Em Mato Grosso do Sul, o desinteresse do consumidor pelo gás veicular − combustível muito usado em outros estados brasileiros − está, entre outros fatores, ligado ao preço e à distribuição no Estado. Desde que o combustível foi inserido em MS, por volta de 2004, apenas duas cidades (Campo Grande e Três Lagoas) tinham postos de abastecimento. Cerca de cinco anos se passaram e a situação continua a mesma: somente os dois municípios contam com revendedoras de gás veicular. Muitos − querendo aproveitar a economia do combustível que chega a 20% em relação a outros, como gasolina e álcool − encontraram dificuldades em viajar, percorrer longas distâncias dentro do Estado, porque não havia como abastecer o veículo e, quem tentou teve que usar outro combustível no meio do percurso, quando o gás se esgotou. Ou seja, não compensava. O resultado foi a diminuição dos adeptos do combustível, e com menos demanda a oferta cresceu e os valores subiram. Nos últimos dois anos, o preço do gás veicular ficou 10% mais alto, passando de R$ 1,59 o metro cúbico (março 2008) para R$ 1,75 (março 2010). Se comparado com a época em que o consumo era grande (março 2005), o acréscimo chega a 51%, já que no período o custo médio do metro cúbico no Estado era de R$ 1,16, segundo dados da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Mudanças A situação do GNV ficou ainda mais complicada em Mato Grosso do Sul quando as montadoras de veículos mudaram suas linhas de produção e começaram a fabricar modelos “flex”, que poderiam rodar tanto com álcool como com gasolina. Isso porque, segundo Paulo César de Oliveira, coordenador do LabSenai Gás e Energia, a relação custo-benefício da conversão para a compra de um bicombustível não pendeu para o lado do gás. “Pelo contrário, enquanto uma conversão custa entre R$ 2 mil e R$ 3,5 mil, as montadoras já fabricam flex com mesmo preço de um que usa apenas gasolina, por exemplo”, compara. O cenário, associado aos preços praticamente equiparados do gás e álcool, e ao peso do cilindro de gás (cerca de 100 quilos) que aumenta o consumo, deu a entender que a economia na queima de até 20% do GNV frente a seu concorrente não compensava o custo da conversão. Resultado: o consumidor abandonou o gás veicular. Além disso, de acordo com Oliveira, o governo não incentivou o GNV, desmotivando o setor comercial. “Há alguns anos a própria ministra Dilma afirmou que o objetivo do gás no Brasil seria basicamente para geração de energia”, conta. O governo estadual também não teria colaborado, oferecendo incentivos fiscais com a redução da carga tributária em todo o setor. (AM)