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Após casos confirmados da doença vaca louca, exportações estão paralisadas

A suspeita da doença foi suficiente para que a arroba do gado registrasse queda, principalmente no mercado futuro

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No sábado, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) confirmou dois casos atípicos da doença conhecida como vaca louca (encefalopatia espongiforme bovina – EEB) em frigoríficos de Nova Canaã do Norte (MT) e Belo Horizonte (MG). Com a confirmação dos casos, as exportações de carne bovina para a China foram suspensas temporariamente.  

De acordo com o titular da Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar (Semagro), Jaime Verruck, não há motivos para restrições internacionais. 

“O que a ministra acabou de destacar é que não há nenhum risco à saúde pública, justamente porque são casos atípicos. Então, a partir desse momento não há o porquê de nós termos restrições no mercado internacional", disse.

"O protocolo chinês é um pouco mais rígido, então deve ter aí mais uma ou duas semanas com a exportação para a China um pouco mais comprometida”, completou.

Os casos de vaca louca atípica são menos perigosos para o rebanho porque são espontâneos e esporádicos, uma vez que partem do organismo de um animal e não acontecem por conta da ingestão de alimentação contaminada. 

A doença costuma acometer o gado em idade avançada. Já a vaca louca clássica se manifesta após a ingestão de alimentos contaminados, como proteína animal, e afeta o rebanho mais jovem.

Segundo a nota divulgada pela Secretaria de Defesa Agropecuária do Mapa, divulgada sábado, os registros representam o quarto e o quinto caso de encefalopatia espongiforme bovina atípica em mais de 23 anos de vigilância sanitária para a doença. O Brasil nunca registrou a ocorrência da doença em sua forma clássica.

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AÇÕES

Em evento em Campo Grande, no sábado, a ministra titular da Pasta, Tereza Cristina Dias, ressaltou que é função do ministério inspecionar e fiscalizar, por isso os casos foram identificados.

“Eu quero só tranquilizar a população de que é um caso atípico, não tem problema para a saúde pública, os casos foram isolados, então, agora o ministério vai tomar todas as providências e dizer que isso não acontece só no Brasil. Quando esse caso é achado é porque a gente está verificando, senão, não achava”, destacou.

De acordo com o Mapa, todas as ações sanitárias de mitigação de risco “foram concluídas antes mesmo da emissão do resultado final”, que é feito pelo laboratório de referência da OIE (Organização Mundial da Saúde Animal), em Alberta, no Canadá. “Portanto, não há risco para a saúde humana e animal”.

Ainda de acordo com o Mapa, as exportações para a China ficam suspensas para cumprir o protocolo sanitário firmado entre os dois países. A medida durará até que as autoridades chinesas concluam a avaliação das informações repassadas.

“O Mapa esclarece que a OIE exclui a ocorrência de casos de EEB atípica para efeitos do reconhecimento do status oficial de risco do país”, diz o ministério em nota. Assim, o Brasil mantém a classificação como país de risco insignificante para a doença.

De acordo com o relatório Carta da Conjuntura, divulgado pela Semagro, a carne bovina é o terceiro produto da pauta de exportações do Estado. De janeiro a julho deste ano, foi responsável por US$ 517,422 milhões em negócios e por 126.801 toneladas exportadas.  

SUSPENSÃO DE ABATES

Na quinta-feira, frigoríficos de todo o País precisaram suspender o abate de bois por conta da suspeita da doença. A estimativa da Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo) é de que a produção retorne somente após esta quarta-feira.

Ainda de acordo com a entidade, a decisão foi tomada pelos próprios frigoríficos. A Abrafrigo afirma que a paralisação acontece em todos os estabelecimentos de abate, e não somente nos que operam com exportações.  

Conforme adiantado pelo Correio do Estado, o secretário estadual avaliou como precipitada a decisão. “Na minha avaliação, a paralisação dos frigoríficos a nível nacional foi precipitada e desnecessária. Uma consequência dessa ação foi a queda do preço da arroba”, disse Verruck.

O reflexo com a suspeita da doença foi imediato no mercado, principalmente nos preços futuros. A arroba do boi gordo caiu 2,25% no mercado físico entre agosto e setembro.  

Dados da Scot Consultoria apontam que, em Campo Grande, a arroba saiu de

R$ 310,50 no mês passado para R$ 303,50 na sexta-feira, valores para pagamento à vista e livre de Funrural. Já no pagamento a prazo para 30 dias, a queda foi de 3,47%, saindo de R$ 316,50 no mês anterior para R$ 305,50 em setembro.

Na bolsa de valores, a B3, as cotações dos contratos futuros do boi gordo tiveram queda a partir do anúncio da suspeita da doença (no dia 1º de setembro). 

No dia 31 de agosto, o vencimento para setembro era cotado a R$ 310, e no fechamento do dia 3 de setembro caiu para R$ 295, de outubro foi de R$ 310,80 para R$ 297,05 e de novembro foi de R$ 319,95 para R$ 306,45 por arroba. 

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