Carlos Henrique Braga
O presidente venezuelano Hugo Chávez planeja comprar cinco mil linhas de produção de tijolos ecológicos, cada uma composta por até sete máquinas, de empresa de Campo Grande. O objetivo é utilizá-las no programa de habitação para reduzir déficit de 10 milhões de moradias do país. Batizado de Plan Bicentenario de Bloqueras Ecológicas Socialistas (Plano Bicentenário de Fábricas de Tijolos Socialistas), o projeto deve levar os conjuntos às cinco mil comunidades da Venezuela. Cada máquina custa entre R$ 13 mil e R$ 80 mil.
Os moradores aprenderão a operar os equipamentos fabricados pela Ecomáquinas. O contrato deverá ampliar o quadro de funcionários da empresa em 333%, de 60 para 260 funcionários, para dobrar a produção e dar conta da encomenda, que será entregue durante dois anos. A empresa não divulga o valor do contrato, ainda em negociação, mas a gerente de vendas e mercado da fábrica na Venezuela, Gina Gonzalez, estima que o governo investirá cerca de US$ 100 milhões (R$ 180 milhões) em equipamentos.
Nesta semana, a indústria divulgou vídeo da tevê estatal no qual o presidente visita fábrica de tijolos ecológicos em comunidade de Caracas inaugurada em 23 de janeiro. “O problema das moradias será solucionado com um método revolucionário”, disse Chávez aos operários, em referência aos blocos de concreto. “O povo é que vai solucionar os problemas, não as empresas capitalistas”, discursou.
A empresa garante estar preparada para atender ao projeto, que tem como inspiração para o nome os 200 anos em que a Venezuela esteve sob dominação espanhola até ser libertada por Simón Bolívar.
A área industrial será ampliada em 10 mil metros quadrados e a produção dobrará para 400 máquinas por mês.
A gerente de vendas não duvida que, mesmo pequena, a Ecomáquinas conseguirá abastecer as comunidades com as linhas de produção. “Nós já vendemos para a PDVSA, a maior companhia de petróleo daqui, além de outros lugares”, argumenta. “Foi lá que Chávez viu as casas construídas e decidiu comprar as máquinas para o povo construir suas casas”, diz.
Treino
No próximo mês, diretores da empresa viajam a Caracas para acertar os últimos detalhes do contrato com o Ministério da Agricultura e Terras.
Além de vender as máquinas, a empresa de Mato Grosso do Sul treinará pessoas para disseminar a técnica de fabricação dos tijolos, feitos de solo e cimento. Segundo a Ecomáquinas, que neste ano exportou US$ 2 milhões para sete países subdesenvolvidos da América do Sul e África até agosto, o que torna o tijolo ecológico é a receita de fabricação: para cada dez baldes de solo (terra da superfície), é usado apenas um de cimento.
O custo final da obra pode ser reduzido em cerca de 20% com os tijolos ecológicos. Há redução no desperdício de material, especialmente concreto e massa de assentamento. A durabilidade é muito maior do que qualquer outro material de alvenaria.