Campo Grande está prestes a viver três dias de intensa transformação e descoberta. De quinta-feira a sábado (19 a 21), o Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso do Sul (IHGMS) será o palco da 10ª edição do Fronteiras: Arte, Psicodrama e Filosofia, evento que pela primeira vez chega à capital sul-mato-grossense, com uma proposta tão ousada quanto necessária: convidar os participantes a “transver o mundo”, expressão que sintetiza o olhar único do poeta Manoel de Barros, homenageado desta edição.
O Fronteiras não é um evento comum. Criado em 2011 pelos psicodramatistas Devanir Merengué e Valéria Brito, ele já percorreu diversas cidades brasileiras, levando uma abordagem inovadora que desconstrói as fronteiras tradicionais entre arte, psicologia e filosofia. A ideia é simples, porém profunda: em vez de palestras convencionais, o público é convidado a vivenciar experiências sensoriais, emocionais e intelectuais que o leve a repensar sua relação consigo mesmo e com o mundo ao redor.
Em Campo Grande, essa proposta ganha um significado ainda mais especial ao dialogar com a obra de Manoel de Barros, poeta que transformou o simples em sublime e ensinou gerações a encontrar poesia nas coisas mais insignificantes.
O POETA
Manoel de Barros, que faleceu em 2014, deixou um legado literário incomparável. Nascido em Cuiabá, mas radicado em Campo Grande, ele se tornou um dos nomes mais importantes da poesia brasileira contemporânea justamente por sua capacidade de enxergar o extraordinário no ordinário.
Seus versos, repletos de imagens do Pantanal e de uma linguagem aparentemente simples, escondem camadas de significado que só se revelam a quem está disposto a transver – ver além do óbvio, perceber o invisível, dar importância ao que parece irrelevante. Essa filosofia de vida será o eixo central das atividades do Fronteiras, que promete transformar o Instituto Histórico e Geográfico de MS em um espaço de experimentação e descoberta.
FRONTEIRAS
A programação do evento vai incluir oficinas de escrita criativa inspiradas na obra de Manoel de Barros, sessões de psicodrama que exploram as relações humanas por meio da representação de papéis, intervenções artísticas que desafiam os sentidos e rodas de conversa sobre filosofia e existência. Tudo isso, em um ambiente imersivo, onde os participantes não serão meros espectadores, mas cocriadores das experiências. Para os organizadores, essa é a melhor maneira de homenagear o poeta: não apenas discutindo sua obra, mas vivendo sua essência.
O psicodrama, uma das bases do evento, é uma metodologia terapêutica que usa técnicas teatrais para trabalhar emoções e conflitos. No contexto do Fronteiras, ele se alia à arte e à filosofia para criar um espaço seguro onde as pessoas possam se expressar livremente, explorar novas perspectivas e ressignificar suas experiências. Já as atividades artísticas, que podem incluir desde performances até instalações interativas, buscam aguçar a sensibilidade e a criatividade, duas qualidades tão presentes na poesia de Manoel de Barros.
O evento é aberto ao público em geral, sem exigência de formação específica. Psicólogos, artistas, educadores, estudantes e qualquer pessoa interessada em autoconhecimento e novas formas de ver o mundo encontrarão no Fronteiras uma oportunidade única de crescimento pessoal e profissional. Em um momento histórico marcado por polarizações e crises diversas, a proposta do evento surge como um respiro, um convite à pausa reflexiva e ao reencantamento com a vida.
Para os organizadores, trazer o Fronteiras para Campo Grande é mais do que realizar um evento, é uma forma de celebrar a identidade cultural da cidade e seu diálogo permanente com a obra de Manoel de Barros. Afinal, foi aqui que o poeta escreveu alguns de seus versos mais memoráveis, inspirado pelas paisagens e pelo ritmo do Centro-Oeste brasileiro.
Nos três dias de evento, os participantes terão a chance não apenas de aprender, mas de se reconectar consigo mesmos e com os outros em um ambiente acolhedor e estimulante. Será uma jornada intensa, repleta de descobertas e insights, mas também de leveza e poesia – como não poderia deixar de ser em uma homenagem a Manoel de Barros. Ao fim, a expectativa é de que cada pessoa saia dali com um novo olhar, mais atento ao detalhe, mais sensível ao belo, mais consciente do seu lugar no mundo.
Em tempos de excesso de informação e superficialidade, o Fronteiras se propõe a ser um antídoto, um espaço onde a profundidade e a slow life são não apenas permitidas, mas incentivadas. E se há alguém que sabia como fazer isso era Manoel de Barros, cuja obra continua a nos lembrar que, às vezes, é preciso desaprender para aprender, esquecer para lembrar e deixar de ver para, finalmente, transver.
SERVIÇO
Data: 19 a 21 de junho.
Local: Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso do Sul (Avenida Calógeras, nº 3.000).
Inscrições: pelo site Even3.
Informações adicionais no Instagram @fronteiras2025.