Além de receber assistência técnica e acompanhamento da produção nas propriedades a partir de agora, por meio do programa Rota do Sabor, lançado oficialmente nesta sexta-feira pela prefeitura, agricultores familiares de Campo Grande poderão ganhar 14 pontos próprios para comercialização na Capital a partir do segundo semestre deste ano, começando pela região das Moreninhas.
A expectativa é de que o projeto, orçado em R$ 7 milhões e atualmente em análise pelo sistema de convênios do governo federal, tenha início em julho, prazo estimado para empenho de emendas parlamentares, informou nesta sexta o secretário municipal de Desenvolvimento Econômico, de Ciência e Tecnologia, Luiz Fernando Buainain.
“Se eu [produtor] produzo, eu tenho que ter onde vender. Posso vender direto para um distribuidor, para a Ceasa [Centrais de Abastecimento], para uma cooperativa, mas também em um local onde a população vai consumir. Por exemplo, o orgânico tem alguns pontos de venda: na Praça do Rádio, no estacionamento da prefeitura, agora iniciou-se no Shopping Bosque dos Ipês. Então, são lugares de comercialização. Nós estamos chamando de células de comercialização, esses 14 [pontos] que estamos querendo implantar por meio de um convênio com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa)”, explicou.
Conforme o titular da Sedesc, o projeto de Campo Grande que propõe criação das chamadas células de comercialização dos produtores de várias regiões – ao custo médio de R$ 500 mil cada uma – já está inscrito no Sistema de Gestão de Convênios e Contratos de Repasse (Siconv) do governo federal, dependendo do empenho de emendas para ter início.
O primeiro local contempla a região das Moreninhas, por conta do programa Rota do Sabor, iniciado na Chácara das Mansões, “mas o prefeito [Marcos Trad] quer que também se expanda para outros bairros da nossa capital, fomentando e oportunizando a grande fatia que nós temos da agricultura familiar, que é de muita relevância para a nossa capital”, destacou.
SUPORTE TÉCNICO
De acordo com Djalma Pereira, presidente da Associação de Moradores da Chácara das Mansões, a intenção é aumentar a produtividade da região por meio do projeto.
“Temos aqui um potencial muito grande de chácaras, um cinturão verde muito grande e que precisa ser desenvolvido” –, fazendo com que eles possam diversificar a produção e complementar novos ciclos de cultura. Com produção de hortaliças e frutas, o carro-chefe da região é a alface; já o plantio de fruta depende da época. “Neste ano, teve muito poncã”.
A média de rendimento do produtor na região é variável e de acordo com a cultura.
“Tem um produtor que comercializa 500 caixas mensais de alface. Sendo vendidas a R$ 20, geraria renda bruta de R$ 10 mil, mas não chega a ser uma média geral. Daqui para a frente, por meio do projeto, vamos poder elaborar melhor a renda e a produção. Vai ser importante inclusive para o produtor poder planejar e visualizar melhor a sua renda líquida final”, concluiu.
Maurício Akamine, 63 anos, é um dos produtores integrantes do projeto. Com a adesão à iniciativa, a expectativa é dobrar a área plantada, de três para seis hectares de hortaliças. “Eu produzo há 35 anos e é a primeira vez que está havendo incentivo em assistência técnica aqui, para os produtores da região”, enfatizou.
POTENCIAL
De acordo com o titular da Sedesc, Luiz Fernando Buainain, o papel da prefeitura no programa será dar informação exata e números importantes ao produtor sobre produção e consumo, para que ele possa produzir efetivamente esses produtos que são necessários.
“Campo Grande só produz 4% do que nós consumimos. Então, nós temos uma grande oportunidade, 96%, de produzir vários produtos, como, por exemplo, abacaxi, mamão, banana, maracujá, que tem um porcentual muito pequeno de produção e nós temos que buscar fora, de outros municípios ou de outros estados, para poder complementar o consumo dentro da nossa Capital”, concluiu.
O potencial de expansão da produção local é imenso. Somente da batata-doce, deu como exemplo, o Ceasa consome 11 mil toneladas por ano e Campo Grande produz 837 toneladas apenas.
“Dá uma evasão de divisa de aproximadamente R$ 137 milhões”, mencionou. “Temos apoio, qualificação da mão de obra, terra, 169 microbacias hidrográficas em Campo Grande e ainda a energia solar. Com esses quatro pilares, se faz a produção e teremos a oportunidade de escoar toda essa produção, sem perda e sem prejuízo para o produtor”, defendeu.