Adquirir um imóvel de alto padrão no litoral brasileiro pode sair mais barato do que comprar um apartamento de características semelhantes em bairros nobres de Campo Grande.
Levantamento com base em dados do FipeZAP, Viva Real e ZAP Imóveis mostra que, enquanto na capital sul-mato-grossense o preço médio do metro quadrado residencial atinge R$ 6.348, em cidades litorâneas com alto padrão construtivo é possível encontrar valores entre R$ 5.179 e R$ 5.944, a depender da localização e da estrutura do empreendimento.
A comparação entre imóveis concretos revela uma diferença expressiva. Um apartamento de 241 metros quadrados no Bairro Carandá Bosque, um dos bairros mais valorizados de Campo Grande, custa cerca de
R$ 3,5 milhões – o equivalente a R$ 14,5 mil por m².
Já em Jurerê Internacional, em Florianópolis, um imóvel de 157 m², a poucos metros do mar e com infraestrutura completa de lazer, é ofertado por R$ 2,29 milhões ou R$ 14,6 mil por m², mas com o apelo adicional da vista para o oceano e a possibilidade de uso como segunda residência e investimento para locação.
Em alguns casos, a diferença é ainda maior. No Bairro Jardim dos Estados, outro endereço nobre de Campo Grande, um apartamento de 181 m² custa R$ 2,3 milhões. Já em Piçarras, cidade litorânea catarinense em ascensão, um imóvel de 167 m² é vendido por R$ 1,45 milhão – quase R$ 850 mil a menos.
Ainda de acordo com o levantamento FipeZAP, os bairros com maior valor por metro quadrado em Campo Grande são o Santa Fé, com R$ 11.069 por m², o Jardim dos Estados, R$ 10.469 por m², e o Carandá Bosque, com R$ 9.291por m².
Para o presidente do Sindicato da Habitação (Secovi-MS), Geraldo Paiva, os dados revelam uma Campo Grande em transformação, com novas demandas e padrões de crescimento.
Segundo ele, a valorização está diretamente associada ao lançamento de empreendimentos, o que movimenta toda a cadeia da construção civil e influencia a vida social e econômica da cidade.
“O mercado imobiliário é um importante vetor de desenvolvimento. Cada novo empreendimento impulsiona o crescimento urbano de forma ordenada, melhora a infraestrutura e gera empregos. Hoje temos cerca de 77 empreendimentos em comercialização na Capital, muitos deles ‘faseados’, o que mostra o vigor do setor”, destaca Paiva.

ANÁLISE
Para o economista Ricardo Amorim, que esteve em Campo Grande durante o evento Vetter Experience e falou com exclusividade ao Correio do Estado, o momento é propício para quem pretende diversificar o patrimônio em imóveis, especialmente em regiões com forte desempenho econômico e apelo turístico.
“Eu diria que, sem dúvida, compensa. Obviamente, você precisa olhar que imóvel, onde é o imóvel, a qualidade, a confiança de quem constrói, tem vários fatores. Mas, de uma forma geral, investimento em imóvel é uma boa opção pelo seguinte: o próximo grande movimento da taxa de juros no Brasil vai ser para baixo”, afirma.
Segundo Amorim, a tendência de queda dos juros nos próximos trimestres, impulsionada pela desaceleração da inflação, vai ampliar o crédito imobiliário e aumentar a demanda por imóveis, o que deve pressionar os preços para cima.
“Quando isso acontecer, os bancos vão oferecer mais crédito imobiliário. Com mais crédito imobiliário, mais gente vai comprar imóvel. Quando mais gente vai comprar imóvel, o preço sobe. Qual é a boa hora de investir? Antes de isso acontecer, porque você aproveita a valorização que acontece com o imóvel”.
O especialista destaca que dois grupos de regiões devem apresentar desempenho acima da média: áreas com forte produção agropecuária, como o Centro-Oeste, e polos industriais e turísticos bem estruturados, como o litoral norte catarinense.
“No caso específico do norte de Santa Catarina, ainda tem a capacidade de atração de gente do Brasil inteiro e até da América Latina, porque é uma região linda de morrer. São as praias que fazem isso”, resume.
MERCADO
O cenário favorece quem pretende migrar ou adquirir uma segunda residência no litoral. Além dos preços ainda competitivos em comparação a Campo Grande, o investidor encontra infraestrutura turística, segurança, serviços de qualidade e um mercado imobiliário aquecido pela migração de famílias e aposentados de outras regiões.
A valorização contínua em cidades de Santa Catarina, por exemplo, sustenta-se pela combinação de escassez de terrenos disponíveis, investimentos públicos e privados em urbanismo e fortalecimento do setor de turismo de alto padrão. Isso tem atraído tanto compradores para uso próprio quanto investidores interessados na renda de aluguéis de temporada, potencializada pelo turismo crescente.
De acordo com Maicon Oliveira, diretor de Operações da Vetter Incorporadora, Mato Grosso do Sul é hoje uma das regiões com maior concentração de renda no campo, com um perfil de investidor sofisticado, que busca diversificar seu patrimônio com segurança e foco no longo prazo.
“Santa Catarina oferece exatamente isso: um litoral estruturado, seguro, com excelente qualidade de vida e empreendimentos que aliam exclusividade e rentabilidade”, afirma.
O agronegócio sul-mato-grossense, responsável por mais de 30% do PIB estadual e com exportações superiores a R$ 40 bilhões ao ano, vem ampliando seus investimentos “fora da porteira”, especialmente em imóveis de segunda residência e alto padrão.
O litoral norte catarinense tem se destacado como destino preferido não apenas pelo apelo turístico, mas também pela segurança, a valorização constante e os projetos urbanísticos modernos.
Dados da Federação de Consórcios, Associações de Municípios e Municípios de Santa Catarina mostram que mais de 300 mil pessoas migraram para o estado entre 2020 e 2023.
Para Maicon Oliveira, essa tendência ganhou força no pós-pandemia. “Famílias de alta renda, acostumadas a rotinas intensas nas capitais ou no campo, têm buscado imóveis que ofereçam lazer, segurança e infraestrutura sem a necessidade de deslocamentos. Nesse cenário, empreendimentos se destacam por atenderem plenamente a esse novo estilo de vida”, conclui.




