Jurado no Masterchef, músico, empresário, pai, o chef tem história de vida inspiradora. "A equipe do Masterchef é como uma família pra mim, a relação que construímos torna o trabalho mais leve e divertido".
Nascido em Piracicaba, o chef, empresário e músico Henrique Fogaça se interessou pela gastronomia quando foi morar em São Paulo com a irmã, aos 22 anos. Na época, ele precisava fazer a própria comida e para se aprimorar, pedia receitas para a mãe e a avó.
No começo da carreira, Henrique ia de madrugada ao Ceasa comprar novos ingredientes e passava a noite toda misturando, experimentando e testando suas descobertas.
Fogaça estudava arquitetura, mas trancou o curso ao saber sobre os cursos de gastronomia que surgiam em São Paulo e decidiu se matricular no curso de chef executivo em 2001.
Durante os estudos, não perdeu a chance de realizar estágios em renomados restaurantes de São Paulo e com uma personalidade criativa e potente, sem medo de errar, já começava a se destacar no universo gastronômico.
Tanta criatividade e ousadia fez Henrique partir para o empreendedorismo e, em 2005, inaugurar seu próprio restaurante, o Sal Gastronomia, na época, um pequeno café na Galeria Vermelho que acomodava cerca de 16 pessoas, e hoje já somam duas unidades e é considerado um dos melhores e mais procurados restaurantes da cidade.
''Mais do que comida boa, aqui no SAL você viverá uma experiência gastronômica, em um ambiente aconchegante, com uma equipe da qual me orgulho muito'', revela Henrique.
Focado e com uma mente realizadora, buscando sempre inovar nas suas criações, em 2012, criou a Feira Gastronômica de comida de rua em São Paulo. No ano seguinte, 2013, inaugurou o Cão Véio, Gastropub voltado para lanches e, em 2014, abriu o Admiral's Place Whisky Bar na parte superior do Sal Gastronomia. Fogaça ainda é um dos sócios do restaurante Jamile.
O chef acredita que "Comida não pode ser um artigo de luxo", por isso, seus pratos são uma fusão da alta gastronomia com a culinária brasileira contemporânea.
Fogaça costuma utilizar ingredientes que para alguns seriam comuns e os transforma em pratos impecáveis, repletos de sabor e apresentação impecável.
Comunicador e com estilo marcante, em 2014, Fogaça estreou na TV, na BAND, como jurado do “Masterchef Brasil”, onde atua até hoje e ganhou notoriedade, além de vários fãs no Brasil, Angola e Portugal.
O Chef Henrique Fogaça - Foto: DivulgaçãoMultifacetado, Fogaça ainda tem outros talentos, é vocalista e fundador da banda de hardcore “Oitão”. Em 2017, lançou seu primeiro livro "Um Chef Hardcore", um relato autobiográfico que mistura momentos de sua vida e 30 receitas assinadas por ele.
“Eu nunca fui acomodado, talvez seja por isso que a vida me permita viver todos os dias novos desafios. Sempre questionei, nunca me limitei, nem tão pouco concordei que eu não poderia fazer algo diferente e melhor a cada dia que nascia. Eu sempre acreditei que eu poderia receber ao menos um sim que pudesse fazer a diferença”, conta Fogaça.
Sua personalidade é forte e as mais de 100 tatuagens que tem pelo corpo evidenciam as características do chef, que é motociclista, estiloso, gosta de rock e andar de skate.
“A caveira representa o que ele leva como lema em sua vida, por baixo dessa pele, independentemente da cor, credo ou classe social, somos todos iguais. O que importa é a nossa luta diária de querer fazer o melhor para o próximo e a si mesmo. Fazer o bem é algo que não é glória para ninguém, é a paz que toda alma deveria buscar ”, explica Henrique.
Fogaça é pai de Olivia, João e Maria Leticia. Olivia nasceu com uma síndrome rara e desconhecida e, desde então, Fogaça busca informações sobre tratamentos alternativos com o uso da cannabis e tem sido um grande aliado na causa.
Tanto que está desenvolvendo um instituto que leva o nome da filha para poder proporcionar a outras famílias um tratamento mais adequado e eficaz para crianças que sofrem com a síndrome possam ter uma vida melhor e com mais autonomia. O chef também participa de outros projetos sociais, como o “Chefs Especiais”, idealizado por Márcio Berti, o espaço promove aulas de culinária para pessoas com síndrome de Down.
Depois da pandemia, desenvolveu outro projeto social juntamente com seus dois sócios do Restaurante Jamile, chamado “Marmita do Bem”, em que eles distribuíram marmitas para moradores de rua.
“Quando a minha filha Olivia nasceu a vida me deu uma nova oportunidade de ser melhor, dessa vez eu tinha mais um motivo para não ligar para os nãos da vida, eu já havia recebido um sim acompanhado de um sorriso leve e que me transforma todos os dias. Mas digo com propriedade que o que era um problema de saúde da minha pequena, me transformou em um homem melhor com ainda mais garra e força de vontade”, revela Fogaça.
O Chef lançou em 2021 o livro 'O Mundo do Sal' pela Essential Idea Editora. Escrita por Henrique Fogaça e o jornalista Rogerio Ruschel.
Durante os meses de pausa do Masterchef, Fogaça lançou uma linha exclusiva de óculos, em parceria com a famosa marca Evoke, passou tempo com sua família, correu no rally Mitsubishi Cup, criou um menu vegano para o seu restaurante, Sal Gastronomia, sendo incluído no Guia Garfinho de Ouro pela iniciativa, um símbolo importante de compromisso com a inclusão e a acessibilidade.
O Cão Véio ganhou novas unidades pelo Brasil, expandindo sua culinária e estilo descolado. O chef retornou como jurado do Masterchef em setembro.
No mês de novembro, o chef recebeu duas honrarias pelo seu trabalho com a sociedade e pelo seu talento gastronômico. Sendo da ICDAM (Instituto Internacional de Comunicação Ações Humanitárias da Amazônia), que ao lado do seu amigo, Markone, foi reconhecido pelas práticas de cuidado pensando na Amazônia. Além disso, ele foi homenageado pela segunda vez com a honraria da Cruz do Mérito da Gastronomia.
Fogaça é Capa exclusiva do Correio desta semana, e também da gastronomia do Caderno com depoimentos sobre trabalho, vida pessoal e receita para você reproduzir na sua casa.
O Chef Henrique Fogaça é Capa do Correio B+ desta semana - Foto: Henrique Tarricone - Diagramação Denis Felipe e Denise NevesCE - Fogaça você sempre foi uma pessoa inquieta e realizadora?
Porque você está sempre à frente de muitas funções.
HF - Eu sou uma pessoa que gosta de viver novas experiências, de estar em movimento. E se você se organizar dá para atuar em mais de uma área, vai depender mesmo do desejo de cada um, eu gosto desse movimento, de me desafiar, me traz até mais criatividade para a gastronomia, música e afins.
É bem corrido, mas estou acostumado, faz muito tempo que concilio várias ocupações ao mesmo tempo. Claro, tenho um time que me ajuda em tudo, mas eu gosto desse ritmo. Sou uma pessoa muito agitada, então acredito que me manter ocupado me ajuda a me centrar.
CE - Qual a sua história com a gastronomia, você sempre gostou, pensou nisso?
HF - O interesse pela gastronomia surgiu quando cursava o curso de Administração com ênfase em Comércio Exterior em São Paulo. Na época saí de Ribeirão Preto para morar na capital e estava cansado de comer comida congelada, e foi na necessidade de cozinhar, pegando receita da minha avó e experimentando tudo na cozinha que me entreguei à gastronomia e não parei mais.
Já fui bancário, office boy, trabalhei em locadora de vídeo, em imobiliária, em supermercado, em feira de roupas, como segurança e fiz panfletagem de shows de hardcore, mas decidi largar tudo para começar na gastronomia, que se tornou a minha paixão.
CE - Como nasceu o Sal Gastronomia, como ele está hoje e qual o conceito?
HF - O Sal nasceu em 2005 em Higienópolis, São Paulo. Foi onde tudo começou, era um espaço pequeno, com um fogão usado e uma mesa comunitária. Lá, eu evoluí e cresci bastante como cozinheiro e chef de cozinha. Costuma levar meu filho João na cozinha, a gente sempre estava por lá, com meus irmãos e meus pais também.
Agora, depois de 18 anos da inauguração, ele vai mudar para uma nova sede na zona oeste da cidade, na região dos Jardins. Os clientes podem esperar um restaurante repaginado, moderno, acolhedor e bonito. Vamos manter os pratos clássicos, mas terão novidades no menu, surpresas dessa nova unidade. E nós ainda temos outra unidade no Shopping Cidade Jardim, que continuará funcionando normalmente.
Henrique Fogaça - Foto: DivulgaçãoCE - Você é um empreendedor, após o Sal ser criando, conta pra gente um pouco sobre esse caminho…
HF - Comecei pequeno, vendendo hambúrguer na rua, então sempre me envolvi com tudo. Algo que levei quando abri o Sal, meu primeiro restaurante. Hoje também tenho o gastropub Cão Véio, sou sócio do restaurante Jamile.
O segredo é saber de tudo! Cuido das compras, da qualidade dos ingredientes, que pra mim é fundamental, estou na criação dos cardápios, no dia a dia da cozinha. Além disso, é essencial servir comida boa, ter um ambiente bacana e excelência no atendimento.
CE - Fogaça sobre ingredientes usados em seus pratos, nos conte o seu diferencial, ou melhor: “Comida não pode ser artigo de luxo”...
HF - Acredito que meu diferencial é o amor pelo trabalho, gostar de cozinhar, do ambiente da cozinha, de poder servir, receber as pessoas. O restaurante é um local onde as pessoas vão para comemorar alguma coisa e o ato de comer já é uma celebração.
CE - A experiência como apresentador começou em 2014 com o Masterchef?
HF - Recebi o convite para participar do Masterchef em 2014 e confesso que entrei nessa experiência com curiosidade, era um formato ainda inédito no Brasil. Ao longo desses nove anos, a audiência do programa fortaleceu meu trabalho em diversos aspectos, com ela consegui levar diferentes experiências culinárias para as pessoas, e isso é incrível.
A visibilidade do Masterchef me proporcionou investir nos projetos que eu acredito, então só tenho coisas positivas em relação ao programa. Me sinto muito grato pelo carinho dos fãs, eles estão sempre na torcida por mim, e valorizo muito isso!
Com a sua turma do Masterchef Brasil - Foto: DivulgaçãoCE - Ainda se lembra da sua estreia? Como foi?
HF - Eu sempre apostei muito nesse formato de reality, onde os competidores nos trazem tantas surpresas e emoções. Lá em 2014, quando o programa estreou, lembro de estar nervoso, mas sempre confiando no trabalho da equipe e da BAND.
CE - Porque você saiu do programa por um período? Sentiu falta?
HF - É sempre difícil pausar um projeto, ainda mais o Masterchef que se tornou uma família pra mim, mas foi uma pausa necessária e muito bem alinhada com a emissora e a direção, e sou grato por isso. Tinha outros projetos que queria retomar, precisava ficar mais tempo com a minha família, meus filhos, e foi um tempo muito precioso.
CE - Como foi o retorno à família do Masterchef?
HF - Foi uma pausa curta, mas que me deu muita energia e empolgação para voltar! Gosto muito da dinâmica do programa, é muito gratificante conhecer as histórias dos participantes e perceber que, através da gastronomia, nós fazemos a diferença na vida deles! Aprendo muito.
CE - Como é a relação de vocês?
HF - A equipe do Masterchef é como uma família pra mim, a relação que construímos torna o trabalho mais leve e divertido.
Foto: DivulgaçãoCE - Fale um pouco sobre seus livros lançados Fogaça?
HF - Em 2017, lancei meu primeiro livro, “Um Chef Hardcore”, um relato autobiográfico, misturando momentos importantes e 30 receitas assinadas por mim. Em 2022, lancei o livro “O Mundo do Sal”, pela Essential Idea Editora e escrito por mim e pelo jornalista Rogério Ruschel. O livro apresenta a contribuição do sal para com a humanidade nos últimos 5.000 anos, sua influência na política, na economia, na cultura e na sociedade, além de algumas receitas especiais.
Sempre gostei de me expressar, seja através da música ou da gastronomia, e a escrita foi outra maneira que encontrei de expressar o que eu acredito e a minha maneira de ver o mundo.
CE - Nos conte suas milhares de tatuagens pelo corpo…
HF - Sim, são muitas! Eu fiz a primeira tatuagem com 15 anos e perdi as contas já, porque foi juntando um desenho no outro. Elas contam histórias de vida ligadas ao rock, cozinha, família, marcadas no corpo.
Henrique Fogaça no Masterchef - Foto: DivulgaçãoCE - A relação com a sua filha é bastante emocionante, e você cravou uma luta usando tratamentos alternativos com o uso da cannabis, como está todo esse processo e evolução?
HF - A condição da minha filha Olívia é rara, os médicos não chegaram a um diagnóstico conclusivo sobre a síndrome que ela tem, mas pra mim se tornou uma inspiração. Cheguei a ouvir de alguns médicos que minha filha não iria sobreviver. Foi devastador para mim. No entanto, eu tinha convicção que iríamos lutar e vencer juntos. Assim que eu conheci o tratamento com o Canabidiol.
Desde então, a Olivia tem outra qualidade de vida, a evolução foi incrível! Ela vivia deitada e não tinha expressão facial. A curvatura da coluna dela guiava o olhar para baixo e tinha muitas convulsões. Três, quatro, cinco, seis por dia! Meu coração apertava quando o corpo da Olivia tremia e os olhos viravam. Mas, com o CBD tudo isso mudou. Hoje quando saímos juntos, ela olha pra tudo e fica até brava em lugares muito cheios. Ela está mais feliz, reage mais rápido. Quando falo com ela, dá um sorriso. Isso não acontecia antes.
CE - Você está desenvolvendo um instituto com o nome da sua filha e também ajuda outros projetos sociais. Qual é o seu sentimento estando dentro do 3 setor dessa maneira?
HF - Muitas pessoas me procuram para entender sobre o assunto, porque o uso medicinal do Canabidiol ainda é um tabu no Brasil. Já nos Estados Unidos e na Europa o tema é mais abordado. Tenho como principal objetivo ajudar outras famílias com o acesso ao tratamento à base de canabidiol e desmistificar o uso medicinal da planta.
Criar um instituto envolve um processo burocrático, principalmente quando se trata de ter o objetivo de democratizar o acesso ao uso medicinal do canabidiol, então ainda estamos nesse processo.
Estar envolvido em ações sociais me motiva enquanto pai, cidadão, pessoa e profissional, então sempre busco poder ajudar como posso, seja com o projeto chefs especiais, marmita do bem ou qualquer outra ação que possa contribuir para uma sociedade mais justa, acessível e humanitária.
CE - Como você concilia tantas atividades com a sua vida pessoal?
HF - Eu tenho pessoas que trabalham comigo, vários braços direitos na cozinha, na parte de administração, assessoria de imprensa, pessoal do marketing, tem toda uma estrutura por trás. Isso ajuda muito na organização da minha rotina.
Apesar de ter uma vida extremamente corrida e estar cada hora em um lugar, sempre me esforço para estar o máximo possível com os meus filhos, a Olívia, o João e a Maria que são meus grandes amores.
Com a filha Olívia - Foto: DivulgaçãoCE - E a música, qual a sua relação com ela?
HF - Me considero um rockeiro desde os 10 anos de idade. A música foi talvez a minha primeira paixão, e o rock pesado definiu todo o meu estilo de vida.
Comecei ouvindo bandas bem clássicas, como AC/DC e Iron Maiden, e logo descobri as bandas nacionais, que foram as que eu mais me identifiquei, como Cólera e Ratos de Porão. Com o Oitão, banda que sou vocalista, pude realizar um dos meus sonhos mais antigos, e também é uma válvula de escape para a minha criatividade.
Acabamos de lançar o single “Borderless” com um videoclipe gravado na aldeia Tekoá Itakupé, uma comunidade indígena guarani no Pico do Jaraguá, em São Paulo. Também queremos lançar um vinil de sete polegadas com duas músicas. E já estamos compondo faixas para outro projeto, cujo título é “Indigesto” com letras mais ríspidas e fortes.
CE - Prato preferido do Fogaça?
HF - Amo fazer comida caseira para a família, me traz lembranças boas. Os pratos vêm da época dos meus pais, uma comida gostosa, simples, farta em um lugar aconchegante que consegue servir bem toda a família. Por isso, meu prato favorito é arroz, feijão, farofa, um bife acebolado e um ovo frito com gema mole.
CE - Expectativas para 2024…
HF - Continuar meus projetos profissionais, cuidar da minha saúde e estar perto dos meus filhos. Tem mais Masterchef pra gravar em 2024! Estou com um projeto de retomar meu canal no Youtube, trabalhar em vários segmentos, além da gastronomia. Muitas coisas boas vem por aí…
Moto, música e tatuagens também são paixões do empresário e Chef Fogaça - Foto: Divulgação