Nascido nos “anos dourados” do Brasil, como ficou conhecida a década de 1950 brasileira,
o Sindicato Rural de Campo Grande, Rochedo e Corguinho (SRCG) foi instituído no dia 26 de junho de 1951 como fruto da política sindical do então presidente da República, Getúlio Vargas.
Na época, a entidade rural representativa era a Associação dos Criadores de Mato Grosso do Sul (Acrissul), tanto que o SRCG, em seus primeiros anos de atuação, tinha a mesma diretoria.
Seu presidente era o pecuarista Paulo Coelho Machado, o qual, nos primeiros dias daquela data inaugural, foi procurado pelo emissário do Ministério do Trabalho Samuel Sabt, que lhe propôs a fundação do sindicato.
Porém, na década de 1960, o sindicato aumentou seu quadro de associados, em razão da campanha de filiação por determinação do ministério, enquanto nos anos 1970 o gabinete odontológico foi uma das grandes vitórias da entidade, com atendimento feito aos associados e funcionários.
Já nos anos 1980 teve a inauguração da sede própria construída em terreno doado pela Prefeitura de Campo Grande, sendo uma parte significativa desse recurso obtida por meio de um “livro de ouro”.
O Sindicato Rural participou de várias lutas e continua a ser um integrante do crescimento e da estruturação da sociedade, como na organização da classe produtora pela reivindicação de seus direitos na Constituição Federal de 1988.
Segundo o atual presidente do SRCG, Alessandro Coelho, em sete décadas, a entidade tornou-se o porto seguro para os produtores rurais do município e também de Corguinho e Rochedo.
“O Sindicato Rural nasceu com base nos interesses dos produtores se unirem e terem mais representatividade institucional. Ele nasceu de uma forma associativista e, a partir de então, foi adotando a estrutura sindical imposta pelo governo como uma instituição para defender os interesses trabalhistas coletivos, dentre as classes”, ressaltou.
A partir de então, conforme o líder ruralista, iniciou-se um processo de desenvolvimento.
“Na época, a principal pauta era a grande central de distribuição de produtos para o restante do Estado e para as várias regiões do Brasil, pois tudo que abastecia Cuiabá [MT] passava por Campo Grande”, explicou.
“A cidade era um polo de desenvolvimento por conta das ferrovias, se expandindo com base nelas, sempre voltada para o agronegócio como um todo. Com o amadurecimento do sistema agropecuário, o Sindicato Rural começou a atuar na preparação da mão de obra e ganhou mais representatividade junto às instituições constituídas, principalmente as governamentais”, relatou.
Alessandro Coelho salientou que foi nessa época que o SRCG ficou mais robusto, porém, sempre com o viés de todas as culturas, da pecuária de corte e leiteira até a apicultura e a piscicultura.
“O sindicato foi mais voltado a isso, e não só a parte das proteínas animais, mas também na parte vegetal, como a produção de soja e milho, pois, ainda estamos engatinhando na parte de hortaliças, frutas e flores. Até porque, na década de 1950, as propriedades eram maiores e voltadas para a pecuária extensiva, mas, com o passar do tempo, essas propriedades tiveram a divisão natural entre as pessoas fazendo com que ficassem menores, ficando mais produtivas”, assegurou.
NOVOS TEMPOS
O presidente do SRGC pontuou que Campo Grande se tornou uma cidade diferente de todas, tendo mais de 70% das propriedades na faixa de 60 hectares.
“Isso chama atenção, pois, como podemos ter propriedades rurais tão pequenas dentro em um município de mais de 800 mil hectares? Por isso, o sindicato acabou por trabalhar mais nesse segmento, trazendo mais para perto a fruticultura, as hortaliças e, agora, graças a um novo projeto, também a floricultura, na região de Rochedinho”, revelou.
Outra atividade que está ganhando força, conforme ele, é a suinocultura e a bovinocultura com os confinamentos, que são um sistema intensivo de produção.
“A pecuária leiteira está sendo resgatada com a montagem de uma nova bacia leiteira, que no passado era muito forte. A Capital tinha uma grande leiteira na região onde hoje é o Bairro Nova Campo Grande, e agora a gente espera trazer de volta, alavancando os produtores para que eles possam viabilizar projetos”, garantiu.
“Por isso, estamos levando opções produtivas aos pequenos produtores, deixando à disposição das autoridades para que possam, de uma forma totalmente gra tuita e espontânea, iniciar a produção, revertendo em benefícios para a cidade. Como? Produzindo alimentos com mais qualidade, com preço mais competitivo e não tendo que trazer de outros estados ou, quem sabe, de outros países, para que a gente possa consumir a produção do nosso município”, destacou.
Alessandro Coelho reforçou que hoje Campo Grande é um município que concentra a maior mão de obra do Estado, que vive uma fase de evolução fantástica, apesar de todas as dificuldades pelas quais o País tem passado.
“A Capital, pela sua logística, tem esse grande diferencial, e o SRCG tem buscado levar o conhecimento a quem tiver disposição de trabalhar. Dentro do segmento rural ou do agronegócio, nós estamos trabalhando, preparando a mão de obra dentro do sindicato, e esses trabalhadores já saem praticamente empregados”, argumentou.
De forma a contemplar essas novas tecnologias que a cada dia vêm evoluindo mais rápido, conforme o representante rural, o SRCG precisa fazer com que essa mão de obra conheça as novas ferramentas utilizadas no setor rural e saiba aplicá-las.
“A falta de mão de obra qualificada é o nosso grande gargalo, e o sindicato se mobilizou, instalando salas de aula, com um projeto de ampliá-las em um futuro bem próximo. Com ajuda de outras instituições, a gente espera poder ampliar para poder capacitar ainda mais trabalhadores, já que o Estado, nos próximos quatro anos, será uma referência no Brasil”, projetou.