Depois de alguns anos “desaparecido” da noite campo-grandense, o forró resolveu retomar o seu espaço nos bares da cidade. Das canções tradicionais de Luiz Gonzaga até releituras de jazz na versão forró, diversos grupos musicais surgiram nos últimos meses na cidade e mostraram que o gênero é capaz de empolgar além dos meses de junho e julho, durante as típicas festas juninas.
O vocalista da banda Zabumba Morena, Maicon Oliveiras, 34 anos, apresenta o forró na cidade desde 2017, quando integrava outra banda famosa, a Forró Zen. “O forró foi bem forte na cidade naquela época. Depois, diminuiu um pouco o número de shows, voltando com o pico agora em 2019”, reflete.
Depois da Forró Zen, Maicon integrou a Zambumba Morena, banda que permanece na ativa, mas sofreu algumas modificações na formação. Para o vocalista, o forró tem conquistado espaço até no interior. “Acabamos de voltar de um show em Rio Brilhante, era uma confraternização nordestina na cidade. O que contribui para essa difusão são as novas bandas de forró, antigamente era praticamente uma ou duas bandas, e agora tem bem mais”, explica.
Maicon é nordestino nato, nasceu na Bahia e escolheu Campo Grande para viver desde 2014. “Agora, há um movimento na cidade, todas as bandas estão se ajudando, então acredito que isso tenha fortalecido a cena”, explica.
A banda se apresenta há mais de um ano, todas as quintas-feiras, no Jack Music Hall. “E o público está crescendo”, ressalta.
MOVIMENTO
O forró, na verdade, é uma festa nordestina comum no mês de junho, mas que ao longo do tempo se tornou sinônimo para nomear diversos gêneros musicais da Região Nordeste, como o xote, baião, arrasta-pé e o xaxado.
Segundo o músico Lucas Rosa, da banda de forró Flor de Pequi, o movimento de popularização do forró na cidade cresceu com o surgimento de outra banda, a Forró PVC. “Teve um aumento significativo em 2019, com mais oportunidades de shows e também a criação de novas bandas. Acredito que hoje tenha mais de cinco grupos de forró que tocam com frequência na cidade”, explica Lucas.
O Flor de Pequi surgiu há seis meses e mistura músicas tradicionais com releituras de cançõesde jazz e pop. “A Forró PVC acabou no ano passado e dela surgiram a Flor de Pequi e a Forró Fiô”, explica.
Lucas garante que a amizade entre os ex-companheiros de banda continuou e que a cena se fortaleceu com as modificações. “Os grupos de dança e as pessoas que fazem aulas de dança de salão também ajudam nesse processo, porque eles vão até as apresentações. Tem pessoas que vão em todos os nossos shows e também nos das outras bandas”, indica.
SARAU
Além dos bares, outros grupos decidiram criar espaços gratuitos para treinar os passos de dança. O Sarau Pôr do Sol acontece todo último sábado do mês e está na oitava edição. “Eu e mais três amigos percebemos que não havia um espaço para dançar forró que fosse gratuito. Então, decidimos criar o sarau na Praça Cuiabá, que é um local lindo e não tinha uma iniciativa assim”, explica Rubens Cordeiro, 42 anos, um apaixonado pelo forró.
O movimento deu certo e cerca de 80 pessoas costumam participar do evento, que tem uma oficina para aprender forró logo no início de cada edição. “Quando a agenda dos músicos está disponível, eles se apresentam aqui, mas, quando não dá, nós ligamos a música nas caixas de som. Não tem tempo ruim”, brinca Rubens.
Para ajudar quem procura um espaço para curtir o ritmo, a organização do sarau também publica uma agenda semanal com os lugares que terão a apresentação de bandas ligadas ao gênero. “A Talita Canudos e a Letícia Anacleto que ajudam nessa divulgação. Fora as duas, eu também tenho a ajuda do Marcos Natanael e do Ruan, que é músico da Forró Fiô”, indica. Informações sobre o sarau e a agenda de apresentações das bandas podem ser obtidas no perfil do grupo no Instagram: @sarauforropordosol.