Propositalmente ou não, a recém-lançada quarta temporada de “Lady Night” chega ao Multishow com um ingrediente fixo a mais: a gravidez de Tatá Werneck. Gravada ao longo de maio e junho, quando a apresentadora estava entre o quarto e quinto mês de gestação, a atual temporada funciona como um retrato sem muitos filtros sobre a maternidade. Além dos momentos obviamente fofos, cada convidado consegue fazer com que Tatá aborde sua espera de modos diferentes. Com Fátima Bernardes, por exemplo, a conversa girou em torno dos cuidados com gêmeos, enquanto Taís Araújo falou com o sentimento de “culpa” que perseguem mães que trabalham e o casal Laura Neiva e Chay Suede disputaram uma divertida gincana entre futuros pais ao lado de Tatá e Rafael Vitti, seu namorado. É nítido que Tatá está diferente. Não que sua verve cômica esteja apagada: ela continua com o pensamento e a dicção rápidas que lhe são peculiares. Porém, sua movimentação está naturalmente mais limitada.
Com apenas 11 episódios, fica bem claro o prestígio da apresentadora com seus convidados. Além dos já citados, Tatá conseguiu reunir um time de “peso” para essa temporada de menor duração, contando com nomes como Ana Maria Braga, Selton Mello, Deborah Secco, Rodrigo Santoro e Isis Valverde. Além de Larissa Manoela, da estrela jovem do SBT. Pela segunda vez, o programa produzido em parceria com a Produtora Floresta é captado nos Estúdios Globo e conta com toda a infraestrutura técnica da emissora. Em um esquema que deu tão certo que tem previsão de ser estendido para outras produções de destaque da programação dos canais Globosat. Dessa forma, os quadros antes mais amadores acabam ganhando um pouco mais de complexidade. Uma das novidades mais interessantes da nova temporada é o divertido “É Rúbrica ou Rubrica”, que faz com que a apresentadora e seus convidados leiam textos de dramaturgia no “teleprompter” - equipamento acoplado às câmeras que exibe o texto a ser lido -, onde é necessário mudar as emoções sem aviso prévio.
No mais, Tatá evitou pensar muito para idealizar esta temporada. Antes bastante ligada ao improviso, agora sua porção entrevistadora parece mais guiada a uma ficha de perguntas. Além disso, os quadros mais queridos do público em outras temporadas surgem sem grandes modificações, é o caso do “Entrevista com o Especialista”. Nos novos episódios, entretanto, Tatá surge um pouco mais cansada de ter de tornar atividades comuns em algo mais interessante do que realmente é. Porém, os trocadilhos infames estão garantidos. Aliás, a liberdade de falar sem muita preocupação é o que faz do “Lady Night” o “talk show” preferido das celebridades. Ao lado da apresentadora, figuras que geralmente não se abrem tanto em entrevista surgem expostos e sem firulas, como quando Ísis Valverde fala de suas crises de choro, Fátima Bernardes faz piada com masturbação e Taís Araújo revela histórias de bastidores de “Xica da Silva”, da Manchete, e o fato do autor Walcyr Carrasco nunca ter a escalado de novo para uma novela sua. Sempre descontraída, e agora com um balde estrategicamente posicionado embaixo de sua mesa - para ser usado em caso de enjoo-, Tatá é uma entrevistadora que expõe a si e a seus convidados.