Em linha com o relatório de inflação divulgado ontem pelo Banco Central (BC), os bancos brasileiros preveem um cenário de pressões inflacionárias e alta de juros em 2010. De acordo com pesquisa da Febraban (Federação Brasileira de Bancos), as instituições projetam alta de 5,1% no IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) neste ano, praticamente a mesma expectativa do BC, de 5,2%.
Essa elevação de preços, segundo os bancos, fará com que o Copom (Comitê de Política Monetária) eleve a taxa básica de juros, a Selic, dos atuais 8,75% para 11,25% até o final do ano. O aperto na política monetária teria início já na próxima reunião do Comitê, em abril, com aumento de 0,5 ponto percentual na Selic.
"A leitura que se faz é de crescimento expressivo da economia, em um cenário de elevação da inflação e consequente aumento dos juros", afirmou Rubens Sardenberg, economista-chefe da Febraban. A pesquisa aponta para expansão de 5,5% do PIB (Produto Interno Bruto) neste ano.
No ano que vem, porém, a combinação de juros mais altos e uma base maior da economia – já que a base de 2009 é bastante baixa por conta da crise financeira – fará com que o ritmo de expansão da economia caia, para 4,5%. A inflação também ficará mais próxima da meta, em 4,6%.
No cenário internacional, a previsão é de aumento dos juros também nos Estados Unidos, onde os Fed Funds (fundos federais de reservas bancárias nos EUA) estão atualmente em banda entre zero e 0,25%. A taxa, segundo os bancos, deve fechar o ano em 0,7%.
Crédito
Além disso, o economista-chefe da Febraban afirmou que os números continuam refletindo cenário bastante favorável para a expansão do crédito. A pesquisa aponta crescimento de 20,9% nas operações neste ano, com destaque para a recuperação dos financiamentos com recursos livres, que terão alta de 21,2%, segundo previsão dos bancos – em 2009, a elevação foi de apenas 9,4%.
"Está implícita redução no crédito direcionado. O cenário ainda é positivo, mas haverá queda no ritmo de crescimento deste tipo de financiamento", afirmou Sardenberg.
Entre as pessoas físicas, a previsão é de aumento de 20,4% no crédito, contra 21,8% para as empresas. A inadimplência, de acordo com o levantamento, deve fechar o ano em 4,6%.
O crescimento no país, porém, ainda será fraco neste ano. A previsão é de expansão de 2,4%. "O cenário para os Estados Unidos e a União Europeia continua complicado", disse Sardenberg.