Economia

ALTA DEMANDA

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Importação de gás natural da Bolívia volta ao nível da década passada

Compra adicional de 10 milhões de m³ de gás boliviano pode igualar volume importado nas primeiras décadas do gasoduto

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Em outubro, o gasoduto Bolívia-Brasil (Gasbol) operou em alta, com 20,5 milhões de metros cúbicos de gás natural por dia, ante os 10,7 milhões de m³ registrados em abril. 

O consumo aumentou em decorrência do funcionamento das usinas termelétricas, motivo pelo qual o Ministério de Minas e Energia autorizou a Petrobras a comprar adicional de 10,08 milhões de m³ até o fim do ano.  

O Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) é a principal fonte de arrecadação do Estado. 

No ano passado, a arrecadação com a alíquota sobre o gás natural gerou R$ 1,13 bilhão para os cofres de Mato Grosso do Sul.  

Com contrato adicional, o Estado volta a arrecadar em cima de mais de 30 milhões de m³ diários. 

O gás natural já representou 30% da arrecadação tributária de Mato Grosso do Sul nas décadas de 2000 e em quase toda a década de 2010. 

O bombeamento de gás por meio do gasoduto Bolívia-Brasil começou a ser reduzido em 2017. Desde 2018, a importação caiu pela metade.  

Conforme informações da Companhia de Gás do Estado de Mato Grosso do Sul (MSGás), em outubro, a importação de gás natural do país vizinho chegou ao melhor nível desde janeiro, quando diariamente passaram 28,5 milhões de m³ diários nos dutos do Gasbol.  

“As usinas térmicas estão funcionando. No Estado, por exemplo, Três Lagoas está operando com três máquinas. Saímos de 18,8 milhões de metros cúbicos diários em setembro para 20,5 milhões de m³ em outubro”, informou a companhia em nota.  

Demanda

Em razão do aumento do consumo, a Petrobras foi autorizada, pelo Ministério de Minas e Energia, a fazer uma compra adicional para atender as térmicas.

A autorização publicada no Diário Oficial da União do dia 28 de outubro tem validade até o fim de 2020. 

A Petrobras foi autorizada “a exercer atividades de importação de gás natural da Bolívia em volume total de até 10,08 milhões de metros cúbicos por dia. E envolve ainda aval para importação adicional de até 1 milhão de metros cúbicos por dia para uso no sistema de transporte”, detalha o documento.

Ainda de acordo com a publicação do Diário Oficial, “o gás a ser importado terá como mercado potencial o atendimento à demanda de usinas termelétricas, com transporte por meio do Gasbol. O local de entrega do insumo será na fronteira entre os dois países em Corumbá, Mato Grosso do Sul. A Petrobras deverá apresentar à Agência Nacional de Petróleo (ANP) relatórios sobre as operações de importação realizadas, incluindo volumes diários”.

Receitas

No mês passado, o Estado ganhou na Justiça o direito de continuar recebendo o imposto sobre o produto. 

O Supremo Tribunal Federal (STF) definiu no dia 22 de outubro que Mato Grosso do Sul poderia continuar cobrando o imposto sobre a importação do gás.  

A guerra fiscal começou há 14 anos, quando São Paulo, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, estados que também são abastecidos pelo gasoduto, reivindicaram o direito à alíquota.

A primeira das ações civis foi ajuizada pelo estado de São Paulo em 2006 e desde então Mato Grosso do Sul vinha obtendo liminares favoráveis. 

Os governos gaúcho, catarinense e paulista chegaram a, por algumas ocasiões, autuar a Petrobras pelo não recolhimento do ICMS.  

O direito foi concedido a Mato Grosso do Sul porque é em seu território que se completa a importação do produto pela Petrobras, é onde ele é nacionalizado. 

Esse gás é distribuído via dutos a diversos estados da Federação, entre eles São Paulo, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

Durante o julgamento, o advogado da Petrobras, Frederico Ferreira, explicou que no momento de ingresso do produto em território nacional, na aferição do volume importado na fronteira, não é possível sequer precisar o volume que será demandado posteriormente pelos distribuidores locais nos pontos terminais. “Além disso, é ainda no estabelecimento situado em Corumbá que a Petrobras realiza a venda do gás natural, conforme demanda dos distribuidores locais”, complementou.  

Contrato  

Confirmado no dia 23 de outubro como o novo presidente da Bolívia, Luís Arce, do partido de esquerda Movimento ao Socialismo (MAS), disse que quer renegociar os contratos de gás entre o país e o Brasil. 

Segundo o político, o governo brasileiro não deveria ter firmado acordos com a gestão da interina Jeanine Áñez, que não foi eleita de modo democrático.  

“Principalmente porque não era uma atribuição de Áñez. O governo brasileiro deve entender, uma vez que apoiou este governo ‘de facto’, que falta legitimidade a esse acordo. Queremos revisar os atuais contratos e fazer isso do ponto de vista de uma relação de dois governos que foram eleitos de modo democrático. Não estamos contentes com a forma como o governo de Áñez negociou a questão do gás com o Brasil”, disse Arce em entrevista ao jornal Folha de São Paulo.

O socialista Evo Morales foi reeleito no ano passado e após pressão e conflitos no país renunciou ao cargo. Desde então a presidente interina é Jeanine Áñez. A Petrobras e a estatal boliviana YPFB assinaram em março um acordo que reduziu de 30 milhões para 20 milhões de metros cúbicos por dia o volume máximo que a Petrobras poderia trazer do país vizinho.  

Brasil e Bolívia negociavam a extensão do contrato de compra e venda de gás natural, que entrou em vigor em 1999 e venceu em 2019 sem que a Petrobras utilizasse todo o volume de gás contratado. O acordo assinado prevê que esse volume seja entregue em até seis anos.

SEGMENTO

Queda de 42% em empregos formais expõe apagão de mão obra na construção

Cenário de escassez de trabalhadores pode refletir em aumento no custo de obras, afirmam representantes do setor

20/04/2024 09h00

Grandes obras do Estado demandam profissionais qualificados Foto: Gerson Oliveira/Correio do Estado

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O saldo de carteiras assinadas nos primeiros dois meses do ano em Mato Grosso do Sul divulgados pelo pelo Ministério do Trabalho e Emprego, por meio do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) evidencia o agravamento da carência de mão de obra na construção civil. 

Até fevereiro deste ano o setor acumulou 1,9 mil empregos formais, enquanto no ano passado o saldo foi praticamente o dobro, com 3,3 mil (-42,59%) contratados.

Ainda de acordo com os últimos dados do Caged, no 1º bimestre de 2024 foram criados 10.709 vagas de trabalho no Estado, onde 1.903 correspondem a setor da construção, ou seja, o correspondeu à apenas 17,77%. Na mesma proporção, no ano anterior, ao total 11.296 pessoas foram formalmente admitidas, com uma participação de 29,34% da construção civil do Estado, queda de 11,57 pontos porcentuais entre um ano e outro.

Em janeiro foram 1.214 novas carteiras registradas no segmento da construção. Enquanto no mês seguinte, o segmento contratou 689 novos trabalhadores formais, redução de 43,25%. O resultado foi obtido a partir de 7.047 admitidos contra 5.144 contratos de trabalho encerrados em dois meses, gerando estoque de 35.517. Já no cenário geral do mercado de trabalho foram contabilizados 39.054 pessoas contratadas e outras 33.056 desligadas. O estoque atual de trabalhadores com carteira registrada chega a 668.674 pessoas em Mato Grosso do Sul no acumulado do ano.

Segundo economistas consultados pelo Correio do Estado, mesmo diante da forte redução nas contratações, o setor tem alta demanda por trabalhadores devido à presença de grandes empreendimentos que estão se instalando no Estado.

A cidade de Ribas do Rio Pardo é um exemplo que se destaca, com saldo de 366 vagas na construção no mês de janeiro, como consequência da fase de edificação de fábricas. “Esse é efeito da vinda das grandes empresas como a Suzano e também grandes redes da construção civil”, avalia o doutor em Economia Michel Constantino.

O mestre em Economia Lucas Mikael também destaca outra grande obra que impacta amplamente o segmento. “Os investimentos na Rota Bioceânica e nas indústrias de celulose impulsionam a economia local, tornando o Estado uma opção atrativa tanto para investimentos industriais quanto para residência de trabalhadores futuros”, exemplifica.

 

Saldo de empregos na construção civil Saldo de empregos na construção civil 

SETOR

Diante do cenário, o risco de um apagão por falta de mão de obra se torna cada vez mais evidente. Conforme os representantes do setor, a falta de mão de obra começou em 2018, mas ganhou força durante pandemia, quando muitos profissionais decidiram se aposentar ou trocar o serviço pesado da construção por trabalhos informais, como o de motorista por aplicativo.

Os empresários do setor demonstram-se preocupados com o cenário atual. “A falta de pessoas para atender a demanda por mão de obra no setor da construção, atinge não somente as funções que exigem maior qualificação, mas também nas de menor exigência em qualificação, como as funções mais básicas de entrada no setor como servente e ajudante”, detalha o presidente do Sindicato da Indústria da Construção no Estado de Mato Grosso do Sul (Sinduscon-MS), Kleber Luis Recalde.

O presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção e do Mobiliário de Campo Grande (Sintracom), José Abelha Neto, atribui a carência de profissionais ao momento de crescimento que o Estado vivencia. 

“Hoje o problema de mão de obra está acontecendo devido a esse “boom” de novas construções, tanto na Capital quanto no interior”, afirma.

Abelha aponta ainda que diversas construtoras trabalham para realizar o lançamento de imóveis. “Incorporadoras estão contratando e encontram dificuldades de encontrar trabalhadores qualificados, pois a procura é muito grande”, explica. 

O presidente da Associação dos Construtores de Mato Grosso do Sul (Acomasul), Diego Canzi Dalastra, afirma que a falta de qualificação no segmento é um problema recorrente que vem se agravando nos últimos anos. 

“Trabalhadores de serviços específicos da construção civil como por exemplo, azulejista, eletricista, pintor, calheiro, marmoreiro, essas profissões que exigem um treinamento mais técnico sempre estão em falta”, lista.

Para Dalastra o principal impacto é o aumento do custo da mão de obra. “Lei da oferta e demanda e principalmente o tempo que acaba atrasando os cronogramas por falta de mão de obra”, conclu.

INTERIOR

Para o presidente do Sindicato da Habitação de Mato Grosso do Sul (Secovi-MS) a ausência de mão de obra também se agrava na Capital pelas obras no interior, e ainda construções de alto padrão em cidades do agronegócio. “A mão de obra de Campo Grande costuma ser mais qualificada e como estas cidades [do interior] estão a todo vapor acabam levando temporariamente a mão de obra da Capital”, salienta.

O presidente do Sinduscon acrescenta que as grandes plantas industriais implantadas no Estado contratam um número impressionante de operários durante a fase de construção. “De modo inexorável desequilibra ainda mais a relação entre a oferta e a demanda de mão de obra no setor”, reforça.

Para Neto, a expansão da construção ocorre em massa por todo Estado, porém, cidades do interior como Ribas do Rio Pardo, Sidrolândia e Paraíso das águas se destacam. “Hoje a gente sabe que a fábrica da Suzanno emprega 12 mil trabalhadores. Muitos desses vêm de outros estados para completar o quadro aqui, justamente pela ausência de mão de obra”, relata.

O titular da Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc), Jaime Verruck, destaca que o mercado da construção civil em Mato Grosso do Sul está extremamente ativo não só por causa das indústrias, mas o mercado residencial também com a retomada do programa Minha Casa, Minha Vida.

“O problema não é oferta e sim o profissional estar disposto, pois o que acontece é que a pessoa que é servente não quer continuar nessa posição, ele quer melhorar. E outro grande problema é que não estamos conseguindo inserir o jovem nessa profissão”, analisa.

Verruk ainda afirma que o Estado continuará criando novas vagas para a área e por consequência gerará o encarecimento da mão de obra, exigindo uma melhor realização, devido à inexistência dessa mão de obra.
No âmbito da qualificação o secretário destaca que governo seguirá com as ações. “A gente vai continuar oferecendo esses cursos no ramo da construção, que é eletricista, azulejista entre outros”, finaliza.

 

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IBGE-Pesquisa

Rendimento médio per capita de MS é o maior da série histórica

Em 2023, ocorreu um crescimento de (6,5%), estimado em R$ 1.990,00

19/04/2024 16h20

Conforme a pesquisa (64%) da população tinha algum rendimento, colocando o Estado como 8º maior no ranking entre as Unidades da Federação Gerson Oliveira / Correio do Estado

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O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgou nesta sexta-feira (19) os valores dos rendimentos domiciliares per capita, referentes ao ano de 2023, com base nas informações referentes a Pesquisa Nacional por Amostra e Domicílios Contínua - PNAD Contínua.

O rendimento médio per capita domiciliar em Mato Grosso do Sul é o maior da série histórica (6,5%), estimado em R$ 1.990.

Durante a pandemia de Covid-19, o rendimento per capita diminuiu para (5,6%), em 2020 e (8,3%) em 2021, estimado em R$ 1.639, o 2º menor valor da série. Em 2022, o rendimento médio domiciliar apresentou crescimento (12,3%) sendo estimado em R$ 1.868.

Conforme a pesquisa (64%) da população tinha algum rendimento, colocando o Estado como 8º maior no ranking entre as Unidades da Federação. Com relação à renda em 2023, o indicativo apontou 2,8 milhões de pessoas residentes em Mato Grosso do Sul desempenham alguma atividade, enquanto em 2022 o quantitativo era de 2,5 milhões. 

Rio Grande do Sul lidera com (70,3%) e em nove oportunidades apresentou a maior estimativa da série histórica iniciada em 2012, enquanto Acre e Amazonas, as menores (51,5% e 53,0%, respectivamente). 

Rendimento

O levantamento aponta que em 2023, o número de pessoas que possuíam rendimento, levando em consideração todas as modalidades de trabalho, em Mato Grosso do Sul correspondia a  50,4% da população residente (1,4 milhão de pessoas).

"Rendimento relacionado a outras fontes foram de  22,3% (631 mil) dos residentes possuíam, em 2023, alguma fonte de rendimento diferente de trabalho, enquanto, em 2022, essa estimativa era de 21,3% (595 mil)". 

 

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