Economia

RECUPERAÇÃO

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Comércio reage e economia começa a "sair do coma" em MS

Segmento amplia as vendas, demite menos e melhora perspectivas para os próximos meses

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Os piores impactos da pandemia do novo coronavírus (Covid-19) na economia estadual foram no período entre abril e maio. 

Levantamento do Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento da Fecomércio (IPF-MS) e Sebrae aponta que o comércio já registra recuperação nos meses de junho e julho. 

Outro setor que impulsiona a economia é o agronegócio, que registra bons números desde o início da pandemia. 

Economistas acreditam que Mato Grosso do Sul, assim como o País, começa a “sair do coma” e já projeta recuperação para os próximos meses.  

A terceira edição da pesquisa “Impactos do Coronavírus no Comércio de Bens e Serviços de MS” aponta que a queda no faturamento ainda persiste, mas ela é considerada menor do que nos meses anteriores. 

Segundo a economista do IPF-MS, Daniela Dias, as demissões também continuaram perdendo força e, para os próximos três meses, a tendência deve ser de queda. 

“Tivemos uma redução da velocidade com que as demissões estão acontecendo e a melhora em termos de faturamento de alguns empresários. Muitas pessoas voltaram a consumir, voltaram a frequentar as lojas físicas e se adaptar às novas tendências direcionadas ao e-commerce. O País está saindo de um coma induzido e a gente em Mato Grosso do Sul também está saindo, dada a essa reação de alguma forma da economia”, ponderou.  

Entre maio e junho, 24% dos empresários do Estado demitiram funcionários, um porcentual 4% menor na comparação com a pesquisa anterior. 

A perspectiva é de que nos próximos três meses haja uma amenização ainda maior e o porcentual chegue a 8%.

Para o secretário-adjunto da Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar (Semagro), Ricardo Senna, o momento é de cautela. 

“Alguns indicadores começam a melhorar, de fato, mas prefiro a cautela. A gente ainda não sabe como vai evoluir a pandemia, os números só se agravam, os leitos estão com a capacidade máxima. Mas claro que a gente espera que a economia possa reagir, alguns setores estão indo bem como a exportação, mas nem todo mundo consegue acompanhar o mesmo ritmo de recuperação. Eu prefiro a cautela, esperar a sinalização da política nacional, parece que teremos novos estímulos em termos de crédito, é possível que essa nova política possa impactar o setor de comércio e serviços e a gente acelerar a recuperação”, analisou. 

Mecanismos

Os principais mecanismos de retomada apontados pelo estudo foram a cautela (38%), higienização (17%), crédito (16%), flexibilização (5%) e delivery (4%).

 “Percebemos a cautela e a higienização, para garantir que os estabelecimentos sejam seguros para serem frequentados. Além disso, a busca por crédito cresceu bastante e muitas empresas tiveram crescimento fazendo vendas on-line”, destaca a analista do Sebrae-MS, Vanessa Schmidt.

A pesquisa mostra ainda que a maioria dos empresários (67%) realizou alterações nos canais de comercialização: passaram a vender pelas redes sociais (34%), utilizam ou intensificaram o uso de plataformas on-line de comercialização (22%) e investiram no atendimento em domicílio ou a distância (11%). 

E, destas mudanças, a maioria (80%) disse que serão mantidas no pós-crise, com um crescimento de 10 pontos porcentuais em relação ao estudo anterior.

Considerando os segmentos do comércio que tiveram ampliação mais significativa nas vendas, os eletrônicos e as peças para automóveis se destacaram. 

“Os segmentos que tiveram uma melhora mais significativa, até com uma possibilidade de aumento na comercialização se voltaram principalmente à venda de produtos eróticos, peças e acessórios automotores, eletrônicos e do segmento voltado à educação. Os que ainda estão sofrendo são moda e turismo e eventos, mas todos de certa forma tiveram uma amenização”, complementa a economista Daniela Dias.

Exportações

Entre os setores menos impactados com a pandemia, o agronegócio registrou dados positivos. 

No primeiro semestre de 2020, Mato Grosso do Sul superou em US$ 269,098 milhões o total exportado no mesmo período do ano passado, ou R$ 1,4 bilhão quando convertido para o real considerando o dólar a R$ 5,35. De janeiro a junho de 2019, foram US$ 2,690 bilhões em negócios; neste ano, no mesmo período, foram US$ 2,959 bilhões negociados.

A ampliação das receitas, mesmo durante a pandemia do novo coronavírus, foi puxada pelo envio de soja, celulose e carnes bovina e de aves.

Conforme os dados da Carta de Conjuntura do Setor Externo do mês de junho, o saldo da balança comercial de Mato Grosso do Sul no primeiro semestre de 2020 apresentou crescimento de 28,27% em relação ao mesmo período de 2019. 

A diferença entre importações e exportações soma US$ 1,993 bilhão no semestre, com US$ 2,959 bilhões exportados e US$ 965,501 milhões importados.

Nacional

O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, afirmou nesta quarta-feira (22) que a economia brasileira passou por um “coma induzido” por causa da crise. Segundo ele, “o fundo do poço” foi no fim de abril e começo de maio, mas indicadores recentes mostram recuperação. 

Campos Neto repetiu a avaliação de que a estimativa do BC para o Produto Interno Bruto (PIB) neste ano, com queda de 6,4%, é pessimista.  

De acordo com o presidente do BC, a perspectiva é melhor. Para o Ministério da Economia, o tombo neste ano será de 4,7% e, para o mercado financeiro, de 5,95%. 

“É como se fosse um coma induzido, desligou tudo, não tínhamos tido nenhuma experiência na nossa história. Acho que agimos com bastante agilidade”, disse ele ao Valor Econômico.

HABITAÇÃO

Contratação de crédito imobiliário registra queda 33,9% no primeiro bimestre em MS

Em janeiro e fevereiro foram negociadas 591 unidades habitacionais no Estado, ante os 894 imóveis financiados no ano passado

19/04/2024 08h30

Foto: Arquivo / Correio do Estado

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O volume de imóveis financiados em Mato Grosso do Sul apresentou queda de 33,89% nos primeiros dois meses deste ano, na comparação com o mesmo período de 2023.

Segundo a Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), no 1º bimestre foram negociadas 591 unidades por meio de financiamentos, o que resultou em R$ 222,642 milhões disponibilizados para negociações com recursos da poupança. 

Já em janeiro e fevereiro do ano passado foram negociadas 894 unidades por meio de crédito imobiliário utilizando o Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE), e o valor das operações quase chegou a R$ 290 milhões (R$ 289.449.681,00). Quando analisados os valores, a diferença resulta em redução porcentual de 23,08%.

Em janeiro do ano passado foram disponibilizados R$ 161,620 milhões - para 487 unidades negociadas, contra R$ 113,143 milhões e 283 imóveis do primeiro mês de 2024, ou seja, R$ 48,477 milhões a menos liberados para a compra de imóveis.

Segundo análise de especialistas, a redução do volume aplicado na poupança teve influência direta no cenário de Mato Grosso do Sul.

Em fevereiro de 2023 os recursos chegaram a R$ 127,829 milhões (407 unidades), ante as 308 unidades deste ano, e R$ 109,498 milhões, redução de R$ 18,331 milhões.

Dentre os principais motivos para a queda dos financiamentos no Estado, o principal é o juro alto praticado pelos bancos nas operações imobiliárias. As taxas ainda estão muito parecidas com a da Selic, fazendo que o valor contratado do financiamento quase dobre ao final do período.

Nas simulações feitas pelo Correio do Estado, por exemplo, as taxas de juros em financiamentos imobiliários no Sistema Financeiro da Habitação (SFH), que utiliza os recursos do sistema brasileiro de poupança, variaram entre 9,5% e 12,5% ao ano, a depender do relacionamento que o cliente tem com o banco.

O economista Renato Gomes explica que o panorama está também relacionado aos resgates e os saques que têm acontecido nas aplicações da poupança.

“Os brasileiros estão tirando dinheiro da poupança pela baixa atratividade, uma vez que essas pessoas estão interpretando, que não está compensando manter o dinheiro na poupança”, pontua.

Gomes destaca ainda que os valores acumulados na poupança são destinados para aquisições imobiliárias por meio do SBPE, uma modalidade de crédito que depende dos recursos da poupança. 

“Esse recurso fica escasso e, portanto, ocorre uma queda na quantidade, no volume de financiamento advindo desta linha de crédito, que é o financiamento imobiliário pela poupança”, detalha o economista.

HISTÓRICO

Nos seis anos anteriores, houve uma instabilidade no volume de negócios fechados através dos financiamentos com recursos da poupança.

De acordo com o relatório da Abecip, entre 2018 e 2021 os números de unidades e valores negociados ficaram em ascensão. Já nos dois últimos anos houve declínio nos financiamentos.

 

Em 2018 foram 3.544 imóveis financiados em Mato Grosso do Sul. O número subiu para 4.038 em 2019, para 6.200 em 2020 e atingiu o ápice em 2021, quando 10.543 unidades foram negociadas no Estado.

Conforme agentes do setor, a pandemia da Covid-19 impactou em mais pessoas trabalhando de casa e com isso muitos saíram do aluguel e compraram a casa própria no período. 

Em valores, o montante também teve ascensão nos anos citados, saindo de R$ 759,076 milhões nos 12 meses de 2018 para R$ 2,653 bilhões em 2021, alta 249% no período. 

Já em 2022, o valor disponibilizado para financiamentos imobiliários com recursos da poupança no Estado reduziram para R$ 2,606 bilhões, resultado 9.104 moradias negociadas. Enquanto no ano passado, houve uma segunda queda tanto em valores (R$1,826 bilhão) quanto em unidades financiadas (5.944).

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Economia

Petrobras quer retomar obras em navios inacabados pré-Lava Jato

Embarcações eram construídas por estaleiro que fechou as portas após início da operação

18/04/2024 21h00

Fernando Frazão; Agência Brasil

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A Petrobras estuda uma maneira de retomar as obras de dois navios petroleiros remanescentes das encomendas feitas ainda no primeiro programa de revitalização da indústria naval brasileira, nas primeiras gestões do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
As embarcações eram construídas pelo estaleiro Mauá, em Niterói (RJ), que fechou as portas em 2015 após a descoberta do esquema de corrupção investigado pela Operação Lava Jato. Hoje, elas pertencem ao BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), que financiou as obras.

Os dois navios eram parte de um contrato de quatro embarcações do tipo Panamax assinado entre o Mauá e a Transpetro, subsidiária da Petrobras para o transporte de petróleo e derivados.

Delas, apenas uma foi entregue. Outras duas estavam em fase avançada de construção e a quarta, ainda em estágio inicial. Os navios mais avançados passaram anos no cais do estaleiro Mauá e hoje estão no estaleiro Ilha, na zona norte do Rio, que pertence ao mesmo grupo.

Em evento sobre o setor nesta quinta-feira (18), o presidente da Transpetro, Sergio Bacci, disse que a empresa vem negociando com o BNDES a compra dos navios para concluir as obras. "É intenção da Transpetro retomar esses navios", afirmou.

Uma das embarcações sofreu inundações na casa de máquinas durante o período em que esteve parado no Mauá, o que danificou o motor. A troca demandaria abrir novamente o casco, o que é um desafio ao projeto.

"Não é simples", afirmou Bacci. "Para trocar o motor tem que fazer uma cesariana no navio", comparou. A ideia seria contratar um estaleiro para realizar a operação e concluir as obras.

Na época, os navios foram encomendados por US$ 87 milhões, cada um. Foi a última licitação de navios do programa naval dos primeiros governos Lula, que tenta novamente fomentar a atividade do setor.

A Transpetro prepara-se para lançar licitação para a encomenda de quatro navios para o transporte de combustíveis, já aprovadas pela Petrobras, mas cujo leilão depende de medidas do governo para ampliar competitividade dos estaleiros brasileiros.

Entre elas, está a retomada da cobrança de imposto de importação sobre navios, que ficaram isentos em lei aprovada pelo governo Jair Bolsonaro (PL). Outra é a aprovação pelo Senado de projeto de lei que acelera a depreciação de ativos industriais no país, que já passou pela Câmara.
Bacci reforçou que a Transpetro estuda contratar mais doze navios --quatro de combustíveis líquidos e oito de gás de cozinha-- mas a encomenda ainda não foi aprovada pela Petrobras e, portanto, deve ficar para 2025.

O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, defendeu que, apesar dos problemas do passado, o Brasil deve voltar a fomentar a indústria naval "sem nenhum sentimento de culpa".

Ele apresentou a demanda da Petrobras para o setor, que inclui módulos de plataformas de produção de petróleo, desmantelamento de plataformas antigas e a construção de navios e embarcações de apoio à produção.

A companhia já lançou licitação para 12 barcos de apoio a plataformas em alto mar e planeja licitar mais 10 ainda este ano. Outros 11 serão necessários até 2030. Ao todo, são previstos investimentos de US$ 2,5 bilhões, com a geração de 28 mil empregos.

Prates defendeu também a retomada de obras de refino paralisadas pela Lava Jato, como a Refinaria Abreu e Lima e o antigo Comperj (Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro).
"Temos que terminar, vamos retomar uma por uma. Vai virar o quê? Elefante branco, com 80% concluído, como essa planta de fertilizantes do Mato Grosso do Sul? Se for viável, faremos."

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