“Onde eu apresento?”. Esse é o questionamento de diversos artistas que produzem espetáculos de dança, música ou teatro em Campo Grande e precisam lidar com a falta de espaços acessíveis financeiramente, seguros e confortáveis para o público.
Há mais de 40 anos em cena, o ator e diretor Jair Damasceno explica que nos últimos anos os espetáculos tiveram de ser encenados em espaços menores, localizados em sedes de companhias teatrais da cidade, como o Teatral Grupo de Risco e o Circo do Mato. “O meu grupo, o Núcleo Artistíco Jair Damasceno, não tem sede, então precisamos procurar espaços disponíveis quando há estreias. Utilizamos normalmente espaços adaptados, porque não há um teatro municipal na cidade.O Glauce Rocha entrou em um período de reforma e também depende da disponibilidade da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul e o Teatro Aracy Balabanian está fechado há anos”, explica.
Sem palco
Atualmente os espaços Aracy Balabanian, Sesc Horto e Teatro do Paço estão fechados em Campo Grande – este último, inclusive, há mais de 20 anos. Apesar de a administração municipal afirmar em 2018 que o local seria revitalizado, o espaço que fica ao lado da prefeitura não recebeu melhorias. De acordo com a assessoria de imprensa do Executivo da Capital, a administração aguarda a finalização do processo licitatório, e todo o procedimento documental de reforma do Teatro do Paço deve ser finalizado ainda no primeiro semestre deste ano.
Para o ator e diretor Espedito Di Montebranco, a falta de espaços traz um impacto negativo para a cultura de Mato Grosso do Sul. “Eu acho que o Sesc Horto tem 235 lugares, o Aracy, 295, o Dom Bosco, 789, e o Glauce é o maior, com cerca de 800 lugares. Um aluguel nos dois últimos sai em média mais de R$ 3 mil, o que muitas vezes inviabiliza a apresentação nesses locais pelo valor cobrado”, indica.
Jair concorda. “O Aracy Balabanian era muito utilizado pelos grupos teatrais da cidade por ter um bom custo-benefício. Às vezes não compensa alugar outro espaço porque nossos ingressos não são caros, muitos grupos não têm lucro nenhum após as apresentações”, explica.
Aracy Balabanian
O Teatro Aracy Balabanian está fechado para reforma desde 2016. O local, que integra o Centro Cultural José Octavio Guizzo, na Rua 26 de agosto, 453, região central da cidade, já havia sido fechado em 2011 para manutenções, porém, as reclamações da classe artística indicavam que o espaço precisava de um cuidado maior. Em 2019, o governo do Estado prometeu que o edital de licitação para elaboração de projeto arquitetônico seria lançado, mas o documento ainda não foi publicado.
De acordo com a assessoria de imprensa da Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul, “no momento, está sendo elaborado pela Agesul, em conjunto com técnicos da Fundação de Cultura, o termo de referência do projeto arquitetônico de reforma de todo o Centro Cultural, para posterior lançamento de edital de licitação e contratação de empresa especializada em elaboração de projeto executivo de arquitetura e complementares”.
Enquanto isso, outros espaços da cidade continuam fechados. O Sesc Horto, que também era muito utilizado pela classe artística, passa por reformas e não tem previsão de reabertura.
Centro de Convenções
Outro espaço que em breve deve passar por reformas é o Centro de Convenções Rubens Gil de Camillo, conhecido também como Palácio Popular da Cultura. Embora a classe artística reitere que o espaço não é um teatro, o local realizou cerca de 160 eventos nacionais e internacionais no ano de 2019, entre formaturas, congressos,
shows e peças teatrais.
A principal reclamação dos produtores, atores e diretores que utilizam o local com frequência era a falta de manutenção no sistema elétrico, principalmente em dia de chuvas, problema que deve ser resolvido. De acordo com a assessoria de imprensa, passarão por reforma a cobertura do prédio, os sanitários e o quadro elétrico; também será feita a adequação do Plano de Segurança Contra Incêndio de Pânico (PSCIP).
O resultado da licitação para a reforma foi publicado nos dias 26 de dezembro de 2019 e 20 de janeiro de 2020, nos Diários Oficiais do Estado nº 10.057 e nº 10.073, respectivamente. Apesar da movimentação, o órgão garante que o Centro de Convenções não será fechado durante a manutenção.