O plano da Boeing de adquirir o negócio de jatos regionais da Embraer no Brasil foi cancelado. ,Jornal Financial Times havia antecipado, nesta quinta-feira (23), que o negócio estava sob risco. Os dois lados discutiram as condições associadas à união de bilhões de dólares poucas horas antes do prazo que dá a cada uma das companhias o direito de desistir do acordo.
De acordo com o cronograma da operação, assinado em janeiro, as duas companhias tinham até a meia-noite de ontem para fecharem a posição. Pessoas próximas à negociação afirmaram ao FT que um anúncio deve ser feito no fim de semana. Segundo a Revista Veja a Boeing desistiu do acordo bilionário devido a crise vivenciada pela empresa americana com o 737 MAX, agravada pela atual pandemia de coronavírus e pressões políticas.
Ao Financial Times, o analista do Merrill Lynch do Bank of America, Ron Epstein, disse que se trata de "uma questão de liquidez". "A Boeing está em posição de gastar US$ 4,2 bilhões em uma aquisição, considerando o que está acontecendo no mercado mais amplo da aviação comercial?", questionou.
Procuradas, Embraer e Boeing afirmaram que não iriam comentar. Em comunicado divulgado nesta semana, a Embraer reconheceu que a data limite para conclusão da parceria estratégica estava em discussão.
O acordo já vinha sendo motivo de desconfiança no mercado. De um lado, a Boeing está mergulhada em uma crise por causa de dois acidentes com o 737-Max que deixaram centenas de mortos. Já a Embraer teve uma forte queda no seu valor de mercado diante da crise do coronavírus.
Além disso, a Comissão Europeia, único órgão que ainda precisa aprovar o acordo, apontou o dia 7 de agosto como data final para se posicionar acerca do negócio. A operação já passou pelo crivo de 9 reguladores. No lado brasileiro, do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), a liberação saiu em janeiro deste ano.
Os termos e condições aprovados em 17 de dezembro de 2018 definiram a criação de uma joint venture (Boeing Brasil Commercial) contemplando ativos do segmento de Aviação Comercial da Embraer e serviços relacionados (segmento de Serviços & Suporte) com 80% de participação da Boeing e 20% da Embraer. Em 10 de janeiro de 2019, o governo brasileiro informou que não exerceria seu direito de veto no negócio das duas empresas.