ADRIANA MOLINA
Enquanto a frota de veículos flex cresceu 40% no último ano em Mato Grosso do Sul, a venda acumulada de etanol nos postos de abastecimento caiu cerca de 33% no Estado. O cenário, que pela lógica deveria ser de maior consumo do álcool, já que a busca por carros com a opção do combustível tem sido maior, segundo especialistas, reflete a competitividade entre os derivados do petróleo e da cana-de-açúcar, e a busca do consumidor por economia.
“Na verdade, quem procura um carro bicombustível hoje quer a alternativa de poder abastecer com o que for mais vantajoso naquele momento, não para usar o álcool apenas. E as montadoras, sabendo disso, já planejam fabricar 100% dos veículos equipados com motores flex daqui alguns anos”, aponta o presidente da Federação Nacional de Distribuição de Veículos Automotores em Mato Grosso do Sul, Luíz Antônio de Souza Campos.
Em julho de 2009 o Estado tinha 98,3 mil automóveis movidos a gasolina e álcool; no mesmo mês deste ano o número já saltou para 137,5 mil, conforme dados do Departamento de Trânsito de Mato Grosso do Sul (Detran/MS). Já o consumo do etanol, no acumulado do ano, caiu de 100,8 mil metros cúbicos para 67,6 mil, segundo a Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustível (ANP).
Viabilidade
Marcos Villalba, diretor do Sindicato do Comércio Varejista de Petróleo e Lubrificantes (Sinpetro-MS), explica que o consumidor tem feito as contas na hora de abastecer, o que nos últimos meses, por causa dos preços do etanol, fez despencar as vendas do produto no Estado. “Quando o álcool representa mais de 70% do preço da gasolina, se torna desvantajoso do ponto de vista econômico, pois ele rende 30% menos que ela. Porém, acredito que o etanol ainda seja melhor do ponto de vista ambiental, por ser um combustível limpo e renovável”, explica.
Os valores do litro do biocombustível chegaram a R$ 2,06 neste ano, enquanto que no ano passado a média foi de R$ 1,70, tornando-o economicamente inviável para os que têm veículos flex. A situação chegou a esse ponto porque o excesso de chuvas derrubou a produção de cana no Estado, que resultou em 300 milhões de litros a menos produzidos pelas usinas.
“Esses 300 milhões representam todo o consumo de MS em um ano. Caímos de 1,3 bilhões de litros produzidos para cerca de 1 bilhão, o que fez os preços dispararem”, conta o presidente da Associação dos Produtores de Bioenergia de MS (Biosul), Roberto Hollanda. Segundo ele, a situação deve ser melhor nesta safra, que tem previsão de produção de 2 bilhões de litros de etanol, baixando os preços ao consumidor final.