Cristiana Oliveira sabe exatamente o que quer. Principalmente quando se trata das personagens que interpreta. Tanto que, assim que recebeu o convite para viver a Lara de “Topíssima”, da Record, e leu a sinopse da personagem, não pensou duas vezes para dar a resposta positiva. A personalidade complexa e dúbia do papel fez a atriz mergulhar de cabeça em suas peculiaridades. Na trama, Lara é uma mulher basicamente vaidosa, que passa boa parte do seu tempo tentando parecer mais jovem do que é. Apesar do tom aparentemente engraçado, no entanto, a personagem tem um toque de maldade. “Ela é muito fútil, só dá valor para dinheiro, imagem e juventude. Tem 60 anos e quer aparentar 30 anos. É arrogante, preconceituosa e egoísta”, elenca.
Bem mais à vontade com a própria idade do que a personagem que encarna na ficção, Cristiana, aos 55 anos, só pensa em olhar para frente. Além da novela, ela foca nos negócios. Sócia de uma marca de joias e duas de cosméticos, a atriz pretende expandir ainda mais seus horizontes. “Estamos vendendo à beça. É um lado meu muito forte. Quero continuar no palco, na televisão e no cinema, mas a tevê diminui o espaço das mulheres mais velhas, a gente sabe disso”, diz.
P - O que mais chamou sua atenção em relação à sua personagem em “Topíssima”?
R - Ela é louca, engraçada, exagerada, teatral. Ela está o tempo todo interpretando papéis. Ela chora e se olha no espelho para ver se está chorando bem. Mas, ao mesmo tempo, tem o universo interior dela, com os conflitos internos dela que é muito difícil de eu fazer.
P – Por quê?
R – A Lara é um personagem muito fácil de eu fazer um estereótipo, uma caricatura. O que de uma certa forma, em algumas situações eu até faço, porque a Lara faz caricatura às vezes de personagens que ela cria na cabeça. É difícil eu, como atriz, fazer o lado verdadeiro. Eu estou tentando fazer essa onda de sentimentos e coisas dela, mas não está fácil de fazer. Tem horas que ela é seríssima, objetiva. Tem horas que é espalhafatosa. Tem horas que ela é escandalosa. É um personagem que não é linear, tem maneiras de interpretar.
P – E como você lida com a vaidade?
R – Eu sempre me cuidei, isso não é novidade para ninguém. Eu faço botox desde os 35 anos. Já botei peito, agora quero tirar. Não sou viciada em clínica de estética, mas me preocupo, limpo e hidrato a minha pele. Sempre cuido da alimentação e faço exercícios. Eu não durmo com o rosto sujo, estou sempre limpando, hidratando e tonificando porque faz parte de mim. Mas eu me cuido muito de dentro para fora, espiritual e mentalmente. Cuido da minha saúde e faço exercício todo santo dia, eu acho que é isso que me mantém.
P – Mas envelhecer tem sido fácil para você?
R – Aceito o meu envelhecimento com muita naturalidade, sem me desesperar, me acostumo com minhas rugas. Sou feliz, tenho uma família que amo, tenho meu neto, pretendo ter mais netos, tenho um marido que amo e que está envelhecendo junto comigo. Então, eu não tenho nada da Lara nesse sentido. Só fisicamente, no sentido de que ela é um mulherão.
P – A imprensa tem noticiado a possibilidade de um “remake” de “Pantanal” feito pela Globo. O que você acha da ideia?
R – Eu não sei. Já foram feitos tantos “remakes” de clássicos da teledramaturgia brasileira, de uma outra forma e com um outro tipo de interpretação. Eu acho que tudo é válido, só não consigo imaginar como vai ser. Com a tecnologia que não tinha na época, pode ser que até fique melhor, mas o nosso “Pantanal” teve uma pureza. Todo mundo acabou arriscando de uma forma tão despretensiosa, que eu acho que deu certo por isso. Mas torço muito para que seja um sucesso. Aí que eu vou me sentir velha mesmo porque já estariam fazendo remake, mas com uma outra Juma... (risos)