A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) conseguiu interromper ontem uma sequência de quedas influenciada pelo bom humor no mercado externo. Pela manhã, os negócios beneficiaram-se da redução dos temores com relação a um aperto monetário na China e também à situação da Grécia. À tarde, foi a vez de o Federal Reserve (Fed, banco central americano) reforçar a trajetória de alta das ações ao manter inalterada sua taxa básica de juros. O banco central americano, em uma decisão bastante aguardada pelo mercado, não surpreendeu negativamente, abrindo passagem para um dia de recuperação após três pregões de perdas. O Ibovespa, índice que reflete os preços das ações mais negociadas, teve avanço de 1,33% no fechamento, aos 69.942 pontos. O giro financeiro foi de R$ 5,18 bilhões. Nos EUA, a Bolsa de Nova York fechou em alta de 0,41%. Na Europa, a Bolsa de Londres viu o índice FTSE elevar-se em 0,47%. A ação preferencial da Vale, que movimentou sozinha R$ 583 milhões, valorizou-se em 2,41%, enquanto a ação ordinária ficou 2,49% mais cara, sendo alvo de R$ 118 milhões em negócios. Outros papéis que ajudaram a puxar a Bovespa foram: a ação preferencial da CSN, que teve ganho de 1,12%; a ação preferencial de Usiminas, que subiu 2,28%; e a ação preferencial da Gerdau, cujo preço aumentou em 2,71% no pregão de ontem. O dólar comercial foi negociado por R$ 1,768, em avanço de 0,16%. A taxa de risco-país marcou 187 pontos, número 0,53% acima da pontuação anterior. Entre as principais notícias do dia, o Federal Reserve (banco central americano) não surpreendeu o mercado financeiro mundial: manteve a “banda” de juros entre zero e 0,25% ao ano, como esperado. A autoridade monetária também não retirou a indicação de que vai manter as taxas em nível historicamente baixo ‘por um longo período’, como alguns temiam, apesar de apontar para uma melhora das condições econômicas. Ainda nos EUA, o Departamento de Comércio informou que o nível de construção de residências caiu 5,9% em fevereiro, sob influência das más condições climáticas que castigaram as regiões Nordeste e Sul do país. Copom O mercado está bastante dividido quanto ao resultado da reunião do Copom, que anuncia hoje a nova taxa básica de juros do País, atualmente em 8,75% ao ano. José Góes, economista da corretora Wintrade, espera que a taxa Selic seja mantida desta vez, mas salienta que o comitê vai “sinalizar em seu comunicado e na ata da semana que vem que o processo de alta dos juros deve se iniciar já na próxima reunião, em abril”. Ele ainda não acredita que a decisão seja unânime entre os diretores do BC, que compõem o Copom. Mesmo a corrente de economistas que posterga para abril o ajuste dos juros vê com preocupação os índices recentes de inflação. Mas esses analistas avaliam que o BC deve ser cauteloso antes de aumentar o custo do dinheiro num momento ainda delicado da economia mundial. Opinião diferente tem a equipe de analistas da Gradual Investimentos, que aguarda ajuste da Selic para 9,25% já nesta reunião. “Não acreditamos que a situação seja dramática no quadro inflacionário, no entanto não agir agora, nem que seja de forma discreta, pode tornar mais cara a manutenção das expectativas. Neste momento, o sensato é agir”, avalia os economistas da Gradual, em seu relatório diário sobre o mercado financeiro. E citam três razões principais para cobrar urgência do Copom: o aquecimento da atividade econômica, as projeções de inflação cada vez maiores, e a alta da inflação ao consumidor, cada vez mais afetada por vários fatores, e não apenas por um produto isolado, uma tendência vista como preocupante.