Economia

AJUDA FINANCEIRA

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Em MS, bancos barram crédito a 63% das empresas

Levantamento do Sebrae indica que a maioria dos empresários que tentaram acesso às linhas disponibilizadas pelo governo não teve financiamento aprovado

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O governo federal anunciou ajuda financeira aos empresários do País, por meio de mais crédito e linhas de financiamentos com juros mais baixos. Apesar de mais opções, os empresários de Mato Grosso do Sul estão tendo dificuldade em acessar esse crédito. Levantamento do Sebrae aponta que mais de 63% dos empresários que pediram empréstimo não conseguiram. As instituições alegam que a falta de garantias justifica as negativas.

Entre as opções, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) anunciou medidas para injetar R$ 55 bilhões no sistema financeiro brasileiro, dos quais R$ 5 bilhões foram disponibilizados para o setor empresarial. Assim como o governo estadual liberou R$ 50 milhões do Fundo Constitucional do Centro-Oeste (FCO) para capital de giro das micro e pequenas empresas.

A Caixa oferece uma linha para pagamento da folha mensal a empresas com faturamento anual entre R$ 360 mil e R$ 10 milhões. Para contratação, as micro e pequenas empresas precisam ter a folha de pagamento com a Caixa. Não há exigência de tempo de relacionamento prévio. Novos clientes podem fazer a solicitação, desde que levem sua folha de pagamento para a instituição.

De acordo com o gerente de desenvolvimento de negócios do Sicredi, Benjamin Greco, cada instituição financeira tem suas condições para tomada de crédito, mas o que tem levado as instituições a negar são as questões burocráticas. “A questão de cadastro e de composição de garantias. As regras não mudaram para a concessão desses créditos direcionados. Continua tendo a necessidade de ter todas as certidões, não ter nenhuma restrição e a necessidade de respaldo financeiro e patrimonial, coisa que a maioria dos empresários não tem”, explicou.

Greco ainda disse que essas garantias são necessárias a todas as instituições bancárias. “Porque o risco de contraparte é da instituição que concede o crédito, ou seja, se o cliente não pagar, quem tem de fazer o repasse ao BNDES, por exemplo, é a instituição financeira. Então, nesse ambiente em que todos estão preocupados, com problemas de fluxo de caixa, os bancos em geral não estão confortáveis em conceder esse crédito. A discussão agora é se o governo poderia entrar com esse risco de contraparte, se ele assumiria esse risco por conta dos clientes”, reforçou o gerente de desenvolvimento de negócios do Sicredi.

A Caixa informou ao Correio do Estado que as medidas estão sujeitas à avaliação de risco de crédito e que as opções de contratação estão disponíveis para clientes e não clientes, não necessitando de relacionamento mínimo nem aplicação. “Esclarecemos ainda que, a depender da modalidade e da operação de crédito desejada, as taxas de juros podem variar conforme relacionamento do cliente”, afirmou por meio de nota.

EMPRESAS

Levantamento realizado pelo Sebrae aponta que 25,33% das micro e pequenas empresas de Mato Grosso do Sul já tentaram buscar financiamentos, destas, 63,16% tiveram o recurso negado, 10,53% conseguiram e 26,32% ainda aguardam uma resposta das instituições.  

Para o analista-técnico do Sebrae-MS, Vagner Teixeira, o crédito depende de cada instituição financeira. “De uma forma geral, é necessário ser cliente dessa instituição, fornecer os documentos necessários para a análise do pedido de crédito, entre outras exigências. Pesquise também instituições financeiras concorrentes, pois elas podem ter menos exigências e a liberação do crédito ser mais rápida”, indicou.

EMPRESÁRIOS

O estudo do Sebrae aponta que 48% das empresas vão precisar de empréstimos para manter as portas abertas. De acordo com a economista do Instituto de Pesquisa da Fecomércio (IPF-MS), Daniela Dias, neste momento, os empresários precisam da facilitação do crédito, porque sem os empréstimos o impacto será muito maior sobre as empresas.  

“Este é o momento em que o governo federal precisa ter uma intervenção mais significativa no valor da taxa de juros, e essa questão de quão arriscado é que acaba pesando muito na hora de tomar um empréstimo. Então, há a necessidade de que isso seja revisto para que a economia continue girando”, considerou Daniela.

Segundo o presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel-MS), Juliano Wertheimer, está muito difícil acessar esses empréstimos. “No caso do FCO, a nossa dificuldade são as garantias, eles continuam fazendo análise de risco”, explicou.  

Wertheimer ainda ressaltou que boa parte dos empresários não tem como oferecer garantias por estes empréstimos no momento. “Muitos usavam a movimentação da maquininha de cartão para conseguir esses financiamentos. Mas, como caíram as vendas e, consequentemente, a movimentação, não têm como oferecer essa garantia neste momento”, relatou o presidente da Abrasel.

Para o diretor da Associação Comercial e Industrial de Campo Grande (ACICG), Renato Paniago, o incentivo para os empresários é fundamental. No comércio, alguns já conseguiram esses recursos e outros não.  

“Alguns empresários não terão acesso por falta de garantias, para conseguir esses empréstimos existe muita burocracia. Não depende somente das normas federais, as instituições precisam facilitar o acesso. Os bancos deveriam pensar em apoiar mais essas empresas, porque cada empresa que fecha e demite funcionários são clientes a menos. E deviam pensar que essa crise vai passar”, contextualizou Paniago.

ECONOMIA

Lucro ao fim da Expogrande é cinco vezes maior que no ano passado

Entre 4 e 14 de abril a Exposição faturou R$ 576 milhões, frente aos 110 milhões de reais arrecadados em 2023

16/04/2024 11h05

Balanço da Acrissul aponta que aproximadamente 114 mil pessoas visitaram a Exposição entre 04 e 14 de abril Gerson Oliveira/ Correio do Estado

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Entre os dias 04 e 14 de abril, a tradicional Exposição Agropecuária Internacional de Campo Grande (Expogrande) faturou em sua 84ª edição cerca de cinco vezes mais do que o lucro registrado em 2023, com os valores mais recentes passando da casa de R$ 576 milhões. 

Conforme balanço da entidade que promove o evento, a Associação dos Criadores de Mato Grosso do Sul (Acrissul), a soma do faturamento interno bateu R$ 576.801.968,00. 

Enquanto isso, o fechamento após exposição de 2023 atingiu R$ 110 milhões, representando um crescimento anual de mais de cinco vezes no faturamento Expogrande, sendo que a previsão era que 2024 atingisse cerca de R$ 150 milhões. 

Diante do balanço final, contabilizando aproximadamente a visita de 114 mil pessoas, o presidente da Acrissul, Guilherme Bumlai, destacou a "captação de recursos para investimentos com taxas especiais e exclusivas para a Exposição", como um dos grandes atrativos. 

Ao todo, foram 16 leilões realizados durante a Expogrande, gerando faturamento de R$ 22 milhões, segundo a Acrissul, com a venda de mais de cinco mil animais. 

Esses números também representam avanços, já que no último ano foram 12 leilões; quatro mil animais vendidos e R$ 18 milhões de faturamento. 

2024 de mudanças

Diversas ações aconteceram no Parque de Exposições Laucídio Coelho para que o espaço sedia-se a 84ª edição da Expogrande, como a área de julgamentos que voltou a receber os animais para avaliação, já que no ano passado havia sido transformada em arena de shows. 

Também, a Acrissul detalha que a realocação do estacionamento de associados deu espaço para a arena de shows, que dentre as oito atrações recebidas neste 2024 cabe destacar os nomes de: Simone Mendes, Ana Castela, Launa Prado, e as duplas Henrique & Juliano e Victor & Leo.

Além disso, onde ano passado era a pista de julgamentos, neste 2024 recebeu o "Projeto Fazendinha Acrissul", onde as crianças tiveram contato com os mais diversos animais do campo. 

Em nota divulgada pela Acrissul, Bumlai complementa que, ainda que os preços da pecuária "andem de lado, principalmente com o valor da arroba estagnado", nota-se um esforço do produtor sul-mato-grossense em melhorar o rebanho; diminuir o tempo de abate pela tecnologia e capacitação da mão-de-obra, visando sempre uma melhor lucratividade.
**(Com assessoria)

 

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DIVERSIFICAÇÃO

Com R$ 500 milhões em investimentos, MS pode se tornar polo na produção de laranjas

Conforme divulgado pelo governo do Estado, a plantação da fruta cítrica saltará de 2 mil hectares para mais de 10,3 mil

16/04/2024 08h30

Dois grupos passam a investir na citricultura no Estado Foto: Vinicius Vignato / Divulgação

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Rumo a expansão da diversificação agrícola, Mato Grosso do Sul pode ser tornar um novo polo da citricultura. Com investimento privado de R$500 milhões na plantação de laranjas a área cultivada saltará de 2 mil hectares para 10.300 hectares.

O Grupo Cutrale anunciou o investimento de R$ 500 milhões no plantio de 5 mil hectares de laranja. A plantação será realizada na Fazenda Aracoara, propriedade localizada às margens da rodovia BR-060, na divisa de Sidrolândia com Campo Grande.

Segundo o grupo,  serão 5 mil hectares irrigados com o plantio de 1,730 milhão de pés de laranja, considerando a média de 346 árvores por hectare. O doutor em Economia Michel Constantino aponta como positiva a notícia. 

“Vai gerar novas oportunidades com o aumento de investimentos. Emprego, renda e arrecadação de impostos são os primeiros impactos na economia”, avalia.

Tradicionalmente conhecido por sua produção agrícola concentrada em culturas como soja, milho e cana-de-açúcar, o mestre em economia Lucas Mikael acrescenta que o investimento em laranjas pode trazer uma série de benefícios econômicos.

“A diversificação das culturas reduz a dependência de uma única commodity, o que torna a economia do estado mais resiliente a flutuações de preços e demanda no mercado internacional. Isso proporciona uma maior estabilidade econômica e ajuda a mitigar os riscos associados a choques em setores específicos”, analisa Mikael.

O secretário de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc), Jaime Verruck, revela que a previsão é de que, em alguns anos, o plantio da Cutrale alcance 30 mil hectares em um raio de 150 quilômetros, viabilizando uma indústria processadora de laranja em Mato Grosso do Sul.

Inicialmente a laranja viajará para uma fábrica de suco da empresa em São Paulo.

De acordo com Verruck, o governo trabalha nessa estratégia há alguns anos, após observar o crescimento de uma praga em São Paulo.

“Com o greening [doença que afeta laranjais] afetando a citricultura paulista, identificamos essa oportunidade de produzir a laranja em Mato Grosso do Sul. Nosso trabalho começou com um decreto de defesa vegetal para evitar que a doença entrasse em nosso Estado.”

Ainda durante o processo, o governo iniciou contato com investidores de São Paulo.

“A Cutrale já havia iniciado, há dois anos, o plantio de 145 hectares de laranja em Sidrolândia, a fim de verificar o comportamento das variedades. Agora, a previsão é de que lancemos, ainda neste mês de abril, nosso plano de ação para a citricultura. Acredito que as políticas públicas irão colocar Mato Grosso do Sul no mapa da citricultura nacional”, disse Verruck.

Conforme apurou o Correio do Estado, há a expectativa que uma indústria de processamento de cítricos seja anunciada na região de Sidrolândia. 

Com apoio do Governo do Estad, o acordo foi firmado oficialmente na sexta-feira (12). O acordo prevê a cooperação técnica, científica e de mobilidade entre as instituições visando o desenvolvimento e execução de programas e projetos e o intercâmbio de informações, dados técnicos, experiências, pesquisas e o estabelecimento de mecanismos para sua realização, que visem o desenvolvimento da Citricultura no Estado, de forma sustentável e economicamente viável.
 

Verruck ainda disse que há um ano o governo do Estado iniciou as tratativas com ações para atrair os investidores. 

“Nossa ideia assim como a captação de indústria, foi a de buscar neste momento a base produtiva da citricultura no MS por entendermos que temos grandes potencialidades”, detalha

MIGRAÇÃO

Afetados pelo greening, doença que afeta os laranjais, citricultores do estado de São Paulo estão migrando os pomares para Estados livres da praga. No País, atualmente a maior concentração da citricultura estão nos seguintes estados: São Paulo, com 77% da produção nacional; Minas Gerais e Paraná estão na sequência.

Pressionada pelo alastramento da doença causada por uma bactéria transmitida pelo psilídeo, inseto parecido com uma cigarrinha, produtores estão migrando para regiões livres da praga e que possuam condições climáticas para receber as plantações da fruta, visto que ataque da bactéria reduz a produção e, em casos extremos, exige a erradicação dos pomares.

O grupo Junqueira Rodas, produtor de laranja em municípios do interior de São Paulo, também migrou parte da produção para o Mato Grosso do Sul, como conta o secretário executivo de Meio Ambiente, Rogério Beretta.

“O grupo já tem 1,5 mil hectares plantados em Paranaíba, e agora temos a confirmação de um novo plantio na região de Naviraí, mais ao sul do Estado. Esta semana vamos nos reunir com outro grupo paulista que pretende trazer novos cultivos para a região de Bataguassu, na divisa com São Paulo”, relata.

CEO do Grupo Junqueira Rodas, Sarita Junqueira Rodas, confirmou ao Estadão o investimento anunciado pelo governo sul-mato-grossense. 

“Estamos migrando nossa citricultura para áreas mais seguras ou até livres do greening, como é o caso de Paranaíba”, disse. Ela conta que o plantio das mudas de laranja já foi iniciado. 

30 MIL HECTARES

Laranjais da Cutrale podem alcançar 30 mil hectares em um raio de 150 km em MS.

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