A emblemática ponte sobre o Rio Paraguai, que liga a cidade de Porto Murtinho (MS) a Carmelo Peralta, no Paraguai, deve começar a ser construída ainda este ano. A obra deve consolidar o projeto da Rota Bioceânica, que tem como objetivo fazer a integração comercial latino-americana e encurtar a “viagem” dos produtos até a Ásia.
“Se na sexta-feira [hoje] nós homologarmos [o consórcio que construirá a ponte], em mais 15 dias teremos a contratualização desse processo. A gente continua com a perspectiva de que o início das obras ocorra ainda neste ano. Provavelmente em meados de novembro”, disse o titular da Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar (Semagro), Jaime Verruck, ao Correio do Estado.
Segundo a gestão estadual, a construção da ponte é o último passo para a concretização da Rota Bioceânica, e tanto o Brasil como o Paraguai reconhecem a importância da nova estrutura para o desenvolvimento econômico de ambos.
LICITAÇÃO
Dois consórcios de empresas brasileiras e paraguaias disputam a licitação para a construção da ponte sobre o Rio Paraguai, que ligará os municípios Porto Murtinho e Carmelo Peralta.
O investimento previsto para a conclusão da ponte é de US$ 97,7 milhões e será financiado pela Usina Hidrelétrica de Itaipu.
O consórcio Paraguai-Brasil, composto pelas empresas Tecnoedill Constructora S.A., Cidade Ltda. e Paulitec Construções, propõe-se a construir a ponte pelo custo de US$ 89.787.010, deságio de 8,14% em relação ao valor orçado (U$ 97.743.517).
Enquanto o consórcio Puente Bioceánico, integrado pelas empresas Ocho A A.S. e a Construtora Queiroz Galvão S.A. apresentou a proposta de U$ 92.847.527, redução de 5,01% do valor orçado.
De acordo com o secretário, o consórcio que ficará responsável pela obra deve ser conhecido hoje.
“Ainda não temos a definição de qual consórcio vai construir a ponte. Nesta sexta-feira, temos reunião com a comissão mista Brasil-Paraguai, da qual faço parte, e vamos homologar o vencedor", considerou Verruck.
"Temos dois consórcios na disputa e nós acreditamos que o envio será daquele com o menor preço. Um consórcio é o que está construindo a ponte em Foz do Iguaçu, e o outro, a Rota Bioceânica, qualquer um dos dois tem grande experiência de trabalho no Paraguai”, completou.
Conforme o projeto, a estrutura terá duas pistas de rolagem de veículos de passeio e caminhões, com 12,5 metros de largura, além de duas passagens nas laterais, com 2,5 m cada, para o trânsito de pedestres e ciclistas.
A ponte terá extensão de 1.300 metros, com um vão de 360 metros sobre o rio e uma altura de 22 metros.
Em visita a Mato Grosso do Sul na quarta-feira (22), o ministro da Indústria e Comércio do Paraguai, Luis Alberto Castiglioni, destacou a importância do projeto.
“Entendemos que para nos integrarmos temos que fortalecer a logística, a capacidade para o tráfego intenso que vai haver por lá, que vai permitir que o produto de Mato Grosso do Sul chegue muito rapidamente ao mercado internacional, provavelmente com menores custos”, destacou.
ROTA
A implantação da Rota ou Corredor Bioceânico tem o intuito de expandir a relação comercial do Estado com países asiáticos e sul-americanos e deve fomentar, além da diversificação da pauta de exportações, a atração de indústrias e empresas para MS.
O corredor rodoviário entre Brasil, Paraguai, Argentina e Chile vai interligar os oceanos Pacífico e Atlântico.
Conforme estudo desenvolvido na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), os custos para o envio da produção sul-mato-grossense serão reduzidos, além do tempo de viagem, que será encurtado em até 17 dias rumo ao mercado asiático.
Levantamento realizado pela Federação das Indústrias de Mato Grosso do Sul (Fiems) aponta que o Corredor Bioceânico terá potencial para movimentar US$ 1,5 bilhão por ano em exportações de carnes, açúcar, farelo de soja e couros para os outros países por onde passará.
O projeto começou a ser debatido em 2014, e a expectativa é de que a obra seja entregue até julho de 2024.