Com poucos voos disponíveis e algumas restrições de biossegurança valendo, praticar turismo no Brasil ainda não está totalmente normal, mas muita gente decidiu arriscar mesmo assim.
O enfermeiro Marcus Vinicius de Souza Dias, 29 anos, é um dos corajosos. Em setembro, ele decidiu embarcar para Campos do Jordão, e no fim de outubro, para Florianópolis. “Eram viagens que já estavam programadas e, como não era alta temporada, a região estava vazia. Nós investigamos antes e decidimos ir”, afirma Marcus, que foi na companhia de amigos para as cidades.
Segundo o enfermeiro, as regras de biossegurança mudaram de uma viagem para a outra. “Em setembro, quando fui para Campos do Jordão, eu viajei de avião e eles estavam respeitando o distanciamento social, com uma fileira sim e uma fileira não de passageiros. Uso obrigatório de máscara no avião e no Aeroporto de Guarulhos, onde o avião pousou e o movimento estava tranquilo, mas nada de controle de temperatura”, explica.
Já na viagem para Florianópolis, durante a escala no Aeroporto de Guarulhos, Marcus sentiu a diferença. “O movimento estava normal. Lotado. A única coisa diferente era o uso da máscara. E dentro do avião era um do lado do outro, não tinha mais diferença de fileira”, ressalta.
Até mesmo no Aeroporto Internacional de Campo Grande as coisas mudaram. “Quando voltei em setembro estavam aferindo a temperatura. Em outubro, já não tinha mais a barreira”, frisa.
A Prefeitura de Campo Grande publicou no dia 3 de novembro o decreto que retirava a barreira de biossegurança do aeroporto da Capital.
Passeios
Marcus também sentiu diferença nos passeios em ambas as viagens. “Em Campos do Jordão, os passeios em locais fechados, como a fábrica de chocolate e de cerveja e o bonde, estavam temporariamente indisponíveis. Até então estava tudo fechado. Os únicos [passeios] disponíveis eram ao ar livre”, ressalta.
Os restaurantes da cidade também estavam respeitando o distanciamento e o uso de máscara. “Já em Florianópolis a gente não pegou a alta temporada. Eu fiquei só na ilha, não estava cheia, estava bem tranquilo para andar”, ressalta Marcus.
Retorno do turismo
De acordo com o presidente da Abav-MS, Ney Gonçalves, o turismo começou a se reerguer mesmo sem o fim da pandemia. “Realmente está tendo bastante procura, porém, é mais para 2021. Agora, nesse primeiro momento, as pessoas estão indo para destinos mais próximos, como ocorreu nos últimos feriados com as viagens para Bonito”, explica Gonçalves.
Segundo o presidente, por enquanto, a maior procura de destinos se concentra na região Nordeste do País, como Natal, Maceió, Porto de Galinhas e Maragogi. “Nas viagens nacionais ficamos muito dependentes das passagens aéreas, de bons voos, porém, os voos estão horríveis, com muitas escalas e operando apenas 60% da malha. Para Campo Grande isso é muito pouco, porque já existia um deficit antes da pandemia”, ressalta.
Gonçalves acredita que as praias do Sul do País devem receber muitos turistas nos próximos meses. “Nesse caso, as pessoas costumam procurar as agências mais para hospedagem, porque costumam viajar de carro para a região. Inclusive, as viagens de carro continuam entre as tendências para o turismo dos próximos meses”, frisa.
Resorts
A nutricionista Karine Lorentz da Silva Souza, 32 anos, viajou com nove integrantes da família para Porto Seguro no mês de outubro e, apesar dos cuidados na hospedagem, precisou lidar com momentos de insegurança no caminho até a cidade. “Eu não me senti segura no avião e nem nos aeroportos porque continuavam lotados e nenhuma precaução estava sendo tomada. Um exemplo é que não aferiram a temperatura das pessoas”, explica.
Na hospedagem a situação já foi diferente. “Ficamos em um resort, por isso nos sentimos muito mais seguros, porque lá todos os cuidados estavam sendo tomados, inclusive fizeram um novo restaurante para se adaptarem à pandemia”, explica.
No local, os hóspedes eram obrigados a usar máscara em ambientes fechados. “Apenas nas áreas abertas poderíamos ficar sem a máscara”, indica.
Grávida de seis meses, Karine explica que ficou com medo de viajar, mas recebeu liberação médica e decidiu arriscar. “No início fiquei bem receosa de ir, mas depois minha médica me liberou e graças a Deus foi supertranquilo. Mas não tirei a máscara em momento algum dentro do avião”, ressalta.