A nova frente fria, queda de granizo e a ocorrência de geadas que se instalou nesta semana em todo país, ameaça tanto as plantações e as lavouras, como também o bolso dos consumidores de todo Estado, conforme alerta a economista Marcela Souza.
Entre os itens que podem ficar mais caros estão: café, milho, hortaliças e até mesmo a carne, que já vem pesando no bolso dos brasileiros. Além disso, a qualidade de certos alimentos pode piorar.
“Os agricultores estão tendo perdas muito grandes com essas geadas, é possível notar que as mudanças climáticas estão impactando até mesmo na qualidade dos produtos e os preços também irão subir. As plantações de café já estão bem afetadas, assim como as folhas”, explicou.
De acordo com o Instituto Nacional de Meteorogia (Inmet), o clima frio deve seguir até domingo (1º). Influenciada pelo fenômeno La Ninã, a onda de frio deve atingir o seu pico nesta sexta-feira (30). Os estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina podem enfrentar de seis a sete dias seguidos com mínimas abaixo, há possibilidade de neve.
O frio excessivo provoca prejuízos ao produtor e como consequências, há queda na produção de milho, redução da oferta de proteínas animais e consequentemente aumento dos preços de alimentos ao consumidor final.
A pecuária é outro setor que já percebe o impacto do clima na produção. A economista destaca que o preço da carne deve subir ainda mais devido ao clima.
“O preço da carne também deve ter impactos, o pasto é afetado com a geada e o gado não consegue comer da maneira que se deve, com isso, o produtor deve entrar com ração, o que deve encarecer o produto final. Além disso, quando a vaca não come da maneira habitual, ela também tem dificuldade em produzir leite, ou seja, é toda uma cadeia que deve sentir os reflexos”, destacou.
A estiagem no Brasil já reduziu as perspectivas para várias safras, incluindo café, açúcar e milho segunda safra.
Souza reitera que as geadas são problemas menores, que tendem a impactar preços voláteis. Com isso, estes preços podem voltar a cair futuramente.
Só neste ano, o preço dos alimentos já subiu, em média, 15%, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
MATO GROSSO DO SUL
As lavouras de milho do Estado têm enfrentado as maiores perdas por causa das intempéries climáticas. Conforme já adiantado pelo Correio do Estado, a estimativa da produção do milho safrinha tem o pior resultado da série histórica.
Dados do Sistema de Informação Geográfica do Agronegócio (Siga-MS) apontam que a projeção para 2020/2021 foi revisada para 6,28 milhões de toneladas. A menor colheita registrada desde o ciclo 2013/2014 quando as lavouras começaram a ser monitoradas.
Outras culturas afetadas diretamente pelo clima foram o eucalipto e a cana-de-açúcar. Hoje, os produtos florestais aparecem como o 2º item da pauta de exportações do Estado, com 23,3% do total.
Além da cana-de-açúcar, que foi altamente impactada com a geada.