Márcio Maio/TV Press
16/12/2020 14:53
A reprise de “Malhação: Viva a Diferença” tem dois sabores para Manoela Aliperti, que interpreta a intensa Lica da trama. É claro que o motivo do seriado estar sendo reprisado, pela paralisação dos trabalhos em função da pandemia do novo coronavírus, é algo que a atriz lamenta profundamente. No entanto, a oportunidade de ter dois trabalhos importantes em que dá vida à mesma personagem é uma experiência completamente inusitada.
“Acho muito importante poder ter disponível para o público duas possibilidades de histórias, que colocam em destaque a potência do feminino e a potência da sororidade”, valoriza ela, que também está no ar na série “As Five”, disponível para os assinantes do serviço de streaming Globoplay.
Na história de “Malhação: Viva a Diferença”, Lica é uma garota rica e bissexual. No começo, se pauta por um estilo libertário que faz com que ela não se apegue romanticamente a ninguém. Porém, seu comportamento vai mudando aos poucos. As personalidades e vidas totalmente diferentes das cinco jovens que protagonizam a temporada começam a se misturar e uma apoia a outra em seus próprios dilemas. Como no romance entre a garota e Samantha, papel de Giovanna Grigio.
“A Lica e a Samantha representam muitas garotas. E essa representatividade é muito potente, porque pode contribuir para o processo de construção de identidade das pessoas que acompanham a temporada”, avalia a atriz.
Em “As Five”, Samantha também aparece. Agora, porém, como a ex-namorada de Lica – as duas terminam juntas em “Malhação: Viva a Diferença”.
“Eu gosto de descrever a Lica como uma mulher com muitos traços de uma adolescente à flor da pele. A idade chegou para ela, mas a maturidade ainda não”, conta Manoela, que assume ter se divertido bastante enquanto gravava a série – as cenas foram rodadas antes da pandemia. “A Lica continua tomando decisões com muito desprendimento e vivendo a vida de maneira leve, espontânea e intensa”, derrete-se.
“Malhação: Viva a Diferença” se encerrou em março de 2018 e, já em novembro de 2020, o “spin off” “As Five” estreou. Esse intervalo relativamente curto diante de uma passagem de tempo de seis anos na trama demandou um cuidado especial das protagonistas da série.
“O maior desafio foi não repetir o que já tinha sido feito, buscar novos apoios e respiros para a personagem nesse outro registro interpretativo”, filosofa Manoela, que tem 24 anos e nasceu na capital de São Paulo.
Quando soube que “Viva a Diferença” teria uma continuação, Manoela se mostrou especialmente animada. Primeiro, porque chegou a torcer por isso quando a temporada se encerrou.
“Lembro de ter pensado: ‘poxa, ainda tem tanto pano para manga, seria muito bacana se pudéssemos continuar contando essas histórias’”, entrega.
Além disso, os temas recorrentes tanto ali quanto agora, em “As Five”, a instigam.
“Nos dois trabalhos, falamos do protagonismo feminino na sociedade e dos privilégios, preconceitos, machismo, sexismo, feminismo, desigualdade social e racial”, enumera.