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Empresas de Telecom pedem leilão de 5G 'barato' para viabilizar cobertura

Empresas de Telecom pedem leilão de 5G 'barato' para viabilizar cobertura

ESTADÃO CONTEÚDO

01/10/2019 - 13h39
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À medida em que se aproxima o leilão das faixas de frequência da internet de quinta geração (5G), previsto para o primeiro semestre de 2020, operadoras e fornecedoras de telecomunicações têm defendido, junto ao governo federal, que a cobrança pelas outorgas não onere demais os participantes do certame. Caso contrário, sobrará menos dinheiro para as empresas investirem na implantação das redes que vão levar o 5G para a população, alegam.

A preocupação das teles é justificada pelo histórico do governo federal, que há tempos usa os leilões para bombar a arrecadação dos cofres públicos. Desde a sua criação, em 1998, a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) realizou 10 grandes licitações de faixas para serviços móveis, que resultaram numa arrecadação de R$ 33,7 bilhões, ou R$ 85,192 bilhões em valores corrigidos pela inflação. Um montante alto se comparado ao que as empresas já desembolsam por ano com manutenção e expansão das redes, na ordem de R$ 30 bilhões.

Os dados foram compilados em um estudo entregue para a Anatel pela multinacional sueca Ericsson, uma das maiores fornecedores de equipamentos de telecomunicações no Brasil, ao lado da finlandesa Nokia e da chinesa Huawei. O levantamento da Ericsson apontou também que o espectro das frequências no Brasil é o quinto mais caro em um ranking com 40 países.

O custo médio por aqui está em US$ 227 por habitante, nível acima de nações ricas como Estados Unidos (US$ 190), Alemanha (US$ 140) e Suíça (US$ 110), e de países em desenvolvimento como México (US$ 75) e Chile (US$ 10), já considerando a paridade do poder de compra da moeda.

"Há uma preocupação grande por aqui, que é como evitar que o próximo leilão tenha viés arrecadatório", afirmou o diretor de assuntos governamentais da Ericsson, Tiago Machado. "O que importa de fato? Uma arrecadação de bilhões que caia imediatamente nos cofres públicos ou colocar o País na vanguarda de tecnologia", questionou.

No caso do 4G, a tecnologia levou um ano para começar a chegar à população após o primeiro leilão, em 2012. Para o 5G, a intenção de fornecedores e operadoras é baixar esse tempo, já que a nova tecnologia já chegou aos Estados Unidos, China e alguns países da Europa, mesmo que a cobertura ainda seja pequena e restrita a algumas cidades.

E por aqui, o Ministério da Economia estima que o 5G pode agregar R$ 249 bilhões ao Produto Interno Bruto (PIB) até 2035, decorrentes do aumento direto de produtividade com a implantação da nova tecnologia, que vai oferecer uma velocidade de conexão mais rápida e permitir o desenvolvimento de novas aplicações, desde carros autônomos até cirurgias feitas por médicos à distância.

Diante desse contexto, o potencial viés arrecadatório do leilão também foi um dos temas do encontro do presidente global da Telefônica (dona da Vivo), José María Álvares Palette, com o presidente Jair Bolsonaro, ocorrida em Brasília no começo do mês

Na ocasião, a companhia pediu que as outorgas não sejam muitos custosas e defendeu que as operadoras assumam obrigações de difundir o 5G pelo País em vez de desembolsarem valores astronômicos logo na largada. "O Brasil tem carência de conexão. Então, o leilão deveria ser mais de obrigações de cobertura e conexão e muito menos arrecadatório", disse o presidente da Telefônica no Brasil, Christian Gebara. "Se for muito arrecadatório, a habilidade das empresas em investir vai ser menor", completou.

Por sua vez, o Sindicato Nacional das Empresas de Telefonia (Sinditelebrasil) também vem conversando com Anatel e com o Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) sobre a importância de abrir caminho. O sindicato empresarial também defendeu redução de impostos e flexibilização das licenças municipais para instalação de antenas como forma de facilitar a difusão do 5G. "O setor defende a realização de leilões de frequências não arrecadatórios, com regras que incentivem a implantação de infraestrutura, acelerando a disseminação do uso do 5G", afirmou, em nota.

Estimativas

Questionada sobre suas intenções, a Anatel deu a estimativa de que o valor do leilão gire em torno de R$ 20 bilhões, divididos meio a meio entre outorgas e compromissos. A agência designou as frequências 2,3 GHz e 3,5 GHz para o 5G, além de sobras da faixa de 700 Mhz, também usado atualmente para o 4G. "Será um leilão mais voltado para a imposição de compromissos de investimento em redes em regiões com baixa atratividade econômica do que para a arrecadação. Isso é necessário para suprir as lacunas de telecomunicações existentes no País", declarou o conselheiro Vicente Aquino, relator do edital, indicando que está atento ao pleito das empresas.

Ele ponderou, entretanto, que ainda falta computar para o leilão os gastos necessários para garantir a normalidade do funcionamento das antenas parabólicas, que utilizam faixa adjacente ao 3,5 GHz, uma das que serão licitadas. A solução para acomodar os sinais ainda depende de uma definição por parte do MCTIC.

E a conta pode sair cara. A Associação Brasileira de Rádio e Televisão (Abratel) apresentou esta semana ao governo uma proposta de distribuir kits para adaptação do sinal para cerca de 11 milhões de domicílios nessa situação, o que deve custar R$ 2,9 bilhões, a serem pagos com recursos do leilão.

Já o Sinditelebrasil se opôs a essa proposta, rebatendo que as possíveis interferências sobre os domicílios é pequena e poderia ser resolvido por meio de filtros mais simples nas antenas. "A solução deve ser aquela de menor impacto financeiro e maior facilidade de operacionalização, não trazendo dificuldades para o processo e garantindo o uso eficiente dos recursos públicos", apontou.

BNDES

MS recebe R$ 40 mi de crédito para construção de armazém e fábrica de açúcar

Amazém terá capacidade para até 50 mil toneladas de açúcar e a produção diária estimada da fábrica é de até 850 toneladas, junto da usina de etanol

24/03/2025 09h16

Mato Grosso do Sul bateu recorde na produção de cana em 2024

Mato Grosso do Sul bateu recorde na produção de cana em 2024 Gerson Oliveira/Correio do Estado

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Através da aprovação de financiamentos gerais da ordem de 216 milhões de reais, por parte do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Mato Grosso do Sul recebe uma parcela de crédito de R$40 milhões que vai beneficiar o desempenho do chamado setor sucroenergético do Estado.

Esses R$40 milhões de crédito, segundo o BNDES em nota, são voltados para construção de armazém e fábrica de açúcar na região leste do interior do Estado, mais especificamente no município de Nova Andradina. 

Concedido à Energética Santa Helena, o crédito representa 90,6% do total de recursos a serem investidos no município a receber as edificações. 

O armazém terá capacidade para até 50 mil toneladas de açúcar e, conforme previsto, a fábrica terá uma produção diária de até 850 toneladas junto da usina de etanol. 

Com esse empreendimento, a Santa Helena estima ampliação do quadro de funcionários (saltando de 1.280 para 1.330), estimando 100 postos de trabalhos gerados diretamente durante a implantação e outros 50 após conclusão. 

Em complemento, esse projeto deverá empregar 150 trabalhadores indiretos durante a implantação e outros 70 quando concluído, sendo parte de uma ampliação e modernização nacional que, segundo o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, está "alinhada às políticas públicas do governo do presidente Lula". 

"Pois atendem aos objetivos de fortalecer a produção agrícola brasileira, além de modernizar, reformar e construir novos armazéns, ampliando a capacidade de armazenamento e gestão de estoques para enfrentar sazonalidades", completou Mercadante.

Investimentos

Recursos derivados do Programa para Construção e Ampliação de Armazéns (PCA), do Plano Safra 2024/25, e da linha de crédito Financiamento a empreendimentos (Finem), o BNDES aprovou R$ 216,6 milhões, sendo: 

  • R$83,8 milhões para a Copacol - Cooperativa Agroindustrial Consolata (sendo R$ 52,84 milhões em recursos PCA e R$ 31 milhões em Finem),
     
  • R$52,84 milhões em recursos PCA para a Coamo Agroindustrial Cooperativa,
     
  • R$40 milhões para a Energética Santa Helena S.A (sendo R$ 25 milhões em recursos PCA e R$ 15 milhões em Finem), e
     
  • R$40 milhões para a Vale do Paracatu (sendo R$25 milhões do PCA e R$15 milhões do Finem).

Além de Nova Andradina, os financiamentos do Banco contemplam demais territórios, sendo as cidades de Cascavel, Jesuítas, Barbosa Ferraz, Brasilândia do Sul e Engenheiro Beltrão, no Paraná, além de Paracatu (MG).

Esse PCA é um dos chamados programas agropecuários do Governo Federal (PAGFs), financiando produtores e cooperativas rurais em busca da ampliação, modernização, reforma e construção de armazéns e câmaras frias.

Tanto o Programa para Construção e Ampliação de Armazéns como os demais PAGFs contam com juros equalizados pelo Tesouro Nacional, que são operados pelo Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social. 

Vale lembrar que, apesar do cenário de déficit hídrico que prejudica as plantações de cana-de-açúcar, há cerca de um ano Mato Grosso do Sul bateu recorde na produção, ultrapassando pela primeira vez a marca de R$ 50,5 milhões de toneladas na safra, que representou crescimento cíclico anual de 17%.
**(Com assessoria)

 

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SEGUNDA SAFRA

Mato Grosso do Sul deve plantar 40 mil hectares de trigo na safra de inverno

Área projetada para este ano é similar à do ano passado; cultivo de trigo está em expansão no Brasil, que teve boa colheita em 2024

24/03/2025 08h30

Colheita do trigo no sul de Mato Grosso do Sul; Estado deve repetir área plantada no ano passado e torcida é para o clima ajudar

Colheita do trigo no sul de Mato Grosso do Sul; Estado deve repetir área plantada no ano passado e torcida é para o clima ajudar Foto: Divulgação/Embrapa

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Com expectativa de repetir a mesma área plantada de trigo do ano passado, Mato Grosso do Sul se prepara para cultivar 40 mil hectares do cereal nesta safra de inverno, que se inicia em abril e maio. Atualmente, o Estado ocupa a sétima posição no ranking nacional de produção, mas, na década de 1980, despontava no cenário como terceiro maior produtor do País, com área superior a 400 mil hectares. 

Segundo o pesquisador Cláudio Lazzarotto, da Embrapa Agropecuária Oeste, de Dourados, 90% do cultivo deve ser de sequeiro e se estender pelo sul do Estado, tradicional região produtora que compreende os municípios de Dourados, Ponta Porã, Laguna Carapã, Antônio João, Aral Moreira e Maracaju, principalmente.

“É uma região onde o solo e o clima é mais propício a uma triticultura rentável”, analisa Lazzarotto.

Segundo o pesquisador, nesta safra não deveremos ter novas cultivares recomendadas para MS.

“O elenco de cultivares recomendadas, quer seja da Embrapa, quer seja de outras empresas, é de excelente qualidade, tanto agronômicas quanto industriais. Mas os trabalhos de geração de novas cultivares está em pleno andamento e, para 2026, deveremos ter recomendação de cultivares que, até o momento, mostram-se grandes produtoras [mais de 3.200 quilos por hectare] e de alto valor industrial”, compara Lazzarotto.

RISCOS CLIMÁTICOS E SANITÁRIOS

Segundo o pesquisador, apesar de a região sul de MS ter enfrentando este ano condições climáticas adversas na produção de verão, principalmente pouca chuva e calor intenso, a cultura do trigo será beneficiada por condições climáticas favoráveis.

“O maior risco continua sendo a ocorrência de brusone, doença fúngica muito destrutiva se acontecer em momento favorável a ela”, explica.

Em Mato Grosso do Sul, segundo a Embrapa Agropecuária Oeste, o trigo enfrenta uma forte concorrência com o milho, que está mais valorizado, principalmente com a demanda criada pela indústria de etanol.

“Apesar disso, temos cultivares suficientes para tornar MS um grande produtor de trigo”, reforça Lazzarotto. 

Na década de 1980, o Estado chegou a cultivar 413 mil hectares de trigo, mas uma série de fatores provocou o desmonte da atividade. 

Entre os fatores, o pesquisador cita problemas causados pelo sistema de produção da época, em que a dobradinha soja e trigo começou a causar problemas fitossanitários, tal como está acontecendo hoje com soja e milho. Além disso, o custo de produção elevado do trigo não resistiu à cultura do milho na época.

Para completar o quadro desfavorável à triticultura, Cláudio Lazzarotto relaciona outros dois fatores: a grande valorização do milho, em função da expansão da avicultura e da suinocultura na região, e a comercialização do trigo local inviabilizada pela indústria moageira de MS, que preferia o trigo importado de outros países.

Em 2024, o Brasil atingiu a segunda melhor colheita de trigo da história, com 8 milhões de toneladas – o consumo interno gira em torno de 12 milhões de toneladas a 13 milhões de toneladas. Portanto, o desafio é o de reduzir as compras e aumentar a produção.

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