. Os dois foram fundamentais para que eu ganhasse mais confiança para esse trabalho. Geralmente, a interpretação em produções biográficas segue por uma linha mais da imitação e eles queriam um caminho diferente, onde o elenco tivesse liberdade de criar uma versão mais livre sobre os personagens. Foram três anos de muita pesquisa e referências até eu me considerar realmente pronta para filmar.

P - E qual foi o ponto mais difícil de todo esse processo de construção?

R - O sotaque! Foi muito complexo entender a dinâmica de como ela se expressava. Hebe nasceu e se criou em Taubaté, cidade do interior de São Paulo e tinha um sotaque muito carregado. Depois, quando ela se mudou para a capital, mexeu no jeito de falar, puxando menos os “erres”. E, às vezes, quando ela cantava, ainda colocava um “carioquês” em algumas palavras. A maneira dela falar mudava o tempo todo. Eu só consegui captar isso quando entendi que o “gatilho” era o modo que ela estava se sentindo. Isso acontece com todo mundo. O sotaque é definido pelo nosso estado de espírito (risos).

No sofá

A vida de Andrea Beltrão teve diversos encontros com a de Hebe Camargo. O primeiro foi durante a adolescência, onde assistia o programa na companhia da avó, que era fã da apresentadora. No início dos anos 1990, já famosa e despontando como uma das principais atrizes de sua geração, Andrea foi uma das convidadas de Hebe no programa exibido por 24 anos no SBT. “Estava divulgando uma peça. Sentei no sofá, falei pouco e ouvi muito. Fiquei realmente intimidada, nervosa e atrapalhada diante daquela mulher cheia de personalidade”, relembra.

Durante a preparação para o filme, Andréa conheceu parte da família da apresentadora e teve a oportunidade de conversar com o filho Marcelo e, em especial, com Claudio Pessutti, sobrinho e empresário de Hebe. Durante um jantar próximo do início das filmagens do longa “Hebe - A Estrela do Brasil”, Pessuti a presenteou com o perfume mais querido da apresentadora, o Eau du Soir, da marca de luxo Sisley. Por coincidência, Andréa já tinha a mesma fragrância em casa, que ganhou da atriz Bete Coelho nos bastidores de “As Filhas da Mãe”, de 2001. “Fiquei impactada com essa sintonia. Acabei com os dois frascos em casa e usava na hora das gravações para ficar bem Hebe!”, ressalta.

Retorno em pausa

Com novelas de sucesso no currículo, como “Rainha da Sucata” e “A Viagem”, Andréa Beltrão acabou se distanciando um pouco dos folhetins após o final de “As Filhas da Mãe”, de 2001. Nas duas últimas décadas, acabou se comprometendo com diferentes formatos mais curtos, passou oito anos em “A Grande Família”, outros cinco em “Tapas e Beijos” e, nos intervalos, participou de produções como “Som e Fúria” e “Os Aspones”. “Amo fazer novelas. Não foi premeditado ficar 20 anos distante delas”, entrega.

Na teoria, 2020 marcaria a volta de Andrea aos folhetins com “Em Seu Lugar”, trama de estreia de Lícia Manzo na faixa das 21h. Entretanto, a pandemia de coronavírus paralisou os trabalhos nos Estúdios Globo e a produção foi adiada para meados do ano que vem. Por enquanto, ela espera a retomada da preparação de elenco da trama, que também será dirigida por seu marido, Maurício Farias. “Já estava muito envolvida e empolgada com esse retorno. Mas essa pausa se fez necessária. Ainda estou descobrindo a personagem, que é uma ex-modelo que se envolve com um homem mais novo”, adianta.

Instantâneas

# Andréa acompanha com ressalva as reprises de seus trabalhos mais antigos pelo canal Viva. O que mais incomoda a atriz é a entonação de sua voz no início da carreira.

# Inicialmente, a Marilda de “A Grande Família” seria apenas uma participação especial. A personagem de Andréa agradou tanto que entrou no elenco fixo e ficou por cinco temporadas.

# Ao lado da amiga Marieta Severo, desde 2005, Andréa é dona do Teatro Poeira, importante palco para textos mais autorais localizado em Botafogo, Zona Sul do Rio de Janeiro.

# O desempenho da atriz em “Hebe” é fruto de muitas horas de aula de prosódia com a professora Íris Gomes da Costa, lições de canto com a cantora e arranjadora Cris Delanno e preparação corporal com a bailarina e coreógrafa Marina Salomon.

Diálogo

Confira a coluna Diálogo na íntegra, desta terça-feira, 19 de março de 2024

Por Ester Figueiredo ([email protected])

19/03/2024 00h01

Diálogo Foto: Arquivo / Correio do Estado

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Augusto Branco - escritor brasileiro

A verdadeira derrota não está em ir ao chão, 
mas em não esforçar-se 
para levantar novamente!”

FELPUDA

Nos bastidores políticos, comentários lá e acolá são de que os primeiros confrontos teriam ocorrido envolvendo importantes personalidades de partidos políticos. É que a tal carta-branca que seria dada ainda não teria recebido o aval de eminência parda que, segundo consta, não deseja ver seus interesses, que não são poucos, contrariados. Em breve, deverá ocorrer reunião para que projeto de poder não sofra prejuízos. Há quem diga que adversários estão com sorrisos irônicos nos lábios. Afinal...

Quietos

Valeu o antigo ditado de que manda quem pode e obedece quem tem juízo. A cúpula do PSDB decidiu que o pré-candidato a prefeito de Dourados será o ex-deputado Marçal Filho. A tchurminha que andava “rosnando” que só nem um miado está dando.

Não

Os servidores estaduais aposentados, nesta cruzada pela diminuição do porcentual de cobrança da Previdência, não estão deixando se levar pelo “canto da sereia”. A proposta do governo do Estado de repassar R$ 300 como compensação não foi aceita.

Quem estará no Brasil no dia 10 de abril é Oprah Winfrey, empresária da mídia e do entretenimento dos Estados Unidos. Ela vem para participar da primeira edição do evento Legends in Town, cuja proposta é ser um ponto de encontro entre experts dos negócios, da política, do lazer e do esporte para troca de experiências. O encontro acontecerá em São Paulo.

Gabriel Sater e a irma Ana ClaraFayez Feiz Jose Rizk, comemorando 70 anos nesta terça-feira

Martelo

Enquanto alguns partidos estão enfrentando dificuldades até para definir os nomes dos pré-candidatos a prefeito em Campo Grande, o PSDB está lépido e fagueiro tal qual costureiro da moda: alinhavando apoios. Pelo menos dois partidos já bateram o martelo com os tucanos: o PSD e o PSB foram os primeiros.

Aliança

O senador Nelson Trad Filho, conforme o Diálogo publicou há dias, decidiu fechar com o PSDB para a disputa da Prefeitura de Campo Grande. Como presidente estadual do PSD e vendo a debandada dos vereadores do seu partido, não quis “encompridar” conversa e tomou a decisão. 

Solito

A porteira aberta no PSD foi tamanha que, dos oito vereadores na Câmara Municipal da Capital, ficou apenas Otávio Trad. Pelo que se tem visto até agora, o partido deverá ganhar apenas mais um filiado, que seria Gilmar da Cruz, interessado em deixar o Republicanos.

De saída

O ex-prefeito Marcos Trad não ficará no PSD e tem dito que sairá por não concordar com a aliança com os tucanos. Por enquanto, não há uma definição sobre qual partido lhe dará guarida, uma vez que pretende ser candidato a vereador e acredita ser “puxador” de votos. Dizem que sua decisão não fez nem cócegas.

Aniversariantes

Fayez Feiz José Rizk, 
Thaís de Castro Trindade Violin, 
Márcia Ivanov,
Dr. José Eduardo Cury, 
Geovana Bigaton Sabadotto,
Fátima Caseiro,
José Henrique da Rocha Paim,
Osmar José Schossler,
Mauricio Kanashiro,
José Carlos de Lemos Ribeiro,
Wellington Klimpel do Nascimento,
José Edir Chaves de Siqueira,
Jacqueline Varela Lima,
Regina Maria de Araujo Kadri, 
José Henrique Gonçalves Trindade, 
Cláudio Aparecido de Oliveira Silva,
Renato Artiolli Barnabe,
Bianca Wolek,
Maria José da Costa Kassar,
Wilson Borges de Sousa,
José Chadid, 
Edilza Maria Cazerta Goulart,
Laerte Monteiro Morais, 
Emilia Massako Higa Nakao, 
Denise Puccinelli, 
Kassilene Carneiro Cardadeiro,
Dr. Antônio Toshime Arashiro, 
Maria de Lourdes Maciel,
Ataridson Santos Almeida,
Eduardo Gheno,
Vangler Sergio do Nascimento,
Néri Muncio Compagnone,
Marilane Maria Fenner,
Dr. Josiberto Martins de Lima,
José Roberto Gianini, 
Renata Almeida Caminha,
Dr. José Schroder Campos, 
Dr. Hélio Fernandes da Silva, 
Neuza de Souza Romero, 
Renato Curado do Amaral, 
Lina Maria Honda Flôres, 
Leonardo Calixto, 
Dr. José Zacarias de Barros, 
Maria José Vital, 
Ricardo Bittencourt,
Ademir Gastardelo, 
Lana Meire Saad Peron, 
Aurea Lilia Spengler Vavas,
Dib Jorge Abussafi Figueiró, 
Tailci Cristina de Rosa Silva,
Roberto Asato, 
Maricy Godoy, 
Renato Martinez da Silva,
Sandro Christhopher de Oliveira, 
João Maria Ribeiro dos Santos,
Andréa Alves do Egito,
Laura Cardoso, 
Maria José Antunes de Souza,
Fernando César Corrêa,
Dr. José Leão Ribeiro, 
Silvio Rodrigues, 
José Reinaldo Carneiro Tavares,
Pantalena Guido,
Razuk Jorge Neto,
Grasiella Alvarez Benetti de Lima,
José Humberto Duarte,
Josefa Gimenes Araujo,
José Luis Mattos Cunha,
Cerise Rodrigues Pereira, 
Daniel Castro Gomes da Costa, Abetisa Arakaki Komiyama, 
Dolores Benitez Nardini, 
José Vianna Lyrio,
Adriana Lázaro,
Gisele Maria de Carvalho Bueno,
Márcio Pereira,
Margareth Caimar,
Walter Renato Gonçalves,
Ana Cristina Medeiros 
Santana Lopes, 
Tânia Thijiride da Silva Ramires,
José Ricardo de Assis Perina,
Mônica Vieira Leremen Zart,
Gilberto Apolinário,
Márcio Nogueira de Moraes,
Paulo Roberto Lima Fernandes,
José Caetano Pereira,
Rose Mary Monteiro,
José Bonifácio de Paula Serra,
Rafael Batista da Rocha,
José Garcia Maia,
Elizabeth Freitas Valim de Melo,
Fábio Peró Corrêa Paes, 
Marcelo Puchalski Rezende,
Ricardo Flores de Carvalho,
José Leôncio Benites,
Alpheu Rodrigues de Alencar Neto,
Bruno Mazzo Ramos dos Santos,
José Carlos Del Grossi,
José Manfroi,
Nilcimar Gomes Sales, 
Cristiane Rodrigues,
Juliana Fernandes Neves,
Elaine Cristina Ribeiro da Silva,
Rodrigo Sêmpio Faria,
Fábio Davanso dos Santos,
Jaci Lucia de Abreu,
Pericles Soares Filho,
Zeliana Luzia Delarissa Sabala,
Gesse Cubel Gonçalves,
Maria Alice Nunes Vieira,
Lucila Menezes Cordeiro.

Colaborou Tatyane Gameiro
 

Tecnologia

Saiba como o uso excessivo de tela prejudica a saúde e como impor limites

Governo federal inicia trabalhos para elaborar 'Guia para Uso Consciente de Telas por Crianças e Adolescentes' que trará orientações para a sociedade e servirá de base para políticas públicas

18/03/2024 18h01

Psicóloga ressalta a vulnerabilidade das crianças e adolescentes diante das telas. Reprodução

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O crescente uso de telas por crianças e adolescentes tem despertado preocupações quanto aos seus impactos na saúde e desenvolvimento. Relatos de comportamentos extremos, como o de uma criança de 12 anos incapaz de realizar atividades básicas devido ao vício em telas, destacam a urgência de impor limites e orientações.

Ao Correio B, a madrasta de um menino de 12 anos, viciado em telas, relata episódios agressivos e o desafio de lidar com esse comportamento. Enquanto isso, a advogada Camila Zanetti adotou medidas para controlar o uso de telas por suas filhas, estabelecendo regras e monitorando o acesso por meio de aplicativos.

"Já está num nível de tratamento psicológico. Meu enteado é extremamente viciado em telas, já quebrou diversos celulares porque um jogo trava, por exemplo. Se deixar ele não come, não vai ao banheiro e não dorme. O uso de telas começou desde quando era bebê. Atualmente, ele acabou de mudar de escola, mas a anterior já reclamava do uso de celular nas aulas", relata a madrasta.

Já a advogada Camila Zanetti, conseguiu remediar o uso excessivo de telas de suas duas filhas em idade escolar, estabelecendo regras como horários e dias específicos para sua utilização. Além disso, instalou em seu celular um aplicativo que monitora o que e quando suas filhas estão acessando o celular.

"Aqui temos horários e combinados bem rígidos e uso o Family Link para controlar. Bloqueio nas horas não combinadas. E o segredo é não abrir exceção, nem quando a gente precisa da ajuda das telas. Então os problemas acabaram. Durante a semana é proibido total e aos fins de semana, 1 hora na sexta à noite e 2 horas no sábado e domingo. Atrapalha demais o humor da criança, então não vale o custo benefício da distração", afirma Camila.

Para ajudar os pais ou responsáveis a administrar o uso de telas, o Correio do Estado realizou uma entrevista com a psicóloga Carlota Philippsen, que ofereceu importantes orientações sobre quando e como procurar ajuda especializada.

"Como qualquer atividade que tenha como característica essa questão de ter uma recompensa imediata, como no caso da tela, ela exige pouco e existe uma hiperestimulação. Isso pode gerar várias questões como isolamento, quadros de ansiedade, a pessoa começa a ter uma baixa capacidade de vivenciar frustrações, a vida dela acaba ficando cada vez mais limitada", alertou a psicóloga.

Philippsen também destacou a importância de estar atento a sinais de alerta, pois existem várias questões em jogo. Até mesmo a pornografia, que é uma questão bem particular.

"Tem os usuários que ficam muito tempo na tela só rolando pra cima e vendo bobeirinhas. Não conseguem ficar sem essa anestesia pro cérebro. É uma atenção que não demanda entendimento. Você não precisa ter um foco muito grande. É só o seu olhar. Geralmente isso pode ser uma questão de ansiedade, uma questão de dificuldade de lidar com os compromissos difíceis. Ou até a dificuldade de construir rotinas saudáveis", pondera a profisisonal.

Por fim, a psicóloga ressaltou ainda a vulnerabilidade das crianças e adolescentes nesse contexto.

"Geralmente crianças e adolescentes acabam sendo mais vulneráveis por conta de fatores biológicos e emocionais. Isso torna as crianças mais propensas a desenvolverem problemas relacionados ao uso de telas."

Essas orientações fornecidas pela psicóloga Carlota Philippsen visam conscientizar os pais e responsáveis sobre os potenciais impactos do uso excessivo de telas, ajudando-os a identificar sinais de problemas e buscar apoio quando necessário.

Guia para uso consciente

O Governo Federal deu início a uma importante iniciativa visando abordar os crescentes desafios relacionados ao uso excessivo de telas por crianças e adolescentes. Com foco na saúde e no desenvolvimento integral dessa parcela da população, o Ministério da Saúde está liderando a elaboração do "Guia para Uso Consciente de Telas e Dispositivos Digitais por Crianças e Adolescentes".

A iniciativa, que conta com representação de sete ministérios e diversos segmentos da sociedade civil, tem como objetivo fornecer orientações práticas e embasar políticas públicas abrangentes para lidar com os riscos associados ao uso inadequado de telas.

A primeira reunião do Grupo de Trabalho encarregado da elaboração do guia está prevista para ocorrer ainda este mês. Durante esse encontro, serão discutidas estratégias para abordar o tema, incluindo processos de escuta de crianças e adolescentes e o envolvimento de empresas e associações do ramo.

Diante das evidências científicas cada vez mais claras sobre os riscos associados ao uso excessivo de telas, o Governo Federal reafirma seu compromisso em promover um uso consciente e saudável da tecnologia, priorizando o bem-estar e o desenvolvimento das futuras gerações.

"A presença de crianças e adolescentes no mundo digital é uma realidade, mas nem por isso deixa de ser objeto de preocupação. A ideia do guia é que familiares, docentes e responsáveis, além das próprias crianças e adolescentes, tenham mais ferramentas para lidar com os riscos e problemas associados ao uso excessivo ou inadequado de aplicações e produtos digitais, visando a conhecê-los e mitigá-los", explicou João Brant, Secretário de Políticas Digitais da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (SECOM-PR).

O lançamento do Guia para Uso Consciente de Telas por Crianças e Adolescentes está previsto até o final de 2024, representando um marco significativo na proteção e promoção da saúde das nossas crianças e adolescentes na era digital.

“O Ministério da Saúde está engajado nesta iniciativa desde o princípio. A etapa da consulta pública foi importante, muitas contribuições foram recebidas e subsidiarão a elaboração do guia”, afirma a secretária de Informação e Saúde Digital do Ministério da Saúde, Ana Estela Haddad. “A preocupação com o uso excessivo de telas pelas crianças e o impacto na sua saúde, crescimento e desenvolvimento integral nos leva a priorizar a conscientização de pais, professores e da sociedade para o uso racional e supervisionado das telas por crianças e adolescentes estes na era digital”, completou. 


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