O vice-presidente da República, Michel Temer, afirmou nesta terça-feira (8) que o governo irá aumentar impostos "só em última hipótese". Temer falou rapidamente com jornalistas antes de deixar o Palácio do Planalto para se dirigir ao Palácio do Jaburu, onde irá receber governadores do PMDB e os presidentes da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).
Mais cedo, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, disse, em Paris, que um aumento nas alíquotas do Imposto de Renda é uma possibilidade em estudo dentro do governo para ajudar no equilíbrio das contas públicas e viabilizar "uma ponte fiscal sustentável".
"Aumento de tributo é só em última hipótese. Em última hipótese, [mas] descartável desde já. Nós não queremos isso", afirmou Temer.
"Temos que verificar, se for possível, simplesmente cortar despesas. A tendência é essa", complementou o vice-presidente.
Também nesta terça, Eduardo Cunha e Renan Calheiros criticaram a possibilidade do aumento no IR. Para Cunha, o governo deve cortar gastos em vez de onerar o contribuinte. Já Renan defendeu que "a primeira coisa a se fazer é cortar despesa".
Temer admitiu, porém, que um dos temas a serem discutidos no jantar com peemedebistas será o aumento da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide), que é um tributo cobrado sobre a venda de combustíveis, para gerar recursos para os cofres da União e dos Estados.
O vice-presidente contou ter ficado "impressionado" com a argumentação do ex-ministro Delfim Netto, que defendeu a tese do aumento da Cide em conversa com Temer, conforme o Blog do Camarotti.
"A argumentação dele é justamente essa: que de um lado traz recursos para a União e de outro, para os estados, mas isso nós vamos ver com os governadores”, ponderou. Segundo ele, a ideia é ouvir sugestões do peemedebistas para apresenta-las à presidente Dilma Rousseff.
"Nós vamos discutir esse tema [da Cide]. E o tema se inicia exatamente pela ideia do corte de despesas, as pessoas não querem, de modo geral qualquer aumento de tributo", disse.
Temer repetiu ainda uma metáfora usada pela presidente Dilma Rousseff de que é preciso tomar "remédios amargos" para o país contornar a crise financeira. Ele afirmou que um eventual aumento da Cide representaria o "menor dos remédios amargos": "Quando se fala em remédios amargos tem que ser, digamos assim, o menor dos remédios amargos."