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Intempéries climáticas levam safra de milho ao pior resultado da série histórica

Mato Grosso do Sul projeta colher 6,28 milhões de toneladas, 40,8% a menos do que no ciclo anterior

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Escassez de chuvas no início do plantio e queda de granizo e geada durante o desenvolvimento levaram a estimativa da produção do milho safrinha ao pior resultado da série histórica em Mato Grosso do Sul. 

Dados do Sistema de Informação Geográfica do Agronegócio (Siga MS) apontam que a projeção para 2020/2021 foi revisada para 6,28 milhões de toneladas. 

A menor colheita registrada desde o ciclo 2013/2014, quando as lavouras começaram a ser monitoradas.

A queda é de 40,8% em relação ao ciclo anterior, quando a safrinha atingiu 10,61 milhões de toneladas. No comparativo com a safra 2018/2019 a redução chega a 93,63%, quando o Estado atingiu recorde com a colheita de 12,16 milhões de toneladas de milho.

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O presidente da Associação de Produtores de Soja de MS (Aprosoja-MS), André Dobashi, explica que os técnicos estiveram nas lavouras para observar o impacto das fortes geadas registradas em maio.

“Tivemos danos em toda região Cone Sul do Estado com danos significativos nas áreas. Atualizamos a perspectiva de produtividade para próximo de 50 sacas por hectare, o que trouxe a projeção para 6 milhões de toneladas. Estamos prevendo uma redução de mais de 3 milhões de toneladas na produção da segunda safra em Mato Grosso do Sul”, analisa Dobashi.

No entanto, a área plantada para o milho 2ª safra continua estimada em 2,003 milhões de hectares, aumento de 5,7% quando comparada com a área da safra 2019/2020, que foi de 1,895 milhão de hectares. 

Já a produtividade foi reduzida e é estimada em 52,3 sacas por hectare, ante as 93,4 sacas por hectare colhidas na safra anterior.

No início do plantio da safra de milho 2020/2021 havia a expectativa de colher um volume de 9,013 milhões de toneladas de grãos, com produtividade média de 75 sacas por hectare.

CLIMA

De acordo com o boletim Casa Rural, elaborado pela Federação da Agricultura e Pecuária de MS (Sistema Famasul), as intempéries climáticas enfrentadas nas principais regiões produtoras do Estado afetaram sobremaneira o desenvolvimento do milho.

“Em algumas lavouras já podemos verificar a perda total em função da estiagem e da queda de granizo. A geada afetou cerca de 30% da área plantada do Estado, reduzindo drasticamente a produção estimada inicial. As regiões oeste, centro, sul e sudeste possuem as piores condições das lavouras, juntas, representam mais da metade da área plantada do Estado”, detalha o relatório técnico.

O prognóstico de precipitação acumulada indica até 80 mm de acúmulo de chuva para este mês, e até 60 mm em agosto.

O titular da secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar (Semagro), Jaime Verruck, diz que o Estado já avalia decretar estado de calamidade em função da crise hídrica e das geadas que causaram prejuízos econômicos ao Estado.  

“Uma outra questão é o volume disponível de milho na economia. Temos um consumo substancial das fábricas de ração para aves e suínos, então, acreditamos em uma redução das exportações, isso vai acontecer. Não podemos exportar o milho porque essa quantidade será necessária para consumo interno. O Brasil já sinaliza com importação de milho de vários países, porque teremos ainda uma sustentação de preços”, avalia o secretário.

PREÇOS

O cenário de aumento do cereal no mercado externo e a redução na oferta possibilitaram a valorização nos preços do milho no mercado interno de Mato Grosso do Sul.

Neste mês, o valor médio da saca de 60 kg é cotado a R$ 84,38, alta de 119,28% em relação ao valor médio de R$ 38,48 praticado no mesmo período de 2020.

“Reitera-se o fato de que essas cotações não significam que o produtor está recebendo esses valores, uma vez que há uma escassez de estoques de milho junto ao produtor neste momento”, aponta o boletim técnico.

Segundo levantamento realizado pela Granos Corretora, até o dia 5, Mato Grosso do Sul já havia comercializado 49,56% do milho 2ª safra.

Verruck reitera que o impacto para os produtores rurais do Estado que haviam comercializado antecipadamente a produção pode ser grande. “Tínhamos mais de 44% desse milho comercializado, e muitos produtores não vão ter o que entregar. Já estamos fazendo um trabalho com a Famasul e os principais compradores de milho para verificar a discussão desses contratos”, explica o secretário.

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