Carlos Henrique Braga, da redação
Silvio Andrade, de Corumbá
O Governo confirmou ontem a compra de terreno de 125 hectares da Vetorial Siderurgia para compor área que abrigará a Zona de Processamento de Exportação (ZPE), emperrada desde os anos 90 por entraves políticos. Outro terreno, de mesmo tamanho, foi desapropriado por decreto, no último dia 28. O local pertencia ao empesário Alfredo Zamlutti Júnior, que pediu R$ 2,5 milhões pelo dobro da área, mas ainda não convenceu o governador André Puccinelli (PMDB). A área resultante, de 250 hectares, ao lado da BR 262, constará do projeto que a cidade apresentará ao governo federal para conseguir permissão para criar a zona.
A data-limite de apresentação do projeto ao conselho do Ministério do Desenvolvimento e Comércio Exterior é 1° de julho. Caberá ao presidente Lula aprovar a criação da zona, por decreto. Segundo assessoria de imprensa do governo, a papelada está pronta. No último dia 28, decreto publicado no Diário Oficial informou a desapropriação da área de Zamlutti Júnior. “Fui pego de surpresa e soube pela imprensa que a área havia sido desapropriada. Não sabia nem que eram só 125 hectares, e não 250, como estamos negociando”, contou o empresário, por telefone, mostrando-se aberto à negociação. Pelos 250 hectares necessários à instalação da ZPE, Zamlutti pediu R$ 2,5 milhões, ou seja, R$ 10 mil por hectare, mas o governador André Puccinelli estava disposto a pagar até R$ 9 mil, e não fechou acordo. Segundo o empresário, o hectare vale até R$ 12 mil. “Ainda estou esperando o convite dele para uma conversa em Campo Grande”, cobrou.
Os outros 125 hectares, da Vetorial Siderurgia, também estão em negociação. O terreno foi comprado da MMX, em 2006. A empresa disse, por meio de assessoria, que a propôs a venda do terreno por entender dos benefícios que a ZPE trará a Mato Grosso do Sul. A siderúrgica afirmou não beneficiar-se diretamento da zona, uma vez que não exporta sua produção, toda voltada ao mercado interno. Por questões de custo e logística, a operação com foco no mercado externo será concentrada em braço da empresa na Argentina.
Emperrada
A ZPE de Corumbá, criada em 1993, não se viabilizou por desinteresses políticos e entraves gerados na formação de sua administradora, que passou a ser controlada em 70% por um grupo privado ligado ao ex-deputado federal Elísio Curvo. Com a transferência da área delimitada em seu decreto de criação para a MMX, deixou de existir e sua caducidade se dará no próximo dia 1º de julho.
O senador Delcídio do Amaral (PT/MS) garantiu que a aquisição dos 125 hectares já avança as negociações com a União para reeditar o decreto que criou a ZPE, o que deve ocorrer em julho. Para o governador André Puccinelli, a decisão da prefeitura de Corumbá de não participar do projeto não o inviabiliza. “Se o prefeito (Ruiter Cunha) não atrapalhar já está ajudando e muito”, disse.