Silvio Andrade
21/06/2022 10:30
Saiu a programação oficial do Arraial do Banho de São João de Corumbá! A tradicional manifestação de fé e crenças que remonta ao fim do século 19, considerada a mais relevante festa junina da Região Centro-Oeste, será realizada de 23 a 26 de junho, no Porto Geral da cidade.
Com apoio do governo do Estado, o evento terá praça de alimentação, estandes de artesanato e shows nacionais com Rick & Renner e a banda carioca Forróçacana.
Este será o primeiro arraial após o registro do Banho de São João como Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil. A aprovação ocorreu no dia 19 de maio de 2021, pelo Conselho Consultivo do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
O ritual de levar a imagem do santo para banho ou batismo no Rio Paraguai é único, com influência da cultura portuguesa e incorporação de danças indígenas e africanas.
Os primeiros registros em Corumbá e em Ladário, em jornais da época, já relatavam a forma singular dos festejos juninos nas duas cidades pantaneiras, promovidos pelas classes operárias.
Estudiosos afirmam que a festa junina reúne uma miscelânea de influências de povos, entre eles os árabes e os portugueses, incorporando danças pantaneiras do cururu e do siri. Também marcam os festejos o sincretismo religioso, sobretudo entre o catolicismo e as religiões de matrizes africanas.
A descida dos andores, enfeitados pelos festeiros com adornos coloridos, pela Ladeira Cunha e Cruz, em direção ao rio, para o ritual do banho, sempre com muita fé e animação, ocorre entre a noite do dia 23 e a madrugada do dia 24.
As pessoas passam por baixo do andor, em busca de casamento ou cumprindo promessa por uma graça alcançada. Segundo a crença, nesse dia, as águas do rio estão sagradas e marcam o fim da cheia e o início da vazante.
Durante o cortejo, o canto do hino do santo, entre ladainhas e ritmos que lembram o frevo, tem o acompanhamento de uma bandinha de sopro e percussão, no vai e vem dos andores pela ladeira. Por muitos anos, atribuía-se esse ritual ao sacro e ao profano, interpretação hoje rechaçada pelos festeiros e pelos pesquisadores.