Com o aumento do preço da gasolina, os consumidores de Campo Grande já começaram a migrar para o etanol.
De acordo com o Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis Automotivos (Sinpetro-MS), as vendas do biocombustível aumentaram 30% no mês passado.
A mudança de comportamento do consumidor reflete a alta no combustível derivado de petróleo.
Levantamento realizado pela reportagem do Correio do Estado constatou que o etanol é comercializado, em média, a R$ 3,09 na Capital.
O litro do combustível foi do mínimo de R$ 2,98 ao máximo de R$ 3,24. Enquanto o preço médio da gasolina ficou em R$ 4,44.
Considerando a pesquisa da reportagem, com a gasolina a R$ 4,45 e o etanol a R$ 3,09, a diferença entre os combustíveis chega a 69%, menor do que o máximo indicado de 70%.
O biocombustível tem uma queima maior, sendo consumido mais rapidamente.
Assim, com um litro de álcool, o motorista percorre uma quilometragem menor, se comparado à autonomia de um litro de gasolina. Por este motivo, o álcool precisa custar até 70% o valor da gasolina.
“Houve aumento em torno de 30% na comercialização do combustível. O etanol se mostra em franco crescimento de vendas, pois está compensando abastecer por causa do fator preço, abaixo da paridade dos 70%”, destacou o diretor do Sinpetro, Edson Lazarotto.
Estado alterou imposto em fevereiro
Vários fatores influenciaram no aumento do consumo do biocombustível. Entre eles a mudança na alíquota que incide sobre os combustíveis de Mato Grosso do Sul.
Em fevereiro deste ano, o governo do Estado alterou o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) sobre a gasolina e o etanol.
A alíquota sobre o etanol reduziu de 25% para 20%, enquanto a da gasolina aumentou de 25% para 30%.
Na época, o governo do Estado alegou que queria incentivar o consumo do biocombustível, que é produzido em MS.
O que só passou a ser possível em meados de setembro, quando o preço do etanol passou a compensar em Campo Grande.
A Associação de Produtores de Bioenergia de Mato grosso do Sul (Biosul) informou que o preço mais competitivo com relação a gasolina é um dos fatores para a recuperação nas vendas do biocombustível.
Em agosto, conforme dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), foram consumidos 12,2 milhões de litros do biocombustível, volume 55,4% maior com relação ao mesmo mês em 2019, quando registrou 7,8 milhões de litros.
A Biosul diz que, ao consumir etanol, o sul-mato-grossense incentiva o crescimento da cadeia produtiva.
“É muito bom que o consumidor possa ajudar a gerar emprego, a preservar o meio ambiente e, além disso, economizar dinheiro ao abastecer com o etanol”, contextualiza o presidente da Biosul, Roberto Hollanda Filho.
Gasolina está mais cara
A equipe do Correio do Estado visitou 20 postos de combustíveis em Campo Grande nesta quarta-feira (7). O litro da gasolina variou entre o valor mínimo de R$ 4,35 e o máximo de R$ 4,59 – média de R$ 4,45.
De acordo com o diretor do Sinpetro-MS, o repasse pode ser referente aos últimos aumentos nos preços dos combustíveis nas refinarias. “Pode ter ocorrido que esse repasse tenha sido do último aumento, que, em virtude da concorrência e das quedas de vendas, não tenha sido repassado na época, como sempre frisamos, o mercado é de livre concorrência”, disse Lazarotto.
Há cerca de 20 dias, em 18 de setembro, a mesma pesquisa foi realizada pela reportagem e constatou preço médio de R$ 4,39, ou seja, R$ 0,06 a menos.
Em setembro, a Petrobras anunciou quatro reajustes seguidos nos combustíveis. Foram três cortes consecutivos de 3%, 5% e 5% no preço da gasolina vendida nas refinarias da estatal. E um aumento de 4%, que passou a valer no dia 23 de setembro. O diesel sofreu três quedas, de 6%, 5% e 5%, e nenhum aumento.
Ontem, o diesel comum era comercializado, em média, a R$ 3,53 – indo de R$ 3,39 a R$ 3,56. Enquanto o diesel S-10 foi de R$ 3,45 a R$ 3,59, média R$ 3,53 por litro.
Estado tem combustíveis mais caros da região
Em Mato Grosso do Sul como um todo, o preço do etanol também é mais competitivo do que o da gasolina.
Segundo o Índice de Preços Ticket Log (IPTL), MS registrou a gasolina e o etanol mais caros da região Centro-Oeste em setembro.
O biocombustível registra o maior preço desde fevereiro, enquanto o litro da gasolina é o mais caro da região desde abril. Em setembro, o preço médio do litro da gasolina em MS foi de R$ 4,73, e do etanol, R$ 3,31.
Conforme o levantamento, na região, o maior valor para a gasolina foi registrado em MS (R$ 4,73), na sequência vem Goiás, com média de R$ 4,62; em Mato Grosso, o litro é comercializado a R$ 4,58; e no Distrito Federal a R$ 4,57. A pesquisa aponta ainda que o Estado teve o quarto combustível mais caro do País, atrás apenas do Acre, R$ 5,13, do Rio de Janeiro (R$ 4,92) e do Pará, onde a gasolina é vendida a R$ 4,74.
De acordo com a pesquisa, o litro do etanol caiu desde a mudança no ICMS. Em fevereiro, o litro custava R$ 3,79 no Estado, R$ 0,48 a mais do que o preço registrado em setembro (R$ 3,31).
Considerando a pesquisa, com a gasolina a R$ 4,73 e o etanol a R$ 3,31, a diferença entre os combustíveis chega a 69%, menor do que o máximo indicado de 70%