A adição de metanol – uma substância altamente tóxica – ao álcool combustível, já detectada em São Paulo na semana passada, pode ter chegado também a Mato Grosso do Sul. A informação é de um proprietário de posto de combustível em Campo Grande, que não quis indentificar-se. Segundo ele, a adulteração não ocorre nas distribuidoras e nem nos postos de combustível, mas durante o transporte, ou seja, na estrada, onde a fiscalização é inexistente. Segundo ele, durante o trajeto, um segundo caminhão para ao lado do transportador e transfere, com uso de mangueiras, determinada quantidade de álcool, que depois é completado com metanol. O empresário também alerta que o consumidor deve desconfiar do posto que vende o álcool muito barato. “É inviável pagar R$ 1,81 para a distribuidora e vender a R$ 1,89 na bomba. Essa margem não cobre os custos. Alguma coisa de errado existe”, enfatizou. Outro fato estranho, de acordo com o empresário, foi o pedido de prorrogação da norma que trata de um controle mais rigoroso sobre os combustíveis, solicitado por alguns proprietários de postos da Capital. O controle consiste em acompanhar com maior severidade o processo de venda e distribuição dos combustíveis. As regras de como deverá ser feito esse procedimento ainda não foram publicadas. Procon O superintendente do Procon, Lamartine Ribeiro, frisa que esse é um típico caso em que há a necessidade de parceria com o Ministério Público (MP), Delegacia do Consumidor (Decon) e Procon, com as partes interessadas, ou seja, os proprietários dos postos de combustível. Ele explica que, quando a demanda é coletiva, existe a Procuradoria do Consumidor; quando se trata de pessoa jurídica, como é o caso dos postos, a atuação cabe ao Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco). O superintendente avalia que a situação é bastante complicada. Ele frisa que em São Paulo, que possui laboratórios de análise de combustível, está acontecendo uma enxurrada de adulterações. “Como fica Mato Grosso do Sul, sem laboratório? Vamos planejar alguma coisa para ver o que pode ser feito a respeito dessa situação”, afirmou. Metanol É uma substância altamente tóxica, pode cegar e até matar. De acordo com o proprietário de posto, se uma pessoa de 70 kg tomar apenas duas colherzinhas de metanol, vai a óbito. Além disso, é um produto cancerígeno. Em São Paulo, o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) analisou 50 amostras coletadas em São Paulo. O resultado apontou para um posto revendedor, conhecido como recordista de fraude. O laudo indicou 79% em uma das bombas e 95% em outra, de mistura de metanol. Na semana passada (dia 2), a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustível (ANP) interditou duas bombas de álcool combustível. Em uma delas, o percentual de metanol era de 95,8% e na outra, 79,3%. Esta foi a primeira vez que a ANP detectou a presença de metanol no álcool. A agência vai intensificar a coleta de amostras em São Paulo para verificar se outros postos também estão vendendo etanol contaminado com metanol