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Apicultores de Mato Grosso do Sul dobram a receita com a produção mel

Os bons resultados foram obtidos graças à valorização da atividade a nível nacional

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Apicultores de Mato Grosso do Sul dobraram a receita com a venda de mel no primeiro semestre de 2021 em comparação com o mesmo período do ano passado.

Os bons resultados foram obtidos graças à valorização da atividade a nível nacional, que levou ao aumento no consumo e entrada de novos produtores no setor.

De janeiro a junho deste ano, as vendas de mel in natura renderam um total de R$ 760.195,06. 

Nos seis primeiros meses de 2020, por outro lado, os ganhos haviam somado R$ 334.034,67. Isso equivale a um incremento de 117%.  

A produção também cresceu em proporções semelhantes nesse período, de 18.127 quilos ano passado contra 38.125 quilos de janeiro até o mês retrasado.

Os dados foram divulgados ao Correio do Estado pela Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Famasul), já que dizem respeito aos 200 produtores que são atendidos pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar).

Nem o Ministério da Agricultura, tampouco a Federação dos Apicultores do Estado e a Secretaria Estadual de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico e Agricultura Familiar (Semagro) têm dados sobre os resultados da apicultura no primeiro semestre deste ano.

Últimas notícias

Os dados mais recentes disponíveis no Governo dizem respeito apenas à captação de mel pelos entrepostos no Estado.

No caso do Serviço de Inspeção Federal (SIF), foram recebidos até maio um total de 68.027,72 quilos de mel in natura, o que corresponde a uma média de 13.614 quilos por mês.  

Contudo, dados divulgados pelo Valor Econômico mostram que o Estado tem seguido a tendência nacional.  

Apicultores de todo o país obtiveram total de US$ 107,6 milhões com embarques do produto para outros países neste ano. 

As vendas foram três vezes maiores que no mesmo período do ano passado.

Embora não tenha ainda entrepostos para exportação direta do mel produzido em seu território, Mato Grosso do Sul vende sua produção para estados que posteriormente a enviam para fora, tendo contribuído de alguma forma para esses resultados.

SELO

De acordo com a Semagro, o Estado é o 11º em tamanho de produção no Brasil e ainda tem o primeiro mel com selo de identificação geográfica, que é o caso do Pantaneiro.  

Além disso, o Estado também tem a melhor média de produção de mel por caixa ao ano, ficando em 50 Kg/cx/ano, enquanto a nacional é de 18Kg/cx/ano.

Oficialmente, Três Lagoas, Brasilândia e Chapadão do Sul são os municípios de maior produção, com produção que varia de 85 a 120 toneladas por ano.  

De acordo com o Governo, existem cerca de mil apicultores divididos em 30 mil apiários produzindo mel. 

A atividade é essencialmente familiar e envolve pouco mais de 3.000 pessoas em associações e cooperativas.

Existem nove entrepostos de mel distribuídos em sete municípios de Mato Grosso do Sul: Amambaí, Aquidauana, Campo Grande, Dourados, Jardim, Nova Andradina e Três Lagoas.

Há produção de mel nos três ecossistemas: Pantanal, Cerrado e uma porção da Mata Atlântica. Em torno de 80% é exportado para outros estados e outros países, ainda segundo informações repassadas pelo departamento técnico da Semagro.

Além das plantas do cerrado (mel silvestre), são utilizadas floradas das lavouras de girassol, canola, nabo forrageiro, laranjeira e eucalipto.

Cláudio Ramires Koch, presidente da Federação dos Apicultores Sul-mato-grossenses, disse que cerca de 80% da produção local segue para Santa Catarina, São Paulo e Paraná, principalmente.  

“Muitos países produziram pouco durante o último ano, enquanto o Brasil está aumentando a sua. Aqui no Estado, estamos trabalhando para organizar toda a cadeia produtiva e criando um plano estadual de apicultura, que ainda não temos”, disse.

Em breve, segundo ele, será criada uma inscrição estadual da apicultura. 

“Através dos cadastros sanitários, cada apiário será georreferenciado e, com isso, vai poder o apicultor, com seu cadastro sanitário e os dados, ter uma inscrição estadual”, disse Koch que ainda frisou que legalizar a produção é um dos desafios do setor em MS.

Estiagem impactou a produção

Gustavo Nadeu Bijos, dono do apiário Fazenda das Abelhas, afirma que embora os resultados tenham sido bons no geral, na prática, a seca extrema derrubou a produtividade ano passado.

“Parece que este ano a coisa está andando normal, pelo menos até o momento. Talvez a receita tenha aumentando em grande parte porque o preço do mel subiu”, explica o produtor.

Bijos acrescenta que com bastante planejamento foi possível reverter a situação negativa, gerando lucro que poderia ter sido um pouco maior.

“A demanda atualmente segue muito forte até mesmo por conta da pandemia. Em  nossa loja física em Campo Grande mesmo sentimos um aumento nas vendas do mel e demais produtos das abelhas, como própolis”, afirma.

Com relação aos preços, até 2019 o quilo era vendido por R$ 6. Ano passado os produtores conseguiram fechar vendas por R$ 14. Este ano, houve uma pequena queda, mas ainda se manteve positivo, na avaliação do apicultor.

“Estamos com R$ 12 por quilo, o que  não é ruim”, afirma.

Segundo informações do Ministério da Agricultura  os Estados Unidos atualmente são os principais clientes do mel brasileiro. (RCJ)

Do ranking

Segundo a Semagro, o Estado é o 11º em tamanho de produção no Brasil e ainda tem o primeiro mel com selo de identificação geográfica, que é o caso do Pantaneiro. 

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