Um menino forasteiro que encontra dificuldades em se encaixar na nova terra. O livro infantil “O Pequeno Macedônio” tem um enredo que faz eco em muitas situações vividas ao longo da história humana e que continuam em alta durante o século 21, como as recentes migrações. Escrito por Henrique Komatsu, finalista do Prêmio Jabuti no ano passado, e ilustrado pelo artista visual Fábio Quill, indicado ao prêmio HQMIX em 2020, o livro recebeu investimentos do Edital Morena Cultura e Cidadania, com recursos da Lei Aldir Blanc e apoio da Prefeitura Municipal de Campo Grande, e está disponível gratuitamente no formato e-book.
De forma mais específica, a trama aborda Sasko, um menino que veio da Macedônia e encontra dificuldades em se encaixar em sua nova terra, sobretudo com as outras crianças. No decorrer da história, um misto de emoções traz a expectativa da amizade, a necessidade do afeto e as razões que movem as pessoas no mundo.
O livro, o terceiro infantil de Komatsu, segue novamente o caminho da filosofia, uma das formações do escritor, que também se formou em Direito. “Essa coisa de querer escrever filosofia para criança é uma questão que surgiu desde a época que eu acabei a faculdade. Tinha uma discussão na faculdade que era: é possível escrever filosofia para crianças? Eu não acompanho mais essas discussões, mas na época a conclusão a que se chegou foi: não. Não é possível, porque o pensamento filosófico pressupõe algumas coisas. Ele pressupõe uma experiência reflexiva, que a criança refletiu sobre aquilo, que ela vivenciou. Essa reflexão e abstração que vão ser o material da filosofia, e enquanto a criança não tiver isso não é possível fazer filosofia”, conta Henrique.
Apesar das conclusões acadêmicas, o escritor acredita que é possível abordar as experiências reflexivas em livros infantis. “A partir daí eu comecei a escrever alguns livros infantis, e ‘O Pequeno Macedônio’ é o terceiro deles que tem essa temática, ‘o que é estar no lugar do outro?’, ‘será que a criança consegue pensar desta forma?’. Em cima disso, eu escrevi o livro”, explica.
Henrique se inspirou em épicos como “Odisseia” e “Ilíada”, de Homero, e também em personagens da mitologia grega. “Acredito que ‘O Pequeno Macedônio’ traga também vários debates e temas que podem ser trabalhados, como o bullying, por exemplo. O fato de Sasko se sentir deslocado e a maneira como é recebido por seus colegas pode servir para debater as motivações com as crianças”, sugere.
Além das inspirações literárias, um pouco de sua trajetória pessoal está presente no livro. “Quando eu trabalhei em um navio, conheci um cara da Macedônia e tinha dificuldade de entender o que ele pensava. Por isso eu puxei o ‘Pequeno Macedônio’”, explica o autor.
Ilustração
Feitas em tinta acrílica, as ilustrações de Fábio Quill dão vida às palavras do escritor. “Esse é o primeiro trabalho que desenvolvo em parceria, geralmente eu escrevo o texto e desenvolvo a arte. Trabalhar o texto dos outros foi uma experiência interessante. A primeira coisa que eu fiz foi sublinhar na leitura alguns pontos que eu achava interessantes e que poderiam remeter a alguma forma mais lúdica e mais simbólica do desenho, e a partir daí fui esboçando algumas ideias a lápis. Posteriormente eu usei tinta acrílica, que é o material que eu costumo usar”, explica o ilustrador sobre o processo criativo.
Foi Fábio quem sugeriu participar dos editais da Lei Aldir Blanc. “Quando abriram os editais da Lei Aldir Blanc, do município, eu informei algumas pessoas, entre elas o Henrique, e ele me apresentou o projeto do livro. Eu achei bem interessante e já tinha conhecimento de alguns trabalhos dele, a gente se conheceu por meio do grupo de leitura Vórtice e encaramos fazer esse trabalho juntos”, pontua.
Serviço - o livro “O Pequeno Macedônio” esta disponível pelo site: http://bit.ly/opequenomacedonio. É possível fazer o download gratuito do e-book em diversos formatos. Além disso, a história ganhará também uma versão animada, no formato de videobook, que poderá ser conferida no YouTube pelo mesmo link. A narração fica por conta dos contadores de história Elaine Guarani e Augusto Figliaggi. O livro é indicado para crianças de sete a 10 anos.