O estilo é retrô. Da cabeça aos pés, Ana Gabriella Floriano inspirou-se nas divas pin-up dos anos 1940 para construir a primeira carreira musical solo, o projeto Ana Gee and The Tom Cats. Até então, a relação com a música era estreita, mas vinculada a grupos musicais, como Beatles Maníacos e a banda de blues Whisky de Segunda. “Sempre quis ter uma carreira solo, mas nunca tive a atitude de ter uma carreira solo. Muito disso era porque eu não tinha decidido direito o meu estilo”, explica Ana.
A decisão acabou surgindo durante a pandemia do novo coronavírus (Covid-19), quando praticamente todos os shows musicais foram cancelados. “O start foi a pandemia. Decidi que iria tirar da cabeça e passar para o papel. Eu queria antes, mas não tinha começado. Com a questão do isolamento, eu fiquei pensando no que iria fazer, porque os trabalhos diminuíram muito, não estou fazendo show até hoje com as outras bandas”, diz Ana. Nesse cenário de incertezas, a cantora decidiu produzir o primeiro videoclipe. “O primeiro material que eu tenho postado nas minhas redes é um videoclipe de um boogie-woogie. Como a gente precisa produzir, eu decidi fazer um videozinho de uma música a quatro vozes que eu já sabia cantar. Gostei da experiência, é legal fazer e é meio desafiador”, pontua.
O estilo vintage acabou conquistando o público. Apesar de não ter tantos seguidores – 3 mil –, Ana ficou feliz em ver uma música ser salva por até 400 pessoas. “Tem um retorno legal, tem vídeo que realmente surpreende a quantidade de pessoas que compartilham”, frisa.
Segundo ela, apesar de não ter tantos seguidores quanto gostaria, ainda assim, é um crescimento interessante para a inédita carreira solo. “É um crescimento que vou tendo aos poucos e que eu tenho trabalhado com dedicação. Muitas pessoas compartilham e salvam. Um dos vídeos 400 pessoas salvaram para assistir depois, é uma surpresa realmente, as pessoas acabam seguindo, por ser um trabalho diferenciado e nostálgico”, afirma.
Apesar de o formato não ser possível reproduzir ao vivo, Ana pretende continuar com os dois públicos quando a pandemia, enfim, terminar. “Não pretendo parar, claro que esse formato é um formato totalmente virtual, porque não consigo reproduzir ao vivo. Mas eu achei interessante e as pessoas gostam. Sempre que eu posto, as pessoas comentam que gostam da música, da proposta e perguntam quando vou postar os próximos. Eu sempre posto a cada 15 dias e eles ficam esperando que eu poste”, conta, orgulhosa.
Doo-wop
Na lista dos vídeos publicados por Ana Gee tem o doo-wop, estilo musical que remete às décadas de 40 e 50 e que bebe nas fontes do blues. “Nesse estilo é bem característico, por exemplo, My Temptations, da música My Girl, que são grupos vocais masculinos e femininos que cantam vozes divididas. Então eu tento pegar essas músicas que já têm as vozes divididas para reproduzir eu mesma todas as vozes”, pontua. Apesar da familiaridade que Ana transparece com todos esses estilos do passado, o caminho ainda é recente.
“Eu gosto de muita coisa, foi um processo longo desenvolver o que eu iria curtir. Logo que eu entrei na Whisky de Segunda, eu comecei a me interessar por estilos musicais mais antigos, já que a banda traz as músicas das décadas de 1930, 1940 e 1950. O nosso vestuário é caracterizado também, para seguir o estilo dessa época. Foi a partir daí que eu comecei a gostar de entrar nesse estilo retrô. Eu gostava das músicas e passei a ouvir mais músicas desse estilo, praticamente virei uma pin-up e decidi que iria seguir minha carreira solo, mais voltada para estilo, bem marcada no feminino e de músicas mais antigas relacionadas com blues, jazz e rockabilly”, conta.
Ana frisa que a transição a surpreendeu. “Nunca imaginei que poderia ser esse o estilo da minha carreira solo. Eu sigo outras linhas também e sempre achei que ficaria mais próxima da minha base, que é o jazz e a bossa-nova, a música brasileira, e não a música estrangeira. Claro que ainda posso mudar, eu não fechei as portas para nenhum estilo”, acredita.
Além do projeto solo, o feminino acabou se estabelecendo em outros caminhos também. “Então, criamos o Bella Donna Trio, que é só de mulheres. É um projeto bem recente, por enquanto, só abrimos o Instagram e fizemos alguns ensaios”, explica.
A proposta do trio é se apresentar em casamentos. “Foi um convite da Renata Sena, a cantora principal. Agora, no momento, não estamos muito focadas em vender show, até pela demanda baixa de eventos por conta da pandemia. Vamos nos estruturar para seguir com o projeto a partir de 2021 e 2022”, acredita.
Esta não é a primeira vez em que Ana se apresentará em casamentos. “Com cinco anos eu tocava piano, quando era adolescente, eu tinha um grupo de câmara. Cantei em muitos corais, fiz casamentos também, sempre cantei em igreja, mas nunca algo que o foco fosse exclusivo em mim”, pontua.
Os vídeos de Ana estão disponíveis no Instagram @anageeoficial e no YouTube.