Crescimento do setor está alinhado à consolidação de novas fábricas; Estado tem potencial para receber a oitava planta
A consolidação do Vale da Celulose em Mato Grosso do Sul já pode ser percebida pela expansão de 62,75% nas exportações neste ano. O segmento movimentou US$ 1,765 bilhão de janeiro a setembro, enquanto no mesmo período do ano passado o Estado negociou US$ 1,085 bilhão – diferença de US$ 680,8 milhões.
Os dados constam na Carta de Conjuntura do Setor Externo, elaborada pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc), e apontam ainda que o volume de comercialização também registrou aumento na comparação do período, uma vez que em 2023 foram enviadas 3,061 milhões de toneladas ao exterior, contra 3,135 milhões até setembro deste ano.
A celulose representa 22,7% do total da pauta de exportações do Estado, ficando somente atrás da soja (34,48%). Os números que comprovam o potencial do segmento evidenciam ainda a importância do núcleo produtivo localizado em Mato Grosso do Sul.
“Quando olhamos para a celulose, realmente o Estado hoje é um destaque mundial”, analisa o titular da Semadesc, Jaime Verruck.
Ao Correio do Estado, o secretário destaca que Mato Grosso do Sul ainda dispõe de capacidade para expandir o setor.
“Com a quinta planta industrial sendo construída em Inocência, da Arauco, e o anúncio da sexta planta industrial, no município de Água Clara, tenho certeza de que nós temos espaço para a sétima e para a oitava, consolidando realmente o Vale da Celulose e um estado, obviamente, de uma maneira significativa, exportador”, afirma Verruck.
O mestre em Economia Eugênio Pavão explica que, com a chegada da indústria de celulose, Mato Grosso do Sul obteve enormes ganhos financeiros.
“Com a exportação do produto e os investimentos maciços em florestas plantadas e recebendo até investimentos estrangeiros, por meio de fundos de pensões estrangeiros. Hoje, temos a indústria chilena Arauco se instalando no Estado, com possibilidades de maior crescimento do PIB até 2030”, detalha.
Atualmente, MS ocupa a segunda maior área de florestas plantadas do Brasil. Segundo dados do Sistema de Informações Geográficas do Agronegócio (Siga MS), a área total atingiu 1,48 milhão de hectares neste ano, área que deverá chegar a 2,5 milhões de hectares nos próximos anos.
Desse total, 98% são dedicados ao cultivo de eucalipto, que é predominantemente utilizado pela indústria de papel e celulose, amplamente presente no Estado.
Investimentos
Conforme adiantado pelo Correio do Estado na edição do dia 2 de outubro, dados divulgados pelo presidente da Indústria Brasileira de Árvores (Ibá) apontam que mais de 70% dos R$ 105 bilhões de investimentos previstos no setor de celulose para o País serão realizados em Mato Grosso do Sul.
Paulo Hartung informou, durante um evento, que quase R$ 75 bilhões serão investidos em território sul-mato-grossense nos próximos três anos.
“Estivemos com o presidente da República, Lula, e nós levamos para ele o número de investimento do setor nos próximos três anos. A carteira de investimento do setor é uma das maiores carteiras de investimento do setor privado brasileiro. São R$ 105 bilhões contratados para serem investidos no nosso País, dos quais mais de R$ 70 bilhões serão em Mato Grosso do Sul”, afirmou o presidente da Ibá.
O governador de Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel (PSDB), reiterou que o setor tem ajudado a transformar MS.
“Da nossa parte, vamos criar um ambiente de negócios que fique cada vez mais atrativo para setores em que somos competitivos, e a celulose é, sem dúvida, uma das estrelas deste processo. O setor investe R$ 75 bilhões no Estado”.
Mato Grosso do Sul tem uma capacidade instalada de produção de 4,9 milhões de toneladas anuais de celulose, produzidas em três linhas operacionais no município de Três Lagoas, sendo duas da Suzano e uma da Eldorado.
A capacidade foi ampliada em mais 2,55 milhões de toneladas com a entrada em operação do Projeto Cerrado, da Suzano, elevando o total para 7,4 milhões de toneladas anuais.
A reportagem também adiantou que a Arauco anunciou a expansão da capacidade de produção e deverá se tornar a maior fábrica de celulose do mundo.
Com investimento de US$ 4,6 bilhões (equivalente a R$ 25,1 bilhões), a empresa do grupo chileno informou o aumento da capacidade produtiva da planta de Inocência, saindo dos iniciais 2,5 milhões de toneladas para 3,5 milhões de toneladas de fibra de eucalipto por ano.
Outro investimento que pode chegar a MS é da Bracell. O grupo indonésio é um dos principais produtores de celulose solúvel do mundo e anunciou o interesse de construir uma nova fábrica em Água Clara, com investimentos previstos de R$ 25 bilhões.
Também estão planejadas as segundas linhas de produção da Eldorado Celulose, em Três Lagoas (com uma capacidade prevista de 2,3 milhões de toneladas por ano), e da Arauco, em Inocência (2,5 milhões de toneladas anuais).
A reportagem também informou, na edição do dia 4 de maio de 2024, que os municípios de Figueirão e Alcinópolis são apontados como possíveis locais para a instalação de uma unidade que seria resultado de negociações com a multinacional Portucel Moçambique.
US$ 7,7 bi
De janeiro a setembro de deste ano, as exportações de MS alcançaram US$ 7,79 bilhões, impulsionadas por soja, celulose, carne e açúcares.
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