Nasce uma mãe, nasce um blog. Não é uma lei, mas é quase. Quando a maternidade chega, muitas mães usam as redes sociais como um diário de bordo, com relatos sobre as experiências do cotidiano, os melhores produtos para os bebês e até os momentos difíceis do puerpério (os primeiros 45 dias após o nascimento da criança).
O que no início é apenas um bate-papo com amigos e familiares, pode ganhar uma nova proporção, com a capacidade que as redes sociais têm de encontrar pares.
É o caso da empreendedora Giovanna Coelho, do perfil @depoisquepari2. Após o nascimento do segundo filho, Martin, de dois anos, ela sentiu a necessidade de falar sobre os diferentes tipos de parto.
“Meu primeiro parto foi uma cesariana e admito que tive pouca informação. Achava que era só ir para o hospital e parir, mas descobri que é de acordo com a agenda do médico. Quando engravidei novamente, fiz questão de me aprofundar para parir de forma natural e vi que era possível ter um PNAC [parto normal após cesárea]”, explica Giovanna, que também é mãe de Maju, de quatro anos.
Além de falar sobre o assunto parto, Giovanna, que é formada em Letras, concilia a maternidade com a especialização em Psicologia e Desenvolvimento Infantil, e tira do estudo a programação dos conteúdos que publica em seu perfil do Instagram, que atualmente tem 2.928 seguidores.
“Fui buscando me encaixar em conteúdos que correspondessem à minha realidade, como mulher, mãe, negra e feminista, tudo de forma natural e sem romantizar uma maternidade de revista. Eu trago reflexões do meu dia a dia com duas crianças com um pouco de embasamento teórico”, diz a blogueira.
Rede de apoio virtual
Quando dividida, a maternidade fica mais leve. A internet possibilita que as mães contemporâneas tenham uma rede de apoio virtual, com informações e livre de julgamentos ou sinônimos de perfeição.
“Quando posto que a janta foi pipoca, que a cria dormiu sem banho, que está tudo bem deixar um pouco na TV para conseguir respirar, muitas amigas mães se identificam e carregam menos culpa por não serem mães perfeitas”, acredita Giovanna.
Mãe Solo e Natureza
A publicitária Jescika Lemes, 31 anos, mantinha um perfil no Instagram voltado totalmente para o turismo. Morando em Bonito, a 298 km de Campo Grande, ela publicava com frequência as belezas naturais da cidade.
Mas, após o nascimento do filho Ravi, hoje com um ano e oito meses, a transição acabou sendo natural. “Meu público mudou: antes falava sobre os passeios ecológicos, atualmente falo sobre fralda ecológica”, brinca.
Com mais de 80 mil seguidores, Jescika afirma que a mudança do público não alterou suas perspectivas de ser influencer digital.
“Foi uma mudança natural, o que era de se esperar, porque agora a minha realidade mudou. Antes, o público [era] de viajantes, mochileiros, [e agora] passou a ser de mães e famílias buscando dicas de destino”, diz a blogueira, que sempre fala sobre dicas de natureza com crianças em sua rede social.
Há pouco mais de um ano, Jescika se tornou mãe solo e, automaticamente, começou a abordar questões relacionadas ao tema.
“Mães se unem, não tem jeito. Poder dar voz a outras mães que ralam na maternidade solo é gratificante, dividir isso com minhas seguidoras também me conforta”, enfatiza.