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Paralisia cerebral não impediu Geraldo de escrever um livro

Livro narra a luta e a alegria de cursar uma faculdade de Jornalismo

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Aos 27 anos, Geraldo Júnior Duarte descobriu muitas facetas. Estudante de Jornalismo e Recursos Humanos, escritor, coach de desenvolvimento pessoal, entre outras ocupações. Impecável em um terno, que é sempre complementado por uma gravata tradicional ou borboleta, o bela-vistense decidiu percorrer um caminho nem sempre fácil, mas que trouxe resultados transformadores: a publicação de um livro biográfico. 

Com paralisia cerebral, quadro três, como ele mesmo explica, Geraldo é deficiente e “não tem por que esconder”, afirma. Nasceu em Bela Vista, interior de Mato Grosso do Sul, mas mudou durante a adolescência para a cidade de Jardim e, de lá, para Campo Grande, onde veio realizar o sonho de ser jornalista. “Desde os três anos de idade eu queria ser comunicador, comunicólogo. Eu sempre fui apaixonado pelo jornalismo, que é a minha fonte de inspiração. Escrever uma pauta, contar histórias. Para mim, o jornalismo é isso, ouvir e contar histórias”, explica. 

A paralisia cerebral veio no nascimento, como uma patologia neurológica por falta de oxigênio. “Fiquei na incubadora nas primeiras 72 horas de vida e tive de lutar, lutar, lutar para conseguir sobreviver, para ter um momento com a minha mãe”, descreve. 

Os desafios tinham acabado de começar e Geraldo se acostumou desde cedo a enfrentá-los. 

“Eu nasci em 1992 e, na época, não existia Apae em Bela Vista; então, minha mãe me levava até a Apae de Ponta Porã. De ônibus, com apenas um café e bolachinha de lanche. Lembro que naquela época eu questionei do porquê de eu ser assim”, recorda-se. Com o desenvolvimento da cidade, Geraldo frequentou a Apae de Bela Vista e a escola regular, mas viu tudo mudar quando chegou à faculdade. “Há poucas pessoas com deficiência na faculdade. Eu acredito que sou uma minoria que tem acesso. No início, foi muito difícil, não havia elevador nem monitor para os alunos. Eu era acostumado a gravar as aulas para estudar e na universidade alguns professores não autorizaram. Eu precisei me adaptar a essa nova realidade”, explica.

Geraldo afirma que lutou pelas melhorias na Universidade Católica Dom Bosco, onde cursa Jornalismo. O jeito guerreiro permaneceu até 2015, quando ficou doente e ouviu de um familiar que os investimentos familiares na sua formação eram em vão. “Morava com uma pessoa, minha tia. Eu fiquei um pouco doente e tive de ter outros cuidados. Falaram para mim nessa época que eu não era capaz, que meu pai estava gastando um dinheiro à toa, que meu pai poderia investir em gado e não em mim, que eu era apenas um deficiente e deveria ficar em casa, trancado, fechado e analfabeto”, ressalta.

Na época morando também com o irmão mais novo, que cursava Engenharia Civil, Geraldo não hesitou e decidiu trancar o curso e voltar para Jardim. “Fui embora e falei para o meu irmão que eu não nasci para sofrer humilhação, nasci para ser feliz, não humilhado”, conta. 

No interior, Geraldo investiu o tempo em Recursos Humanos.  “Estou terminando RH agora em dezembro e a de Jornalismo termino no ano que vem”, conta. De volta a Campo Grande, nada de parentes. O estudante conta com a ajuda de uma assistente pessoal, dona Ramona, e os dois acumulam fotos pela cidade e em palestras motivacionais que Geraldo realiza.

O livro biográfico recebeu o nome de “Caminho para a Faculdade” e será lançado em outubro pela Editora Life. “O livro é o resultado da minha monografia para a faculdade e da minha experiência na instituição. Eu vou de ônibus para a faculdade, tenho uma vida normal, faço estágio na UCDB mesmo e pretendo atuar no mercado de trabalho. Decidi fazer esse livro para contar a minha experiência nesse percurso”, acredita Geraldo.

Adaptação

TJMS lança livro sobre violência infantil traduzido para Guarani Kaiowá

Obra que conscientiza as crianças sobre violência infantil foi adaptada à realidade indígena

22/03/2025 13h00

Lançamento do livro

Lançamento do livro "Estrelas na Cabana" apatado para a realidade indígena Divulgação

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O Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul (TJMS) lançou na última sexta-feira (21), o livro "Estrelas na Cabana", que trata sobre violência infantil, adaptado à realidade indígena e traduzido para o Guarani Kaiowá.

O evento, realizado no auditório da APAE de Amambai, reuniu crianças, lideranças indígenas e autoridades locais.

Adaptação

A Coordenadoria da Infância e da Juventude (CIJ) do TJMS liderou a adaptação da obra, que já era utilizada em outras cidades do estado.

Pela primeira vez, o livro foi ilustrado e narrado com elementos que respeitam a cultura indígena, facilitando a compreensão e promovendo uma conexão mais profunda com as crianças das aldeias.

A juíza auxiliar da CIJ, Katy Braun do Prado, destacou que o objetivo é ampliar a conscientização sobre os diferentes tipos de violência infantil.

Mato Grosso do Sul, que abriga a terceira maior população indígena do Brasil, será o cenário para a expansão do projeto. Após o lançamento em Amambai, a meta é levar o livro para outras comunidades indígenas do estado.

A adaptação cultural foi além da tradução literal. Personagens e cenários foram ajustados para refletir o cotidiano das aldeias indígenas.

Segundo a professora Aparecida Benites, o livro será usado de forma multidisciplinar em atividades lúdicas como leitura, teatro e produção artística.

A secretária municipal de Educação, Tânia Aparecida Ruivo Luz, destacou que o material ajudará as crianças a identificar situações de abuso e violência.

A psicóloga Elenice Peixoto da Costa dos Santos enfatizou que essa é a primeira vez que um material educativo aborda a violência infantil no idioma Guarani Kaiowá.

“Esse livro valoriza as crianças e sua cultura, preenchendo uma lacuna histórica no estado”, declarou.

Dados

Os números reforçam a necessidade urgente dessa ação. Em 2024, o estado registrou 1.862 denúncias de violência contra crianças e adolescentes pelo Disque 100, sendo 918 envolvendo menores de idade.

Em Amambai, onde vivem cerca de 8 mil indígenas – dos quais 3 mil são crianças –, os casos de violência infantil são frequentes.

O cacique Flaviano Franco, líder da aldeia de Amambai, emocionou-se ao falar sobre a importância do livro. Ele relatou que na aldeia muitas crianças indígenas crescem sem a presença dos pais.

“Eu diria que entre 70% e 80% das nossas crianças estão nessas condições, e isso gera uma desestrutura emocional que impacta diretamente no aprendizado e no convívio social”, disse.

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Cinema B+: A Roda do Tempo: Navegando Entre Poder e Destino

A Roda do Tempo oferece uma narrativa complexa e desafiadora, cheia de magia, reviravoltas e temas de poder e destino.

22/03/2025 12h00

Cinema B+: A Roda do Tempo: Navegando Entre Poder e Destino

Cinema B+: A Roda do Tempo: Navegando Entre Poder e Destino Foto: Divulgação

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Quando ouço pessoas alegando se perder com o rico universo criado por George R. R. Martin assumo que não vão conseguir acompanhar as personagens de Robert Jordan e A Roda do Tempo.

Se você não está atualizado com tudo que estava acontecendo antes da 3ª temporada, pode ficar meio perdido por boa parte dos três episódios já disponíveis na Amazon Prime Video. 

Muito drama, mágica, sangue e alianças acontecem ao mesmo tempo e é difícil equilibrar o que todos querem e o que devem fazer, ainda mais com tantos vilões à solta. Isso porque a série já é uma narrativa simplificada! Pois é.

Temos nossos heróis cheios e falhas e dúvidas navegando entre o Bem e o Mal, onde profecias e intenções só fazem contribuir para uma história um tanto caótica. Moiraine Damodred (Rosamund Pike) segue com sua liderança enigmática e sua entrega para guiar Rand al’Thor (Josha Stradowski) a abraçar seu destino como o Dragão Renascido.

Agora ele tem que reivindicar a espada Callandor em Tear, o que os leva a mais viagens pelo território nem sempre amigável do Deserto Aiel. A essa altura ter alguém o questionando como o escolhido já é piada, mas há.

O grupo de amigos nem consegue curtir o reencontro, cada um toma novo rumo – de novo – e Liandrin (Kate Fleetwood) finalmente revelada como Black Ajah, quer destruir o Dragão. Rand tem ao seu lado a traumatizada Egwene al’Vere (Madeleine Madden) que tem sido torturada com lembranças difíceis porque Lanfear (Natasha O’Keeffe) tem ciúmes dela.

Os efeitos especiais ainda nos fazem mais rir do que se deixar levar pela fantasia, mas é um universo complexo e divertido de acompanhar. A entrada de Olivia Williams igual à Cersei Lannister é um paradoxal desejo de vê-la em Game of Thrones em algum momento e o riso da cópia, mas sua Rainha Morgase é imponente e misteriosa.

Cinema B+: A Roda do Tempo: Navegando Entre Poder e DestinoCinema B+: A Roda do Tempo: Navegando Entre Poder e Destino - Divulgação

Com mais sangue e batalhas, A Roda do Tempo é um sucesso. Os temas podem estar em muitos outros conteúdos mais idolatrados – como Duna: Profecia (onde Williams é uma das estrelas), Anéis de Poder ou House of the Dragon, isso porque são séries primas que abordam questionamentos semelhantes: a sede do Poder, os males de profecias e a manipulação da Fé. Não é tarefa fácil navegar pela história, mas ela é imaginativa. Sempre há surpresas e reviravoltas.

Reparem que nem tentei recapitular em detalhes a trama pois é uma missão suicida. Em um cenário onde a complexidade das tramas pode facilmente confundir o espectador, A Roda do Tempo se destaca como uma narrativa desafiadora e enriquecedora.

Apesar dos momentos de exagero nos efeitos especiais e da rivalidade com outras grandes produções de fantasia, a série se mantém relevante e intrigante com suas intrincadas dinâmicas de poder, profecias e escolhas morais. No fim das contas, o que realmente importa é a jornada — uma jornada que nos leva a questionar a natureza do poder, da fé e do destino, mas, acima de tudo, nos surpreende a cada nova reviravolta.

Com isso, A Roda do Tempo se estabelece não apenas como uma competição saudável, mas também como uma sólida referência dentro do gênero, onde o caos e a magia coexistem de maneira única e inebriante.

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