Refeições em família ou com amigos e colegas de trabalho ensejam contatos, trocas e experiências. Mais do que nutrir o corpo físico, as emoções são alimentadas com o diálogo, o olho no olho, o partilhar de ideias. Inúmeros são os estudos que demonstram os benefícios desse hábito ancestral.
Um deles, feito nos Estados Unidos com quase cinco mil adolescentes de 11 a 18 anos, apontou que aqueles que almoçavam com a família com mais frequência tinham menor propensão a fumar, a beber e a usar drogas, menor incidência de pensamentos suicidas e melhores notas na escola.
Mas a vida na cidade grande ou mesmo nos centros urbanos de menor porte, onde o trânsito nem sempre permite o retorno para casa no horário do almoço, tem tirado esse hábito de muitas famílias. Pelo menos um a cada três brasileiros já não fazem essa refeição em casa durante a semana, indica o Mapa da Alimentação Brasileira, realizado pela Globo em sua mais recente atualização (2023).
Professora de panificação e colaboradora de uma indústria de laticínios, a cozinheira Lidiane Leite diz que nutre “um amor” pela gastronomia desde os 8 anos. E revela que a escolha da profissão esteve muito relacionada com as memórias vividas em família, na cozinha e em torno da mesa, que coleciona desde a infância.
“Na minha família, meu pai sempre nos ensinou a importância de se reunir na hora da comida. A partir desses momentos foi que eu entendi que lugar de cura é à mesa”, relembra Lidiane.
A cozinheira acrescenta que, além da importância da reunião em torno da mesa, o preparo dos alimentos também é muito importante.
“Qualquer alimento feito com muito amor consegue comunicar à pessoa que vai se alimentar que aquilo foi feito com dedicação a ela. Mesmo que seja uma simples salada de frutas, a atenção e o carinho no preparo fazem toda a diferença”, afirma a profissional especializada no chamado bem comer.
A psicóloga Adriane Garcia reforça que a gastronomia pode ser uma grande aliada para a manutenção da saúde mental, ainda mais se o grupo social – família ou amigos – se une não somente para comer, mas também para o preparo dos alimentos.
“Cozinhar junto é maravilhoso. Cada um trabalha em uma função naquele momento para que todos possam se alimentar juntos. E em um contexto social, isso cria laços afetivos muito fortes que podem fazer a diferença em uma ocasião de suporte emocional”, comenta Adriane.
Para a psicóloga, esse pode ser um ótimo hobby para alguém que busca uma fuga da freneticidade do cotidiano, já que um ritmo de vida mais acelerado pode atuar como processo depressor: “A gastronomia pode ser um hobby interessante, ainda mais para a pessoa que terá essa sensação de experimentar algo novo ao cuidar da própria alimentação. Tudo isso ativa regiões do cérebro que ajudam a gente a ter essa sensação de conforto e bem-estar que estão totalmente ligadas à qualidade da saúde mental”, explica a especialista em comportamento humano.
LASANHA FELIZ
Haverá um prato mais família que a lasanha? Muita gente poderá responder que não, dada a grande popularidade do prato, inclusive no Brasil. Independentemente do sabor, das tradicionais às mais criativas, a verdade é que a lasanha é sempre uma boa opção para as refeições. Porém, ao contrário do que muitos imaginam, sua origem pode não ser da Itália. Segundo uma divergência histórica, há outro país que reivindica a suculenta criação: a Inglaterra. Acompanhe as versões.
Conta-se que a lasanha surgiu na Idade Média, na região de Nápoles, mas em um formato diferente do qual conhecemos hoje. Na época, as finas tiras de massa eram preparadas na água al dente e continham recheio de queijo e legumes. O formato feito no forno (lasagna al forno), como preparamos atualmente, teria surgido depois disso, na região da Emília-Romagna.
No entanto, ainda que tenha essa forte ligação com a Itália, muitos anos depois, no século 21, os ingleses passaram a reivindicar a criação da iguaria. O fato exposto pelos britânicos é que já existia no país um prato chamado loseyns, que inclusive constaria no livro de receitas (datado de 1390) usado pelos cozinheiros do Rei Ricardo II, algumas décadas antes dos italianos.
No entanto, segundo pesquisadores, o loseyns não continha vários dos ingredientes que, de fato, vão no preparo de uma lasanha, a exemplo de molho de tomate, queijo, carne e massa fresca. O prato era montado em camadas, porém, com um cereal também não identificado. Isso faz com que a lasanha, como se conhece hoje, seja oficialmente um prato italianíssimo – embora a inspiração para produzi-la tenha chance de ser muito mais antiga.
O bolo grego, conhecido como laganon, que existiria na Antiguidade, apresenta uma receita bastante semelhante à da lasanha. Em Roma, essa especialidade ficou conhecida como lagamum ou lagana, no plural. E mais: historiadores contam que Marco Polo (1254-1324) chamou de lasagne um prato chinês também montado em camadas de massa e produzido com base de farinha de fruta-do-conde. O fato de o explorador ter colocado esse nome pode ser um indicativo de que ele estava acostumado com esse tipo de conceito de comida.
Para o Brasil, quem trouxe a lasanha foram os italianos durante a forte imigração no século 19. Assim como a lasanha sofreu várias modificações em sua receita na Itália, aqui não poderia ser diferente e, aos poucos, os brasileiros foram incorporando suas ideias ao prato e criando novas receitas.
LASANHA À BOLONHESA
Ingredientes
- 500 g de massa de lasanha;
- 2 caixas de creme de leite;
- 3 colheres de farinha de trigo;
- 500 g de muçarela;
- 3 copos de leite;
- 3 colheres de óleo;
- 3 dentes de alho amassados;
- 500 g de carne moída;
- 3 colheres de manteiga;
- 500 g de presunto;
- Sal a gosto;
- 1 cebola ralada;
- 1 caixa de molho de tomate;
- 1 pacote de queijo ralado.
Modo de Preparo
Para a massa: cozinhe a massa da lasanha segundo as orientações do fabricante, reserve em um refratário com água gelada para não grudar e reserve.
Para o molho à bolonhesa: refogue o alho, a cebola, a carne moída e o tomate. Deixe cozinhar e reserve
Para o molho branco: derreta a manteiga, coloque as 3 colheres de farinha de trigo e mexa. Depois, despeje o leite aos poucos e continue mexendo. Por último, coloque o creme de leite, mexa por 1 minuto e desligue o fogo.
Para a montagem: despeje uma parte do molho à bolonhesa em um refratário, a metade da massa, do presunto e da mussarela, todo o molho branco e o restante da massa. Depois, repita as camadas até a borda do recipiente.
Finalize com queijo ralado e leve ao forno alto preaquecido (220°C) por aproximadamente 20 minutos.