Carlos Henrique Braga
A construção da fábrica de fertilizantes da Petrobras, em Três Lagoas, começa ainda neste ano. Se o cronograma de execução for cumprido, a terceira unidade produtora de ureia e amônia da companhia estará pronta no segundo semestre de 2014. Até lá, cerca de 10 mil trabalhadores serão empregados no canteiro de obras.
Na manhã de ontem, em reunião para oficializar o empreendimento de US$ 2,2 bilhões, no Rio de Janeiro, os diretores da companhia pediram ao governador André Puccinelli (PMDB) liberação das Licenças Prévia e de Instalação até abril de 2011. As licenças são de responsabilidade do Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul (Imasul). "Nós temos um cronograma em comum com a Petrobras, e vamos fazer a nossa parte", prometeu o governador.
Em Três Lagoas, técnicos da empresa já vistoriam a área de 556 hectares cedidos pelo Governo do Estado e prefeitura para construção do complexo industrial Barra do Moeda. Da área total do terreno, que custou R$ 5,9 milhões, 20 hectares serão reservados para instalação de pequenos fornecedores do empreendimento de fertilizantes.
A administração local espera pedido de isenção dos impostos Predial e Territorial Urbano (IPTU) e sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS) até junho. No ano passado, o governo estadual concedeu, em decreto, isenções de impostos para compra de máquinas e materiais de escritório, entre outros.
Segundo o senador Delcídio do Amaral (PT), que participou da reunião junto com a prefeita da cidade Márcia Moura (PMDB) e outros políticos, a unidade será a "maior planta produtora de ureia e amônia do mundo". Para produzir 1,2 milhão de ureia e 85 mil toneladas de amônia, a terceira unidade de fertilizantes da companhia utilizará 2,2 milhões de metros de gás natural.
Capitalização
A Petrobras precisará captar R$ 89 bilhões no mercado para dar conta dos investimentos previstos no plano de negócios, como a indústria em Três Lagoas. De acordo com informações publicadas pela Agência Estado, esse processo pode travar no Congresso, onde será avaliado, por conta do prazo da auditoria da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustível (ANP).
Para auditar reservatórios de petróleo da estatal, prática indispensável para o início da capitalização, a agência tem prazo de 90 dias, prorrogável por mais 45 dias. Isso dificultaria o início da busca por capital ainda neste semestre, como deseja a Petrobras.
O senador Delcídio não acredita que a auditoria atrapalhará a capitalização. "É o tempo normal do contrato de certificação", afirmou, por telefone.
A empresa, que ficará maior com os investimentos anunciados, verá suas dívidas crescerem na mesma proporção. Sem o dinheiro extra para reforçar o capital, a Petrobras teria problemas na relação endividamento versus capital. Com menos dinheiro para fazer frente às dívidas, o mercado rebaixaria o grau de investimento da estatal, o que a tornaria menos desejável aos olhos dos investidores.
Na última semana, o presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, disse ao jornal O Globo que há tempo hábil para aprovação no Congresso, e que a capitalização deve levar entre 45 e 60 dias.