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PERSPECTIVA

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Especialistas apontam que demanda por linhas de crédito deve aumentar

Em 2020, os micro e pequenos tiveram mais dificuldade para conseguir empréstimos

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Segundo o levantamento Financiamento dos Pequenos Negócios no Brasil, realizado pelo Sebrae, o volume de linhas de crédito passou de R$ 65 bilhões, no segundo trimestre de 2019, para R$ 87 bilhões, no mesmo período de 2020.

E neste ano deve crescer ainda mais. De acordo com o economista-chefe da Associação Comercial e Industrial de Campo Grande (ACICG), Normann Kalmus, a demanda expressiva por linhas de crédito já era esperada por causa da pandemia da Covid-19, porque muitas empresas tiveram de se adaptar às novas regras.

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“Já contávamos com aumento da demanda por crédito, sendo um recurso fundamental no combate aos efeitos econômicos da pandemia. As empresas seriam fechadas se não houvesse linhas de crédito disponíveis, isso aliado à flexibilização de contratos de trabalho. Tudo contribuiu para que os negócios pudessem ser mantidos de alguma forma”, explicou.  

A expansão do volume do crédito ficou concentrada nas empresas de pequeno porte (EPP), que receberam 83% das novas concessões, seguidas das microempresas, com 12%, e dos microempreendedores individuais (MEIs), com 5%.

O gerente de Desenvolvimento de Negócios do Sicredi, Miguel Greco, destacou que as opções de financiamentos despertam a atenção do público pela facilidade de acesso.  

“Em Mato Grosso do Sul, muitas pessoas recorrem às linhas de crédito pela facilidade, taxas de juros justas e prazos de pagamento confortáveis. Desde que o recurso seja bem empregado para investimento de fato, ele tende a gerar um negócio sustentável e com grande potencial de crescimento, sendo esse o objetivo das linhas de crédito, fomentar os negócios”, explicou.  

Conforme o analista técnico do Sebrae-MS Vagner Teixeira, neste ano, a procura por linhas de crédito deve continuar, considerando a retomada de alguns negócios e o alto endividamento diante das prorrogações realizadas em 2020, além da continuidade de alguns programas criados para o combate à Covid-19, como, por exemplo, o Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe) e o Programa Emergencial de Acesso a Crédito (Peac).  

Vagner Teixeira pontuou que as micro e pequenas empresas tiveram mais dificuldades em conseguir opções de crédito, sendo necessário ter alternativas para a manutenção dos negócios.

O presidente da Associação de Bares e Restaurantes em Mato Grosso do Sul (Abrasel-MS), Juliano Wertheimer, destaca que, apesar da necessidade por parte dos empresários dos recursos, os critérios para liberação ainda são rígidos e burocráticos.  

“A demanda por linhas de crédito foi muito maior, justamente pela dificuldade dos empresários em honrar com os compromissos, tanto de aluguel, encargos e impostos quanto insumos e mão de obra. A burocracia do acesso ao crédito é sempre a mesma, tem de ter as negativas e a documentação em ordem. Observamos que, mesmo sendo um dinheiro para salvar as empresas, houve uma distinção de quem conseguiria fazer um bom uso e seria um bom pagador”, apontou.

GASTOS

O mês de janeiro pode ser o momento ideal para se planejar. Apesar do momento atípico de pandemia, que afetou diretamente a renda de milhares de brasileiros, o analista técnico do Sebrae Vagner Teixeira ressalta que os empresários que solicitam linhas de crédito devem organizar as finanças, cortar excessos e elencar prioridades para não entrarem no vermelho.  

“É fundamental, antes de pedir qualquer crédito, analisar a real necessidade e ter clareza do valor do financiamento e da finalidade do recurso pretendido”, explicou Teixeira.  

O economista-chefe da ACICG reitera que os empresários devem evitar gastos desnecessários e endividamentos para ter um ano mais tranquilo financeiramente.  

“O crédito é ótimo, desde que a gente saiba o que vai fazer com ele. Não adianta pegar dinheiro sem saber o que é preciso fazer, é importante pensar em realizar investimentos na área de atendimento ou em alguma real necessidade. No ano passado, houve um crescimento significativo das transações entre empresas, mas é necessário ter cuidado e organização”, disse.

PERSPECTIVAS

Apesar das incertezas, Normann Kalmus acredita na recuperação econômica neste ano.

“A expectativa para o mercado neste novo ano é de recuperação: a inflação estará um pouco acima do que foi em 2020, mas nada desesperador. Esperamos que 2021 seja de retomada e equilíbrio, para que se tenha um horizonte mais claro e seguro no futuro para todos os empresários, depois de momentos tão difíceis”, ressaltou.

META FISCAL

Governo Lula revê trajetória das contas e adia ajuste fiscal para próximo presidente

A meta fiscal será zero para 2025, igual a este ano, com uma alta gradual até chegar a 1% do PIB (Produto Interno Bruto) em 2028.

15/04/2024 18h00

Após o déficit zero no ano que vem, o governo prevê um superávit de 0,25% do PIB em 2026, 0,50% do PIB em 2027 e 1% do PIB em 2028. Gabriela Biló/Folhapress

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O governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vai propor uma revisão na trajetória das contas públicas que, na prática, adia o ajuste fiscal para o próximo presidente da República.

A meta fiscal será zero para 2025, igual a este ano, com uma alta gradual até chegar a 1% do PIB (Produto Interno Bruto) em 2028.

Os números sinalizam uma flexibilização em relação à promessa feita no ano passado, na apresentação do novo arcabouço fiscal, de entregar um superávit de 0,5% do PIB no ano que vem e alcançar um resultado positivo de 1% do PIB já em 2026, último ano de mandato de Lula.

A opção do Executivo pela meta zero no ano que vem também indica ainda a possibilidade de novo déficit, já que há uma margem de tolerância de 0,25% do PIB para mais ou menos. Para este ano, o governo já prevê um resultado negativo de R$ 9,3 bilhões.

Além da piora do cenário, o Executivo também reduziu a velocidade do ajuste fiscal. Se antes o esforço adicional era de 0,5 ponto percentual ao ano, a melhora do resultado agora será de 0,25 ponto ao ano em 2026 e 2027.

Após o déficit zero no ano que vem, o governo prevê um superávit de 0,25% do PIB em 2026, 0,50% do PIB em 2027 e 1% do PIB em 2028, já no primeiro biênio do mandato do próximo presidente da República.

A piora no alvo da política fiscal deve ter consequências negativas sobre a trajetória da dívida pública. Segundo estimativas da própria área econômica, é preciso um superávit de 1% do PIB para estabilizar a dívida -patamar que, agora, só deve ser alcançado no próximo governo.

A intenção do governo de perseguir uma meta menos ambiciosa foi revelada pela Folha de S.Paulo. O número constará no PLDO (projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias) de 2025, a ser apresentado nesta segunda-feira (15) ao Congresso.

Na tarde desta segunda, a poucas horas da divulgação oficial, o ministro Fernando Haddad (Fazenda) confirmou à Globonews a meta zero em 2025, em uma inusual entrevista exclusiva concedida pelo chefe da pasta antes de uma coletiva à imprensa convocada para tratar justamente do PLDO.

Nem Haddad nem a ministra Simone Tebet (Planejamento e Orçamento) participarão da coletiva para justificar a piora no cenário fiscal, tarefa que caberá a secretários das duas pastas.

"Nós não costumamos antecipar os dados da LDO antes da entrevista oficial, mas vazaram esses dois dados [meta de 2025 e salário mínimo], e aí a imprensa toda está dando. Até me desculpo por estar falando disso antes das 17h, que é o horário combinado. Mas, sim, os dados que eu tenho são esses", disse o ministro.

Além da meta, ele fez referência à previsão de salário mínimo de R$ 1.502 no ano que vem, como antecipou a Folha de S.Paulo.

Apesar da revisão do cenário fiscal dos próximos anos, Haddad disse não desistiu de alcançar um superávit ainda neste mandado do governo Lula. "Tem 2026 ainda", afirmou.

A flexibilização da trajetória fiscal se dá diante de um quadro desafiador para continuar aumentando a arrecadação e alcançar o superávit de 0,5% do PIB, como prometeu o ministro da Fazenda.

Embora o governo tenha aprovado uma série de medidas de receitas ao longo de 2024, boa parte delas são extraordinárias e não se repetirão no ano que vem.

Além disso, membros do Executivo têm a avaliação de que a agenda de arrecadação está se exaurindo, o que dificulta ir atrás de novas receitas.

Um sinal disso são as resistências enfrentadas pelo governo na discussão de medidas enviadas ao Legislativo no fim de 2023, como a reoneração da folha de pagamento de empresas e prefeituras, o fim do Perse (Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos) e a limitação do uso de créditos judiciais pelas empresas para abater tributos.

A Fazenda precisou abrir as negociações e flexibilizar boa parte dessas iniciativas para melhorar sua aceitação no Congresso. Consequentemente, isso afeta a capacidade do governo de reequilibrar as contas públicas.

Na entrevista à Globonews, Haddad disse que o governo vai manter a interlocução com o Congresso Nacional em busca de novas fontes de receitas. "Vamos rever os gastos tributários", disse. "Vamos fazer a arrecadação voltar um patamar razoável, acima de 18% [do PIB]. A gente está mirando em 18,5% [do PIB]."

Para este ano, a meta já é de déficit zero, e a avaliação mais recente do Orçamento indica um resultado negativo em 0,1% do PIB -dentro da margem de tolerância da meta fiscal, que é de 0,25 ponto percentual para mais ou menos.

Embora a meta seja igual para 2024 e 2025, o governo tem o discurso de que a proposta de Orçamento do ano que vem precisará ser enviada cumprindo esse objetivo central, enquanto neste ano o resultado esperado já é de déficit. Por essa comparação, o governo estaria garantindo a trajetória de melhora contínua das contas.

Meta 2025

Haddad confirma meta fiscal de déficit zero para 2025 e salário mínimo de R$ 1.502

Há um ano, a equipe econômica havia estabelecido que buscaria fazer um superávit de 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2025

15/04/2024 16h00

Ministro da Fazenda, Fernando Haddad e presidente Luiz Inácio Lula da Silva Arquivo

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O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, confirmou no período da tarde desta segunda-feira, 15, que o governo definiu a meta fiscal do próximo ano como déficit primário zero, assim como o alvo deste ano, conforme mostrou mais cedo o Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado. Há um ano, a equipe econômica havia estabelecido que buscaria fazer um superávit de 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2025.

A confirmação foi dada em entrevista à GloboNews. Haddad pediu desculpas por antecipar os números antes da divulgação pelo Ministério do Planejamento do projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO) ainda no período da tarde desta segunda-feira, mas argumentou que os números já haviam sido "vazados" à imprensa.

Haddad confirmou também que a projeção para o salário mínimo no próximo ano é de R$ 1.502.

Haddad foi questionado se, com a decisão de revisar a meta de 2025, o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, teria desistido de fazer superávits neste mandato. O ministro rebateu, contudo, que ainda haverá 2026 para buscar esse alvo.

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