A inflação em alta tem castigado os consumidores, que arcam com preços maiores, não só de alimentação, mas de combustíveis, energia elétrica, entre outros serviços. Famílias tentam cortar as despesas para encarar nova leva de aumentos de preços que fez Campo Grande aparecer na 5ª colocação com a maior alta na inflação, com um aumento mensal de 0,97%.
Como noticiado pelo Correio do Estado, em maio, a inflação da Capital registrou um leve aumento em relação ao mês anterior. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) foi de 0,97%, 0,51 ponto porcentual acima da taxa de abril (0,46%).
Tanto no índice mensal quanto no acumulado do ano e em 12 meses, a taxa de Campo Grande se mantém maior que a brasileira.
O doutor em economia e professor da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS) Mateus Abrita, aponta que boa parte da renda disponível está sendo comprometida com apenas algumas despesas básicas.
“O impacto para o consumidor não é bom, na medida que a alta dos preços diminui seu poder de compra, caso ele não tenha aumentos nos rendimentos ou salários. A economia mundial teve uma destruição de riqueza muito grande por conta da pandemia. Muitas mazelas que já existiam foram agravadas, como por exemplo, a desigualdade socioeconômica, a extrema pobreza, a fome e a destruição de postos de trabalho”, explicou ao Correio do Estado.
Ainda assim, as contas de luz devem ficar mais caras nas próximas semanas, diante da pior crise hídrica na região das hidrelétricas dos últimos 91 anos e do acionamento de usinas termelétricas para garantir o fornecimento de energia.
A cobrança das bandeiras tarifárias foi retomada em janeiro e, desde então, tem encarecido as contas de luz da população.
No momento, a bandeira definida pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) é vermelha patamar 2, que é o mais alto e estabelece acréscimo de R$ 0,06243 para cada quilowatt-hora kWh consumido.
O economista Marcos Rezende explica que, além da alta do dólar e do aumento das exportações, que influenciam no preço dos produtos, outros fatores também impactaram nos reajustes.
“O custo de vida está muito alto, diversos serviços subiram mais de 15% em um espaço de um ano, tudo isso em meio à pandemia, com milhares de pessoas desempregadas. Em 2021, o consumidor está acumulando inflação no bolso, a gasolina não baixou e o preço de diversos alimentos não voltou ao que era antes, então ele precisa fazer um malabarismo maior para suprir a questão inflacionária”, apontou o especialista.
Ademais, com 14 aumentos consecutivos desde maio do ano passado, o preço médio do botijão de 13 kg aumentou 17,5% no intervalo de um ano em Campo Grande, conforme dados da Agência Nacional do Petróleo (ANP).
ALIMENTAÇÃO
O grupo alimentação registra aumento de 14,71% em 12 meses e de 0,49% no mês de maio. Conforme a análise da cesta básica divulgada pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), a cesta básica subiu 26,27%.
Em maio do ano passado, o consumidor desembolsava R$ 455,35 e neste ano investe R$ 575,01 – aumento de R$ 119,66.
Conforme o levantamento, a jornada de trabalho necessária para comprar a cesta completa foi de 115 horas em maio. O valor da cesta representa 56,51% do salário-mínimo. Marcos Rezende reitera que a disparada dos preços dos alimentos tem influenciado no orçamento de milhares de famílias, em meio ao agravamento da pandemia.
“A situação é dramática, o auxílio emergencial está menor, milhares de pessoas perderam renda, vivemos em uma pandemia. A disparada dos alimentos compromete a capacidade de compra dos consumidores, infelizmente a fome tem atingido grande parte da população de uma maneira que já não acontecia há alguns anos”, alegou o especialista.
Os dados do IBGE apontam que os campeões de aumento em 12 meses foram o óleo de soja (60,03%), costela (49,59%), arroz (49,45%) e frango (16,39%).