Já passa de cinco mil a quantidade de trabalhadores do setor de bares e restaurantes demitidos em razão da crise causada pela pandemia no setor. É uma faca de dois gumes: se por um lado o isolamento social ainda é necessário para conter o avanço do novo coronavírus, por outro, representa o decreto de falência de muitos negócios do ramo pela falta de movimento.
E não para por aí. A Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) em Mato Grosso do Sul afirma que o pior está por vir, já que entre agosto e setembro começam a vencer os afastamentos não-remunerados garantidos com ajuda financeira do Governo Federal. Se não for renovado, muitos empresários não terão condições de pagar os salários e os funcionários podem acabar na rua.
A grande questão que paira nesse cenário pessimista é: ainda existe esperança para bares e restaurantes? A resposta depende de qual atitude os donos dos estabelecimentos irão tomar durante a crise. Especialistas afirmam que sobreviverão os mais criativos. Reinventar é palavra de ordem para ficar em pé.
REVEZES
Juliano Wertheimer, diretor-presidente da Abrasel-MS, afirma que piores que a pandemia em si foram os problemas de suporte que as empresas tiveram durante a pandemia.
As linhas de crédito anunciadas pelo Governo Federal não chegaram na ponta. Os bancos pediram garantias que os empresários não tinham como dar, já que o futuro é incerto, ninguém sabe por quanto tempo vai durar o surto.
O Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe) foi a opção mais viável, menos exigente, mas acabou pulverizada e resolveu pouco os problemas. “Evaporou, muitas empresas não conseguiram”, afirmou em entrevista ao Correio do Estado. Para atender mais empresas, os valores foram baixos e não sanaram as necessidades dos micro e pequenos estabelecimentos do ramo”.
Segundo ele, o setor espera que sejam liberadas novas linhas para socorrer os caixas e essa medida deve ser rápida, já que muitos não sabem se conseguirão terminar o ano de portas abertas.
CAMINHO
Andrea Barrera, analista técnica do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) de Mato Grosso do Sul, acredita que seja possível para o setor sobreviver, mesmo com cenário de dificuldades e adversidades, “com criatividade, olhar atento ao mercado”, afirmou à equipe de reportagem.
Em primeiro lugar, é preciso ficar atento ao comportamento do consumidor para tentar reverter os resultados negativos.
“No dia a dia dos negócios, eu percebo que à medida que os eles vão se adaptando aos desafios econômicos trazidos pela pandemia, eles conseguem ter uma retomada no faturamento. A principal dica é remodelar o negócio. Um fator importante é a adaptação do cardápio ao novo modo de consumo, ampliando as vendas online e principalmente o delivery”, pontua.
Receber comida em casa é uma comodidade que já era um grande nicho mesmo antes da pandemia e agora ganha destaque.
Não basta, por outro lado, apenas garantir as entregas. “É importante ter uma presença digital estruturada, com regularidade, formar e estimular o consumidor com uma comunicação acertiva, com facilidade de acessos a pedidos pelos WhatsApp, cardápio online. apresentar possibilidades, como a retirada, entrega, drive-thru, além de variedade de formas de pagamento”, afirma Andreia.
Essas são ações que podem impactar diretamente no faturamento. “As medidas de gestão também são de extrema importância pra se obter bons resultados, pois cada vez mais é necessário acompanhar os indicadores da empresa e fazer as correções necessárias”.
Foco, definições de estratégias claras, organizações de custos, parcerias entre empresas poderão abrir novas possibilidades. “Pensar na abertura de novos mercados é fator que pode ajudar a vencer a crise”, completa.