Mato Grosso do Sul projeta colheita de milho mais enxuta em relação à safra anterior. Com o atraso do plantio da soja, muitos produtores perderam a melhor janela para a semeadura do milho segunda safra no Estado. Alguns produtores investiram em outras culturas, por isso houve redução na área plantada. Outra preocupação para o desenvolvimento das lavouras são as intempéries climáticas, como a falta de chuvas para e a previsão de geadas para este mês. Dados do Sistema de Informações Geográficas do Agronegócio (SIGA-MS), apontam que a colheita na safra 2019/2020 será 32,5% menor queno ciclo 2018/2019.
De acordo com o presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso do Sul (Aprosoja-MS), André Dobashi, vários fatores foram analisados para se chegar a essa conclusão. “As equipes de campo da Aprosoja/MS identificaram que houve opção por outras culturas, como milheto, sorgo, trigo e pastagem como uma cobertura para segunda safra. Além disso, os indicativos de que haveria uma possibilidade de geada em final de junho, em conjunto com o atraso na colheita da soja, levaram a uma falta de estímulo ao plantio do milho na segunda safra do Estado, o que levou a uma redução da área estimada para 1,9 milhão de hectares, ao invés dos 1,977 milhão anteriormente divulgados”, explicou.
Além da redução na área plantada, há uma frustração quanto à produtividade, que na safra passada superou 90 sacas por hectares. A expectativa, agora, é de fique em 72 sc/ha. “O fator determinante para que haja essa redução de produtividade é em função de todas as intempéries que a gente sofreu no início da semeadura e também no desenvolvimento da planta. O milho perdeu bastante o tamanho da espiga, algumas lavouras não conseguiram polinização efetiva, prejudicando o enchimento dos grãos”, aponta o boletim Casa Rural, elaborado pela Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Famasul).
O volume de produção de grãos na safra 2018/2019 foi de 12,157 milhões de toneladas, neste ano a estimativa é que 8,208 milhões de toneladas sejam colhidas. O presidente da Aprosoja diz que as últimas chuvas deram uma nova força às lavouras. “Este cenário pode apresentar melhoras com a colheita da safrinha que se aproxima e com a contribuição das chuvas na segunda semana de maio e algumas pontuais no início deste mês. Ainda assim, os produtores estão cautelosos quanto a suas lavouras, o que levou à redução da produtividade”, diz Dobashi.
O titular da Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar (Semagro), Jaime Verruck, frisou a importância da parceria com a Famasul e Aprosoja no acompanhamento das safras através do Projeto SIGA-MS. “Não temos nenhum sistema de acompanhamento de safra parecido com esse no país, na qualidade dos dados e com verificação in loco”, ressaltou Verruck.
Verruck lembrou que a redução nas lavouras de milho era esperada, devido ao atraso no plantio e colheita da soja safra 2019/2020. “Mesmo assim temos 1,9 milhão de hectares plantados. A produtividade média sofreu essa quebra em função da estiagem, e ainda assim o Estado vai colher uma safra gigante”. Verruck lembra que todo o processo produtivo no campo vem sendo acompanhado pelo governo, quer seja através do Projeto SIGA/MS, como também do CEMTEC/MS (Centro de Monitoramento do Tempo e do Clima), que produz boletins meteorológicos com análise das variáveis climáticas.
PREVISÃO DO TEMPO
Algumas regiões registraram mais de 20 dias sem chuvas. Além disso, há previsão de geadas para o Estado até o fim de junho. A previsão do tempo estendida indica que nos próximos 15 dias, a chuva será mais intensa na região sul do Estado.
De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) nesta quinta-feira (4), a previsão é de pancadas de chuva e trovoadas isoladas no sul e oeste do Estado; nublado a parcialmente nublado no norte e centro; demais áreas o tempo ficará nublado com pancadas isoladas de chuva. O clima permanece chuvoso na sexta-feira (5) e sábado (6) e no domingo a previsão é de tempo parcialmente nublado a claro.
COMERCIALIZAÇÃO
Quanto ao preço Mato Grosso do Sul teve, para o mês de maio de 2020, uma média de R$ 38,10, cerca de 2,7% menor em relação a abril, entretanto, esta cotação não significa que o produtor vendeu sua produção nestes patamares “É importante destacar que o preço praticado somente está nesses patamares pela baixa dos estoques físicos do produto no mercado, dada a elevada exportação no ano de 2019. Há pouco estoque, logo, o preço da oferta se eleva, devido uma grande demanda do produto no mercado interno”, complementa a economista da Aprosoja-MS, Renata Farias.
De acordo com a Aprosoja/MS é esperada uma queda natural no preço do milho disponível - aquele negociado e entregue no mesmo ato - nos próximos meses, por conta da entrada da safra de milho 2019/2020.
Segundo levantamento realizado pela Granos Corretora, até 1° de junho, o MS já havia comercializado 40% do milho safrinha 2020, avanço de 7 pontos percentuais a mais que o índice apresentando no mesmo período em relação à safrinha 2019.