EDILSON JOSÉ ALVES, PONTA PORÃ
O fechamento de vários acessos de Ponta Porã a Pedro Juan Caballero, no Paraguai, continua provocando muitas discussões na região de fronteira. No início desta semana desconhecidos construíram meio-fio impedindo a passagem de veículos entre as duas cidades. Ontem, os comerciantes brasileiros se reuniram com os vereadores e se mostraram revoltados com a concorrência que consideram desleal e disseram que vão exigir providências por parte das autoridades brasileiras.
Durante a reunião no gabinete do presidente da Câmara Municipal de Ponta Porã, Daniel Valdez Puka (DEM), o presidente da Associação Comercial e Empresarial de Ponta Porã (ACEPP), Evaldo Pavão Senger, que estava acompanhado de comerciantes de diversos setores, disse que os brasileiros não conseguem mais sobreviver com a concorrência paraguaia.
Eles querem redução da carga tributária e disseram que vão exigir compromisso dos candidatos a governador do Estado e para a Câmara Federal. “Nós temos que acalmar os ânimos e não podemos concordar com a incitação à população que vem sendo feita através de políticos paraguaios”.
Evaldo disse que o artigo 43 da Constituição Federal diz que o governo precisa agir em regiões de fronteira onde ocorra o desequilíbrio econômico/financeiro. “Será que vamos assistir tudo passivamente enquanto a nossa Petrobras faz investimentos em postos na linha de fronteira no lado do Paraguai, quebrando os comerciantes brasileiros”.
O líder dos comerciantes disse que é preciso agir sempre dentro da lei e criticou os investimentos em publicidades que são feitos pelos comerciantes paraguaios em território brasileiro, ao contrário do Paraguai, onde, segundo ele, existem restrições aos estrangeiros. O comerciante Eduardo Gaúna ressaltou que o Paraguai sempre existiu e vai continuar existindo, “mas a questão é que estão ultrapassando os limites”.
Com relação a construção de bloqueios nos acessos de Ponta Porã à Pedro Juan Caballero, a Polícia Civil continua com as investigações para identificar quem seriam os autores dessas obras. Já a edificação de um meio-fio e plantação de eucaliptos que vai encobrir toda a visão de um novo projeto que está sendo desenvolvido pelo Grupo Shopping China, o comerciante Francisco Cunha, disse que a obra não é clandestina e que tem autorização para sua execução. No local, no início dessa semana ocorreram discussões entre brasileiros e paraguaios, gerando animosidade entre as duas comunidades.
O empresário paraguaio Felipe Cogorno, presidente do Grupo Shopping China, que está executando o projeto do novo empreendimento na linha de fronteira, na divisa dos dois países, bem no início da MS-164, disse que a plantação de eucaliptos em frente ao local onde será construída a obra de US$ 3,5 milhões, gerando 500 empregos diretos fica inviável. “Quem tem que querer não sou eu. As autoridades que dizem que querem trazer novos investimentos, progresso e desenvolvimento para a fronteira é que devem estar mais interessadas. Vamos gerar 500 empregos e boa parte deles será para os brasileiros”, ressaltou.
No sábado pela manhã os comerciantes estão com reunião marcada com a senadora Marisa Serrano (PSDB). Na oportunidade, eles vão pedir interferência dela no Congresso Nacional, no sentido de solucionar o conflito, motivado principalmente pela alta carga tributária brasileira.