Com a pandemia do novo coronavírus (Covid-19) a movimentação econômica do comércio em datas comemorativas também sente os efeitos negativos. Pesquisa de intenção de compras para o dia das Mães, que será comemorado no dia 10 de maio, aponta que a movimentação deve chegar a R$ 93,41 milhões, 44% a menos do que o ano passado, quando a movimentação chegou a R$ 192,51 milhões.
Os gastos também serão menores: R$ 63,55 milhões com presentes e R$ 29,87 milhões com comemorações, representando uma queda de 42% e 46%, respectivamente, em relação a 2019. A pesquisa foi realizada pelo Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento da Fecomércio (IPF-MS) e Sebrae MS, entre os dias 6 a 27 de abril, por telefone, com consumidores das cidades de Campo Grande, Dourados, Corumbá, Ladário, Bonito, Coxim, Três Lagoas e Ponta Porã.
“Um número significativo dos entrevistados, 48%, disseram que a renda caiu nesse período. E tem, ainda,18% que afirmam precisar de auxílio emergencial. Esses indicadores mostram o porquê vamos ter um movimento mais fraco que em 2019”, explica a economista do IPF MS, Daniela Dias.
Entre os presentes mais comuns, estão perfumes e cosméticos, com 22% das preferências, seguidos por roupas (19%), bolsas e acessórios (16%) e calçados (12%). Os descontos e promoções serão levados em consideração no momento das compras para 52% dos consumidores, a adoção de medidas de proteção para evitar a proliferação do coronavírus pelas empresas por 18%, variedade (11%), entrega em casa (9%) e o fato de ser loja do próprio bairro (4%).
O levantamento aponta ainda que o gasto médio com presentes será de R$119,44 e com comemorações R$ R$92,58. “Vale ressaltar que comemoração não necessariamente está relacionada à gastos, então por isso a gente também tem redução na parte de comemoração. Os maiores gastos médios estarão em Coxim, tanto para presentes quanto para comemorações superam R$ 130”, explica Daniela.
Outros indicadores levantados pela sondagem mostram que tendências de comportamento que passam a ser adotadas pelos consumidores, devem ser levadas em consideração pelos empresários. “Temos percebido que o consumidor está bastante receoso no momento da compra, especialmente para produtos considerados não essenciais. Ele teve uma percepção de redução na renda e que, mesmo para aqueles que não viram ainda uma redução, há uma forte incerteza com relação ao futuro”, afirma a analista do Sebrae MS, Vanessa Schmidt.
A analista do Sebrae alerta que é fundamental que os empresários tenham muita atenção com a divulgação dos produtos e serviços com foco na venda para a data. “A comunicação com o consumidor seja facilitada, rápida e eficiente por todos os canais virtuais da empresa, bem como a possibilidade da troca do produto caso necessário”, diz Vanessa.
O levantamento aponta ainda que 73% dos pesquisados continuaram mantendo as medidas restritivas nas comemorações, 6% irão a restaurantes e 2% farão algum passeio especial. 19% afirmaram que vão ser reunir com demais membros da família. Para a analista do Sebrae, o momento é importante para as empresas do ramo de alimentação que devem usar todos os canais virtuais. “Embora o consumidor tenha uma tendência menor a comemorar nos restaurantes, historicamente nesta data há uma maior busca por alimentos já preparados e pratos prontos para que a mãe não precise cozinhar. É uma oportunidade”.
OUTRO CENÁRIO
A pesquisa simulou um cenário sem o período de isolamento social, que mostrou que as vendas de presentes atingiriam R$ 193,91 milhões ainda com um impacto negativo de 12% nas vendas em relação ao ano anterior. Poderiam ser movimentados R$ 97,48 milhões em presentes e R$ 96,43 milhões em comemorações, mostrando que a retomada ocorreria em decorrência dos encontros.
“Essa análise é importante porque aponta sugestões de como os empresários podem se preparar para atender a retomada dessas atividades em grupo e em família, já que os números mostram que o foco não será presentes, mas as mais variadas formas de reuniões presenciais”, sugere Daniela Dias.