Obviamente, quando o assunto são comidas típicas de Mato Grosso do Sul, a situação fica mais apetitosa ainda.
Apesar de Mato Grosso do Sul, ser um estado jovem em comparação as outras regiões do país, seu território vem sendo ocupado há séculos por nativos e migrantes de vários locais - seja do Brasil, países vizinhos ou outros continentes. Tal situação fez com que nossa terra seja palco de uma gama de tradições e costumes.
Diariamente reproduzimos vários desses hábitos aqui, existindo ainda variações de cidade para cidade, já que as influências que cada uma recebeu são diferentes.
A culinária é uma das vertentes culturais que melhor demonstram essa variedade, que ganhou força em uma região sul de um então Mato Grosso, e hoje é uma representação sul-mato-grossense.
E se falamos de comidas típicas de Mato Grosso do Sul, não podemos deixar de explicar a formação do Estado e a ligações culturais e cada uma delas.
As colônias japonesa, paraguaia, boliviana e a árabes ou grupos culturais, e nem deixar de estabelecer conexões de algumas que acabaram ficando mais famosas e representativas que outras com bandeiras que ajudaram, inclusive, na divisão e criação de um novo Estado.
O Mato Grosso do Sul.
Como já dito, as iguarias locais representam a diversidade cultural do Estado e todas suas influências, tanto de outros países como de outras regiões do país, como é o caso do delicioso feijão-tropeiro, herança deixada pelos bandeirantes paulistas e dos imigrantes de São Paulo e Minas Gerais.
Como os livros de histórias não nos deixam esconder, parte da colonização do Estado, quando ainda nem se imaginava que viria a ser um dia o Mato Grosso do Sul, se deve a esses movimentos populacionais.
A ligação com São Paulo é inegável, principalmente com a chegada da estrada de ferro, que trouxe muita gente do interior paulista para cá.
Já a ligação com os mineiros resultaram inclusive na fundação de Campo Grande.
FEIJÃO TROPEIRO
Desde o período colonial, o transporte das mais diversas mercadorias era feito por tropas a cavalo ou em lombos de burros. Os homens que guiavam esses animais eram chamados de tropeiros.
Até a metade do século XX, eles cortavam ainda parte dos estados de São Paulo e Minas Gerais, conduzindo gado. A alimentação dos tropeiros era constituída basicamente por toucinho, feijão, farinha, pimenta-do-reino, café, fubá e coité (um molho de vinagre com fruto cáustico espremido).
Nos pousos, comiam feijão quase sem molho com pedaços de carne de sol e toucinho, que era servido com farofa e couve picada. Assim, o feijão, misturado à farinha de mandioca e a outros ingredientes, tornou-se um prato básico do cardápio desses homens, daí a origem do feijão tropeiro.
Fonte: Wikipédia
Confira a receita completa e o modo de preparar um bom feijão-tropeiro
ARROZ CARRETEIRO
E já que o assunto é a comida de comitiva, não podemos esquecer do arroz carreteiro, típico prato pantaneiro que surgiu com as comitivas que percorriam longas distâncias transportando os rebanhos.
Sem poder congelar a comida, os integrantes carregavam o charque em baús e, ali, a carne seca era adicionada ao arroz, garantindo a alimentação dos trabalhadores.
Quer saber como preparar o arroz carreteiro? Veja aqui
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Peixes e carnes vermelhas
E já que chegamos aos 'produtos nativos', não há como esquecer os pratos que envolvem peixes típicos dos rios de Mato Grosso do Sul, como é o caso do pintado e do pacu, além da piranha.
Às duas primeiras espécies são servidas das mais variadas formas, fritos, ensopados, assados, grelhados, ao urucum, entre outros, enquanto a última é o prato principal do caldo de piranha.
Outro prato, esse mais exótico, é a carne de jacaré, que vem ganhando espaço no Estado.
Já se o assunto for peixe, algumas receitas podem ser conferidas: pacu assado com farofa, pintado ensopado e caldo de piranha.
No campo das carnes vermelhas, o típico churrasco pantaneiro não passa batido, acompanhado de uma boa e suculenta mandioca.
Em outros lugares do país é chamada de aipim, macaxeira e uaipi, mas também é um produto muito usado na gastronomia sul-mato-grossense.
Porém, Mato Grosso do Sul não gira em torno desses pratos.
Temos a influência de outros países.
Sobá
O prato que ganhou até monumento na entrada da Feira Central é o principal símbolo da gastronomia da Capital - onde mais de 1/4 da população do Estado mora - ganhou várias adaptações com o decorrer dos anos, sendo servido com carne bovina, suína e até possuindo uma nova variação, vegetariana.
A introdução do sobá no então sul do Mato Grosso ocorreu simultaneamente à chegada de uma das principais ações, se não, a maior, que impulso para a economia local: a Estrada de Ferro Noroeste do Brasil.
Tudo começou em 1910 e foi, a partir daí, que Campo Grande viu seu status de pequena cidade e foi crescendo década após década para se tornar uma grande cidade e a capital do Estado.
Muito disso passa pela chegada dos colonos japoneses, a maioria deles da ilha de Okinawa.
Um dos principais marcos da culinária regional, principalmente em Campo Grande, é o sobá graças à imigração japonesa.
Chipa:
Outro prato que marca a culinária sul-mato-grossense é a chipa. Típica da cozinha argentina e do vizinho local Paraguai, a chipa é baseada em ovos, polvilho doce e queijo, sendo marca registrada de outra cultura muito forte no Estado, com fortes traços históricos na música, política e até rivalidade - vale lembrar que Brasil e Paraguai já estiveram em guerra.
Por sorte, atualmente os dois países alimentam relações amistosas e dividem muitos elementos culturais, não só na gastronomia, mas também na música, hábitos diários, entre outros.
Na fronteira, é comum a existência de cidades-gêmeas (como Ponta Porã e Pedro Juan Caballero) e um intercâmbio comercial muito grande, assim como estudantil, já que vários brasileiros vão para a região estudar cursos como Medicina.
Também do país vizinho, aqui é possível ver como preparar uma legítima chipa
Vale ressaltar que a colônia paraguaia local é tão forte a ponto de ter uma associação própria, com sede onde ocorrem vários eventos, e estima que cerca de 400 mil dos 2,8 milhões de habitantes do Estado são descendentes de paraguaios.
Assim, também não há como deixar de lembrar de outro elemento que não é de comer, mas é de beber e representa a cultura sul-mato-grossense e a influência como poucas coisas: o tereré.
Parece o chimarrão dos pampas, mas a erva usada é diferente, a bomba para a sucção da bebida também e o ao invés de água fervendo, ela precisa estar bem fria para servir.
Sopa Paraguaia:
Sopa sólida e sem colher?
Já que o assunto é o Paraguai, em Mato Grosso do Sul existe uma sopa que não precisa de colher e nem prato para comer.
Sim, a sopa paraguaia foge bem do conceito de sopa conhecido no restante do país - que geralmente envolve mais líquido do que sólido - e é uma das iguarias mais curiosas aos turistas que visitam o Estado, seja qual for a região em que se hospedem, por mais parecer uma torta do que, de fato, uma sopa.
A sopa paraguaia, de tão peculiar, acaba sendo mais que um mero prato, mas também um símbolo regional e também mais uma prova da influência da cultura do Paraguai no Estado.
Logo de pronto, indicamos uma deliciosa receita de sopa paraguaia.
Bolívia:
Outra influência que ultrapassam os limites geográficos são a saltenha e o arroz boliviano, que como o nome já diz, são pratos vindos da Bolívia através de Corumbá, que faz fronteira com aquele país e carrega muito de sua cultura - que ao contrário do Paraguai, não se expandiu fortemente por todo o Estado, mas ainda assim tem seu espaço na história e costumes da população que mora em solo sul-mato-grossense.
Já da cultura boliviana, oferecemos aqui a receita da saltenha e do arroz boliviano.
Lusitanos e árabes:
Outros pratos de fora são marcantes no Estado por serem símbolo da imigração, como é o caso do sarrabulho, de origem portuguesa (outra colônia forte no Estado, inclusive, com um grande clube próprio na Capital, o Clube Estoril) e que é servido sempre em grandes festas, sendo composto por miúdos bovinos, azeitonas, calabresa e linguiça.
A iguaria fica melhor ainda se for acompanhada de um bom vinho.
Na colônia sírio-libanesa - que por muito tempo se fez representar pelo clube Sírio -Libanês - os pratos são mais que conhecidos, trazendo sabores à tona sabores do outro lado do mundo, como a kafta, tabule, quibe, esfirras, e outras especiarias.
Tem ainda o modo de preparo da saborosa cozinha do oriente médio, como a kafta, tabule, quibe e esfirra.