Economia

RELAÇÃO COMERCIAL

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Estado planeja retomar projetos com a Bolívia após definições políticas no país

Eleição de novo presidente do país vizinho deve ser positiva para MS, segundo a administração pública

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Conforme o site do Tribunal Superior Eleitoral da Bolívia (Órgano Electoral Plurinacional), o ex-ministro Luis Arce, do partido Movimento ao Socialismo (MAS) será eleito com 54,5% dos votos com 94% das urnas apuradas. 

A eleição, já reconhecida por muitas autoridades, traz para Mato Grosso do Sul a possibilidade de retomar projetos que ficaram estagnados com a renúncia de Evo Morales em novembro do ano passado.

A Bolívia é o principal fornecedor de gás natural do Brasil, e junto do gás outros projetos também dependem de um relacionamento estável entre os dois países, como a venda da Unidade de Fertilizantes Nitrogenados 3 (UFN3), que precisará de gás para operar, a importação de ureia,  o envio de equipamentos, entre outros.  

De acordo com o secretário de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar (Semagro), Jaime Verruck, para Mato Grosso do Sul é importante que o país vizinho tenha estabilidade política.  

“O fundamental de tudo isso que o governo do Estado entende é a estabilidade política, que nós precisamos para poder ampliar nossa pauta, que é intensa com a Bolívia. Temos uma pauta extremamente importante com a Bolívia como nosso principal fornecedor de gás natural através do gasoduto. É fundamental que o País continue sendo um grande exportador do produto, dado que nós temos um gasoduto com capacidade para 30 milhões de metros cúbicos”, disse o secretário.  

Verruck ainda explica que o pior cenário foi o de instabilidade enfrentado no ano passado. Sobre o presidente do país vizinho, ele acredita que não enfrentarão dificuldades nos trâmites. 

 “Praticamente todo o período que nós estamos no governo, as negociações com a Bolívia foram com esse partido [MAS]. A gente sabe mais ou menos como é que eles trabalham”.

O presidente da Companhia de Gás de Mato Grosso do Sul  (MSGás), Rui Pires dos Santos, afirma que a intenção é retomar o contato com o governo da Bolívia.

 “A MSGás tinha um relacionamento muito bom com a equipe da YPFB na época do Evo Morales, que era formada por um time de técnicos muito capacitados, o que prezamos muito. Com o resultado das eleições, retomaremos o contato para continuarmos no mesmo ritmo”, afirma.

Gás natural

Ontem, o futuro presidente da Bolívia declarou que quer renegociar os contratos de gás entre o país e o Brasil. 

De acordo com o político, o governo brasileiro não deveria ter firmado acordos com uma gestão que não foi eleita de modo democrático, em referência à presidente interina, Jeanine Añez.  

“Principalmente porque não era uma atribuição de Añez. O governo brasileiro deve entender, uma vez que apoiou este governo ‘de facto’, que falta legitimidade a esse acordo. Queremos revisar os atuais contratos e fazer isso do ponto de vista de uma relação de dois governos que foram eleitos de modo democrático”, afirmou ao jornal Folha de São Paulo.

“Os mecanismos de relacionamento econômico entre os países ocorrem apesar dos governos – portanto, nesse ponto, as diferenças não me preocupam. A questão que temos de resolver com o Brasil é o gás. Não estamos contentes com a forma como o governo de Jeanine Añez negociou a questão do gás com o Brasil”, disse Arce em entrevista ao jornal brasileiro.

O socialista Evo Morales foi reeleito no ano passado e, após pressão e conflitos no país, renunciou ao cargo. Desde então, a presidente interina é Jeanine Añez. 

Na gestão dela, a Petrobras e a estatal boliviana Yacimientos Petrolíferos Fiscales Bolivianos (YPFB) assinaram em março um acordo que vai abrir espaço para importação de gás boliviano por empresas privadas, uma das medidas previstas no novo marco do gás, aprovado mês passado pelo legislativo.  

O acordo reduziu de 30 milhões para 20 milhões de metros cúbicos por dia o volume máximo que a Petrobras pode trazer do país vizinho, liberando um terço da capacidade do Gasoduto Bolívia Brasil (Gasbol) a outros importadores.  

Brasil e Bolívia negociavam a extensão do contrato de compra e venda de gás natural, que entrou em vigor em 1999 e venceu em 2019 sem que a Petrobras utilizasse todo o volume de gás contratado. O acordo assinado prevê que esse volume seja entregue em até seis anos.

O titular da Semagro explica que com a abertura do mercado brasileiro do gás a relação muda.

 “Nós teremos negociação do setor privado com a Bolívia para a compra de gás, negociação com a Petrobras, então o mercado brasileiro de gás mudou muito e isso implica que o estado boliviano precisa estar pronto através da sua empresa de estatal para negociar com novos players. Estamos negociando há muito tempo com a Bolívia o fornecimento de gás para Corumbá por meio do gasoduto que a MSGás tem. Seria uma compra direta, que não é no gasoduto principal, para que a gente possa ter termelétrica e também fornecer para as indústrias de Corumbá”, informou Verruck.  

Outros projetos

Ainda entre os projetos que Mato Grosso do Sul pode retomar está a flexibilização do trânsito na fronteira, a ligação ferroviária entre os países e a importação de ureia. 

No ano passado, o grupo russo Acron havia chegado a um acordo para a compra da UFN3 em Três Lagoas, mas a venda da fábrica pertencente à Petrobras não foi concretizada em decorrência dos conflitos na Bolívia, que além de fornecer o gás para a fábrica seria sócia no empreendimento. 

“Precisamos de gás para UFN3; depende do fornecimento da Bolívia para que se consolide a venda da unidade em Três Lagoas”, explicou Verruck.

Outra sociedade surgiu no período entre Acron e YPFB para a criação de uma companhia conjunta para vender ureia ao mercado brasileiro – acordo selado em outubro, que faria de MS o centro de distribuição do produto.

“Temos toda uma questão de flexibilização de  trânsito de cargas na fronteira. Nós temos de agilizar, fazer acordos comerciais para que a gente transite mais rapidamente na fronteira. O município de Corumbá está culturalmente e economicamente integrado com a Bolívia. Temos uma parceria que a gente vem discutindo que é a  parceria de integração ferroviária com a Bolívia, podendo chegar através de ferrovia [TransAmericana] aos portos chilenos. E ainda a importação de ureia. A fábrica está parada, então a gente tem de reativar essa fábrica; temos demanda no Brasil para retornar a exportação de ureia”, disse Verruck.

O secretário ainda disse que a Bolívia tem uma série de necessidades, de máquinas, equipamentos, óleo diesel.

 “Então a pauta com a Bolívia é extensa por ser fronteira com o Brasil, e o que a gente espera é que com esse novo presidente a gente tenha estabilidade econômica e a gente possa retomar todo o sistema de cooperação. Então você vê a importância que nós temos  de ter uma relação estável e de longo prazo com o governo boliviano. E essa é nossa expectativa com o governo, acreditamos que, dado que a gente tem propostas, o novo governante possa querer continuar na linha de trabalhar na sua exportação e na inter-relação comercial”, finaliza Verruck.

Economia

Prévia do PIB brasileiro cresce 0,6% em janeiro

Indicador superou projeção de alta de 0,26%

18/03/2024 20h00

Fotos: Marcelo Casal Jr/ Agência Brasil

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A economia brasileira começou 2024 em expansão. Considerado uma espécie de prévia do Produto Interno Bruto (PIB), o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) cresceu 0,6% em janeiro, superando a projeção do mercado financeiro de alta de 0,26%.

Na comparação com janeiro do ano passado, o indicador cresceu 3,45%. No acumulado de 12 meses terminados em janeiro, o índice acumula alta de 2,47%. Os dados são dessazonalizados, livres de oscilações associadas a uma determinada época do ano.

Apesar da alta em janeiro, o IBC-Br desacelerou em relação a dezembro, quando registrou crescimento de 0,82%. Divulgado todos os meses pelo Banco Central, o IBC-Br analisa a atividade econômica em três componentes: indústria, comércio e serviços.

Esse é o quinto mês seguido de alta no IBC-Br. Apesar da desaceleração em relação ao mês anterior, o fato de o indicador ter crescido além das previsões das instituições financeiras mostra que a economia brasileira atravessa um momento favorável.
 

Economia

Dólar ultrapassa os R$ 5 e atinge maior valor do ano com cautela antes de decisões sobre juros

O dólar subiu 0,55% e fechou cotado a R$ 5,024 nesta segunda-feira (18), atingindo seu maior valor desde outubro

18/03/2024 19h00

Operadores relatam ambiente de cautela diante da expectativa pela divulgação na sexta-feira, 6, do relatório de empregos (payroll) nos EUA Arquivo/Agência Brasil

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O dólar subiu 0,55% e fechou cotado a R$ 5,024 nesta segunda-feira (18), atingindo seu maior valor desde outubro, em meio a cautela de investidores antes de decisões sobre juros no Brasil e nos Estados Unidos, que serão divulgadas na quarta (20).
Apesar de as projeções sobre os comunicados desta semana serem praticamente unânimes, o mercado ainda aguarda sinalizações sobre os próximos passos dos juros em ambos os países.

No cenário local, a expectativa é que o Banco Central do Brasil deve realizar um corte de 0,50 ponto percentual na Selic (taxa básica de juros), mantendo o ritmo adotado nas últimas reuniões.

"O Copom [Comitê de Política Monetária] deve reduzir as taxas em 0,50 ponto pela sexta vez consecutiva, levando a Selic para 10,75% em decisão unânime, ao mesmo tempo em que destaca a resiliência da atividade e as preocupações com a inflação para justificar a manutenção do ritmo", diz David Beker, chefe de economia para Brasil do Bank of America.
Há dúvidas, no entanto, sobre as sinalizações do comunicado, em especial se o comitê vai continuar indicando um corte da mesma magnitude nas próximas reuniões.

O analista Lucas Farina, da Genial Investimentos, afirma que o comunicado da autoridade monetária brasileira deve destacar, do lado positivo, o aumento da arrecadação federal no início deste ano. Por outro lado, o BC também deve ressaltar a piora da inflação nos últimos meses.

"No saldo geral, o balanço de riscos deve sofrer alguma piora, à medida que as forças inflacionárias -El Niño, atividade forte e mercado de trabalho aquecido- estão, no momento, superando as forças deflacionárias, resultando num viés de alta para a inflação", diz Farina.
Por isso, o analista acredita que o Copom deve deixar de apontar cortes de juros de 0,50 ponto nas próximas reuniões. "O intuito disso não seria necessariamente o de diminuir a magnitude de corte de juros para 0,25 ponto, mas sim o de aumentar os graus de liberdade na condução da política monetária por parte do BC", diz ele.

Mais cedo, dados do Banco Central mostraram que a atividade econômica iniciou 2024 com crescimento bem acima do esperado em janeiro, reforçando a visão de que a economia passa por um momento favorável mesmo que tenha desacelerado em relação ao final do ano passado.

"Olhando apenas a inflação, há espaço para o Copom seguir baixando os juros. No entanto, pode ser que os membros do Comitê resolvam adotar uma postura mais cautelosa devido à atividade econômica. Na prática, quer dizer que o comunicado e a ata podem retirar o plural ao falar dos próximos movimentos para os juros", disse a Levante Investimentos em relatório a clientes.
Já nos EUA, a aposta é que o Fed deve manter inalterados os juros do país na faixa entre 5,25% e 5,50%, sem espaço para surpresas. O mercado aguarda, no entanto, sinalizações da autoridade monetária sobre o atual estado da economia americana.

A decisão ocorre após dados recentes mostrarem um mercado de trabalho aquecido e uma inflação persistente nos Estados Unidos, o que apontou para uma economia aquecida e trouxe dúvidas sobre o início do corte de juros pelo Fed.

"Fevereiro foi dominado por uma nova rodada de dados mais fortes nos EUA e, principalmente, pela revisão do ciclo de queda pelo Fed. Ao contrário de outros momentos, a bolsa nos EUA teve um desempenho forte, subindo mais de 5%. Todo o mercado e os bancos centrais ao redor do mundo acompanham de perto os próximos passos do Fed para se posicionarem", afirma Beto Saadia, economista e diretor de investimentos da Nomos
Atualmente, a aposta majoritária é de que o Fed deve esperar pelo menos até junho para iniciar o afrouxamento monetário nos EUA.

Já a Bolsa brasileira terminou o dia em leve alta de 0,16%, aos 126.954 pontos, impulsionada por fortes altas da Vale e da Embraer, que ficaram entre as mais negociadas da sessão.

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