As duas esculturas em argamassa de piraputangas – espécie de peixe abundante nos rios cristalinos da Serra da Bodoquena – saltitando na Praça da Liberdade, um dos cartões-postais de Bonito, estão sendo revitalizadas pelo seu autor, o artista plástico campo-grandense Cleir Ávila, pintor e escultor de grande relevância em Mato Grosso do Sul.
Cleir desenvolve também um longo trabalho criativo em Arapongas (PR), enquanto atende ao chamamento de Bonito para recuperar uma de suas obras no Estado. A recuperação do monumento, deteriorado pelo tempo, faz parte das ações da prefeitura local para embelezar a cidade, que comemora 73 anos de fundação no dia 2 de outubro.
“A obra de revitalização das piraputangas é de extrema importância, pois é um dos nossos cartões-postais. O cuidado com essa obra mostra o respeito pela cultura do nosso povo e pela nossa cidade”, destacou o prefeito de Bonito, Josmail Rodrigues.
Inaugurado em agosto de 2007, o Monumento das Piraputangas sofreu danos estruturais ao longo dos anos, como rachaduras e perda de suas cores vibrantes. Segundo Cleir, o problema maior está na parte operacional do chafariz, cujas águas dão banho nas esculturas. “Vinha ocorrendo uma espécie de choque térmico associado à presença de água calcária”, explica.
Processo de cores
O artista plástico já orientou o setor de manutenção da praça para corrigir a pequena falha: evitar que as esculturas fiquem totalmente expostas ao sol durante o dia e recebam água dos chafarizes somente à noite, quando ocorre o choque térmico. Outro problema é a questão climática. “Com água permanente, evitamos a deterioração das peças”, acrescenta.
O artista plástico tem prazo até o fim de setembro para concluir seu trabalho. Após a recuperação da estrutura das esculturas, Cleir, apoiado por alguns colaboradores, entre os quais Débora Figueiró, iniciou a fase que requer sua experiência e dom artístico: a pintura. Para ser fiel às cores naturais das piraputangas, ele foi aos banhados observar as espécies.
Nessa fase do trabalho, conforme explica o artista, haverá algumas etapas de pintura que passarão pelas cores vermelho e marrom, utilizadas como base a fim de obter a diversidade de tons necessária para chegar ao resultado final. De beleza extrema, a piraputanga tem a predominância da cor dourada em suas nadadeiras e a vermelha na cauda.
Cidade dos Pássaros
Autor de várias obras de arte (esculturas e painéis) em 11 cidades de Mato Grosso do Sul, Cleir Ávila, 57 anos, está empenhado em criar um projeto de grande relevância artística na cidade paranaense de Arapongas, a Cidade dos Pássaros, onde ele está colocando em prática toda sua criatividade para a construção de esculturas de pássaros e aves.
Seu novo desafio profissional consiste em criar 13 grandes esculturas em argamassa das espécies araponga, arara-vermelha, andorinha, gaturamo, rouxinol, gralha-azul, flamingo e pavão. As esculturas têm seu simbolismo: serão instaladas nas ruas que levam os nomes das espécies. Arapongas será a cidade com o maior acervo do artista em todo o Brasil.
Autodidata, Cleir pinta profissionalmente desde os 18 anos, com temas regionais e ecológicos, principalmente a natureza pantaneira.
Entre seus monumentos mais conhecidos em Campo Grande estão o da Praça das Araras, os tuiuiús do aeroporto, o sobá da Feira Central, a deusa da Justiça no Fórum, as araras-azuis na Avenida Gury Marques e pinturas em prédios da Capital.
Últimas notícias
Três destinos turísticos de MS implantam o voucher digital
Bonito, Jardim e Bodoquena, destinos turísticos da Serra da Bodoquena, estão eliminando o uso de papel e melhorando o atendimento aos turistas com a implantação de voucher digital.
Referência nesse sistema único de reserva, Bonito saiu na frente com a nova versão adaptada para celulares, que está operando desde agosto inicialmente em apenas dois passeios: a Gruta do Lago Azul e o Balneário Municipal, administrados pela prefeitura.
Bodoquena já criou o sistema de emissão, por meio de decreto, e o aplicativo será lançado oficialmente em 1º de outubro, aberto aos operadores locais e de outras regiões – ao contrário de Bonito, que restringe o credenciamento às agências da cidade.
O modelo de Jardim está em fase de homologação e aprovação do trade turístico. Os dois municípios alegam que o voucher vai controlar não apenas o acesso aos passeios, mas eliminar a evasão de impostos.
“Muitos turistas que vão a Bonito compram diretamente na cidade os passeios para Jardim, que são confundidos como sendo de Bonito pela proximidade”, afirma a prefeita de Jardim, Clediane Areco Matzenbacher.
A mesma situação se repete em Bodoquena (distante 60 km de Bonito), segundo o prefeito Kaju Horii. “Com o voucher, o desconto do ISS [Imposto Sobre Serviços] é automático para o município emissor, vamos melhorar a arrecadação”, diz Horii.
Inovação
Além da distribuição justa dos impostos, a comercialização dos passeios dos três destinos turísticos por meio do sistema único de reservas tem um apelo ambiental fundamental para o modelo de sustentabilidade local na exploração dos recursos naturais da Serra da Bodoquena.
“A eliminação do voucher impresso significa menos papel e mais comodidade aos visitantes”, realça Hélio Ferreira, secretário de Turismo de Bodoquena.
“Acreditamos que para um destino reconhecido como o nosso a sustentabilidade, que é um dos eixos do nosso Plano Estratégico de Gestão e Marketing, deve estar em pauta em diversas ações, por isso o nosso comprometimento em trabalhar neste sentido”, destaca Juliane Salvadori, secretária de Turismo, Indústria e Comércio de Bonito.