Economia

Produção

Indústria de Mato Grosso do Sul exporta US$ 5,1 bilhões em 2022 e bate recorde

Valores exportados no ano passado são 18% superiores aos de 2021; perspectiva é de mais crescimento este ano

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O setor industrial do Estado fechou 2022 comemorando e começou este ano sorrindo, além de ter perspectivas ainda mais ousadas ao longo desta década. Pelo menos é o que garante o coordenador da Unidade de Estudos e Pesquisas da Federação das Indústrias de Mato Grosso do Sul (Fiems), Ezequiel Rezende.

Ele explica que 2022 foi o melhor da série histórica das exportações industriais.

“Para se ter uma ideia, dos 10 meses com maior receita de venda ao exterior ao longo dos últimos 15 anos, 8 são do ano de 2022”, observa Rezende.

Esse desempenho, considerado “excepcional” por Ezequiel Rezende, deve-se a fatores como demanda internacional por produtos da agroindústria de transformação do Estado, que se manteve forte tanto em países que são mercados tradicionais e consolidados quanto para os produtos e países que mais recentemente passaram a comprar de Mato Grosso do Sul. 

Outro fator importante é o conflito entre Rússia e Ucrânia, que acabou influenciando a oferta mundial de alimentos, e isso refletiu na busca por novos fornecedores e produtos, proporcionando aumento do volume exportado e dos preços, paralelamente contribuindo para a elevação da receita obtida.

Na avaliação de Ezequiel Rezende, houve ainda a retomada das vendas de produtos siderúrgicos básicos aos Estados Unidos, especialmente ferro fundido, além da venda de etanol ao mercado europeu. 

“Isso foi algo inédito em toda a série histórica do levantamento feito pela Fiems”, acrescenta Ezequiel Rezende. Nesse contexto, os itens que mais contribuíram para o aumento de receita no comparativo com o ano de 2021 foram os produtos derivados do processamento da soja (óleo, farelos, bagaços e pellets), a carne bovina desossada e congelada, o ferro fundido e o etanol, que somados proporcionaram uma receita adicional superior a US$ 820 milhões.

No detalhe, Ezequiel Rezende explica que o ano de 2022 se encerrou com uma configuração diversificada em relação aos segmentos industriais exportadores. Segundo ele, em primeiro lugar aparece a indústria frigorífica, com receita de US$ 1,57 bilhão e participação de 31%.

Na sequência vem o segmento de celulose e papel, com US$ 1,53 bilhão e participação de 30%. Em seguida aparece o processamento da soja, com US$ 972,3 milhões e 19% de participação, e o setor sucroenergético, com US$ 460,5 milhões e participação de 9%.

A siderurgia, com US$ 206,3 milhões e participação de 4%, a mineração, com US$ 132,1 milhões e participação de 3%, os alimentos e bebidas com US$ 96 milhões e participação de 2%, e o processamento de couro, com US$ 55,3 milhões e participação de 1%, também contribuíram para o resultado.

Em termos gerais, o ano passado foi de recorde para o setor industrial sul-mato-grossense.

Pela primeira vez na história econômica do Estado, a receita obtida com a venda ao exterior de produtos fabricados em MS superou a marca de US$ 5,1 bilhões, representando um crescimento de 18% em comparação com 2021, quando o valor ficou em US$ 4,34 bilhões. 

Os segmentos industriais que mais exportaram foram: frigoríficos, celulose e papel, processamento da soja e sucroenergético. Quanto aos produtos, houve um incremento de US$ 850 milhões, oriundo de receitas de produtos como óleos, farinhas e bagaços de soja, carne bovina desossada, ferro fundido, celulose e álcool.

DESTINOS

Em relação aos destinos das exportações, os principais países importadores da indústria de Mato Grosso do Sul são China, Estados Unidos, Holanda, Índia, Itália, Chile, Japão, Argentina, Emirados Árabes, Venezuela, Indonésia e Egito. 

Segundo Ezequiel Rezende, isolando-se o mês de dezembro, as exportações da indústria somaram US$ 398,2 milhões, o que significa um crescimento de 3% em relação ao mesmo mês de 2021, quando o valor ficou em US$ 384,9 milhões.

“Esse foi o melhor resultado já registrado para o mês em toda a série histórica da exportação de produtos industriais de Mato Grosso do Sul”, afirma Ezequiel Rezende.

Quanto à participação relativa no mês, a indústria respondeu por 73% de toda a receita de exportação de Mato Grosso do Sul.

Já no acumulado do ano, a participação ficou em 62%. Em termos de arrecadação de impostos para o Estado, o setor industrial contribuiu com R$ 1,131 bilhão. O setor elevou a arrecadação em 10,61%, e a participação no total do Estado ficou em 7,4%.

Verruck prevê 2023 melhor e com crescimento maior 

O secretário de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc), Jaime Verruck, garante que este ano será ainda melhor e que esta década será de grande desenvolvimento agroindustrial no Estado.

“De um total de US$ 8,2 bilhões, quase US$ 5,2 bilhões vieram da indústria. Isso mostra a competitividade de Mato Grosso do Sul”, avalia Verruck.

Ele ainda deixou claro que as exportações de celulose ficarão estáveis neste ano, mas a partir de 2024 a fábrica da Suzano em Ribas do Rio Pardo vai entrar em funcionamento. No ano que vem também começarão as obras da fábrica de celulose da Arauco, em Inocência.

Essas duas fábricas representam R$ 39,3 bilhões em investimentos no Estado. Serão mais 5 milhões de toneladas de celulose por ano – tudo para exportação.

“Além disso, o setor de mineração vai crescer 30%, com destaque para o minério de ferro”, frisa Verruck

A soja, que já sinaliza uma safra recorde este ano, com 12,3 milhões de toneladas, deverá contribuir mais com a agroindústria, notadamente com o processo de esmagamento da oleaginosa e também com a fabricação de óleo – aquele utilizado para cozinhar alimentos.

Outra fonte agroindustrial importante será a pecuária, sobretudo com a abertura de mercado da carne bovina após o Estado ficar livre de vacinação contra a febre aftosa.

“O mercado de carne bovina ficará maior e ainda nem dá para calcular. As carnes suínas, de aves e de peixe também conquistarão novos mercados. Este ano haverá a inauguração de uma fábrica de etanol de milho em Maracaju e, em 2024, teremos uma fábrica de etanol de cana-de-açúcar em Paranaíba”, prevê Verruck. 

Na parte da suinocultura, o titular da Semadesc projeta fábricas em São Gabriel do Oeste e Dourados. Municípios como Terenos, Jaraguari e Sidrolândia farão parte da cadeia produtiva do porco e, em termos de indústrias, haverá investimentos na ordem de R$ 2 bilhões.

O Estado vai, ainda, concentrar investimentos em energia solar e biogás e investirá na expansão de gasodutos para todas as regiões.

“Mato Grosso do Sul ocupará um espaço maior no cenário agroindustrial do Brasil. Temos recebido muitas consultas de empresários. Será um período de consolidação do setor industrial e agroindustrial, que vai gerar mais emprego e renda”, analisa Jaime Verruck.


 

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BIOECONOMIA

Estoque de crédito de carbono no Pantanal pode valer R$ 25,2 bilhões

Território para potenciais projetos é de mais de 1,2 milhão de hectares; cruzamento de estudos inéditos mostram que os valores podem variar entre US$ 3,6 mil e US$ 4,7 mil por hectare

10/02/2025 08h30

Há 1,203 milhão de hectares com potencial para desenvolvimento de projetos de créditos de carbono; para comparação, a área representa 1,6 milhão de estádios como o Morenão

Há 1,203 milhão de hectares com potencial para desenvolvimento de projetos de créditos de carbono; para comparação, a área representa 1,6 milhão de estádios como o Morenão Foto: Rodolfo César

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O território pantaneiro, com rica biodiversidade e nível de conservação de mais de 80%, está sendo cotado como um celeiro para fomentar a bioeconomia em Mato Grosso do Sul.

Relatório divulgado neste mês apontou que há 1.203.050,23 hectares com potencial para desenvolvimento de projetos de créditos de carbono. Conforme estimativas, os valores podem passar de R$ 25 bilhões.

A estimativa levantada pelo Correio do Estado leva em consideração que cada hectare de crédito de carbono pode ser comercializado por US$ 3,6 mil. Ao multiplicar os 1,2 milhão de hectares por US$ 3,6 mil, temos um total de US$ 4,391 bilhões (R$ 25,2 bilhões).

Essa área representa mais de 1,6 milhão de estádios como o Morenão com potencial para gerar recursos por meio de soluções baseadas na natureza. Um levantamento publicado em 2023 avaliou que os serviços ambientais fornecidos no bioma chegam a valer R$ 100 bilhões por ano.

A certificação de projetos de créditos de carbono envolve um número grande de metodologias a serem aplicadas, bem como pesquisas científicas e monitoramento da biodiversidade.

Por conta dessa complexidade, a aplicação dos projetos depende de avaliação para viabilidade econômica em propriedades rurais. Por tais motivos, os técnicos avaliam ser muito difícil fechar um valor financeiro para o território.

RELATÓRIO

O Relatório de Oportunidades e Potencialidades do Crédito de Carbono para Proprietários Rurais do Pantanal, divulgado pelo Instituto Homem Pantaneiro (IHP), entidade que atua na conservação do território há mais de 20 anos, buscou identificar propriedades que têm maior estoque de carbono.

A pesquisa para identificar regiões onde há maior estoque acima do solo foi feita nas 11 sub-regiões do Pantanal, tanto em Mato Grosso do Sul quanto em Mato Grosso.

Conforme o relatório, apontado como inédito para o Pantanal, para identificar as propriedades com maior potencial de projetos de crédito de carbono, houve cruzamento de diferentes plataformas de dados e mapas disponíveis no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e em documentos da Atualização Bienal, que envolve o compromisso do Brasil, durante a COP17, para reduzir as emissões de gases de efeito estufa.

Para o território, projetos desse tipo ainda são uma grande novidade. A base de dados da Verra, maior certificadora de projetos de carbono no mundo, indica que só existe hoje um trabalho desse tipo certificado.

O REDD+ Serra do Amolar, que é executado pelo IHP, teve certificação emitida em 2023, e o anúncio chegou a ser feito pelo governador do Estado, Eduardo Riedel (PSDB), e pela titular da Secretaria Nacional de Biodiversidade, Florestas e Direitos Animais, Rita Mesquita. 

A única certificação dada no Pantanal foi emitida para uma área de 135 mil hectares, onde há reservas particulares de patrimônio natural (RPPN) e propriedades rurais. E, conforme dados não oficiais, já gerou mais de R$ 1 milhão em créditos revertidos em dinheiro.

Há outros projetos registrados na Verra e que tem consulta pública, mas ainda não obtiveram a certificação, por conta de diferentes fatores.

Como matriz econômica, esse tipo de pagamento por serviço ambiental (PSA) também difere completamente da principal fonte de renda da zona rural do Pantanal: a pecuária extensiva. 

“O IHP obteve, em 2023, a primeira certificação de créditos de carbono no Pantanal. Essa solução baseada na natureza representa uma oportunidade real para que proprietários no Pantanal possam ser remunerados diante do trabalho que já é feito para o uso sustentável. Mato Grosso do Sul tem um plano formatado para ser Estado Carbono Neutro até 2030 e já é uma referência em sustentabilidade. Esse estudo vem para assegurar e otimizar esforços”, sugeriu o diretor-presidente do IHP, Angelo Rabelo.

MEDIDAS

O governo do Estado, de fato, vem desenvolvendo uma série de medidas para permitir que a bioeconomia e os PSAs sejam efetivados no Pantanal. Um desses esforços foi a aprovação da Lei do Pantanal, que abre caminho para que a conservação e a manutenção de florestas em pé sejam monetizadas. 

O outro foi a criação do Fundo Pantanal, que hoje já tem R$ 40 milhões a serem destinados para proprietários rurais que tiverem projetos ligados à conservação.

“O Fundo Clima Pantanal é consequência de toda a construção que nós estamos fazendo em relação à Lei do Pantanal, até ações concretas para o bioma. E o fundo é um instrumento que a gente tem para financiar essas ações, com pagamentos de serviços ambientais e todas as ações que envolvem o bioma e seus moradores, pantaneiros, produtores, ribeirinhos, pequenos, médios, grandes”, explicou o governador Eduardo Riedel, em evento que homologou o fundo, no dia 6.

Contudo, para que esse novo mercado seja efetivado nas propriedades rurais do Pantanal, os proprietários precisam decidir entrar no ramo da bioeconomia. Para o IHP, ter um mapa resultado desse relatório, que pode funcionar com o Cadastro Ambiental Rural (CAR), representa a identificação das regiões exatas onde o potencial de projetos certificados pode ser efetivado.

“Esse estudo inédito visa ampliar a conexão entre propriedades e viabilizar novos projetos que fortalecem a preservação do território”, indicou a secretária-executiva do IHP, Yanna Fernanda.

Em razão das diferentes metodologias que existem para a certificação, ainda não é possível estimar valores exatos que podem ser obtidos nos mais de 1,2 milhão de hectares com potencial. Cada caso precisa ser estudado para haver a efetivação monetária.

O que se tem até hoje é o estudo Subsídios para Pagamento de Serviços Ambientais em Áreas Úmidas: Pantanal, que estimou que R$ 100 bilhões em serviços ambientais são prestados pelo Pantanal à humanidade.

Esse trabalho foi elaborado pelos pesquisadores Fábio Bolzan, Fabio Roque e Rômullo Louzada. Os cálculos foram baseados em outro livro, de autoria de Fábio Bolzan e colaboradores, com o título “Valor Monetário dos Serviços Ecossistêmicos do Pantanal e seu Entorno: Primeiras Aproximações e Perspectivas”. 

Em “Flora e Vegetação do Pantanal”, lançado em 2021, os autores precificam em US$ 3.650,49 o PSA do hectare da região do Planalto e US$ 4.735,76 o hectare da Planície pantaneira, por ano.

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Economia

Famílias estão menos endividadas e mais cautelosas com gastos

Pesquisa da CNC percebeu melhoria no total de pessoas com dívidas

09/02/2025 20h00

Imagem ilustrativa

Imagem ilustrativa Foto: Marcello Casal/Agência Brasil

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Uma pesquisa conduzida a pedido da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), divulgada na última quinta-feira (6), percebeu melhoria no total de famílias endividadas no país, com diminuição para 76,1% em janeiro. O resultado representa uma queda de 0,6 ponto percentual em relação a dezembro e de 2 pontos percentuais no comparativo com o mesmo período em 2024.

Uma das brasileiras que conseguiu sair da situação de endividamento foi a professora Danieli Silveira. Para isso, ela diminuiu bastante os gastos, evitou parcelas e buscou fazer compras somente à vista. "É assim que estou me policiando e conscientizando que o consumo saudável é a melhor saída", explica a docente. Ela se percebe, hoje, como alguém que tem suas dívidas controladas, e é certeira ao afirmar: "Não quero passar por isso novamente".

O que ocasionou a situação do tipo "bola de neve" foi o desemprego da professora. “O primeiro vilão foi o cheque especial. Como não tive renda, ele estruturou o pagamento das contas. Quando voltei a ter renda, o rombo negativo nunca dava pra cobrir. Então vieram os cartões de crédito para poder suprir o consumo das necessidades básicas. Um cartão pra pagar outro", contou à Agência Brasil. 

O cartão de crédito continua sendo a principal modalidade de crédito utilizada pelos consumidores, atingindo 83,9% do total de devedores, valor 3% menor do que o auferido no começo de janeiro. O técnico em logística Cesar (nome fictício) é parte destes endividados, e um dos que não conseguirá pagar suas dívidas. A família teve as contas comprometidas após o afastamento de sua companheira do trabalho para tratamento de um câncer desde o final de 2023. Ela parou de trabalhar como enfermeira no turno da noite, quando recebia um adicional

Eles já tinham financiamento imobiliário e empréstimos, mas começaram a acumular dívidas no cartão de crédito, que foram aumentando. Cesar recorreu ao Procon paulista para negociar os juros, e deve conseguir condições melhores de pagamento já nas próximas semanas. "Vou ser sincero, estou mais preocupado com a saúde mental da minha esposa e da família em geral", conta o técnico, que espera reorganizar as finanças após a renegociação.

Pesquisa 

A Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), também apurou se as pessoas conseguirão pagar suas dívidas. Em janeiro deste ano 29,1% das famílias têm dívidas em atraso e 12,7% não conseguirão pagá-las. Em dezembro eram 29,3% e 13%, respectivamente, e em janeiro de 2024 eram 28,3% e 12%. Foi o primeiro recuo na inadimplência desde julho de 2024. 

As dívidas comprometem, em média, 30% da renda das famílias ouvidas. Segundo o estudo este dado é subjetivo, o que indica que as pessoas podem estar menos propensas a realizar gastos,com perspectivas mais conservadoras para o consumo.

As famílias mais vulneráveis, que são aquelas que recebem até 3 salários mínimos, representaram o único grupo pesquisado que teve aumento em suas dívidas,cujo percentual de endividamento aumentou, na comparação com janeiro de 2024 (79,2%) e 18,4% não terão como quitar suas dívidas. O estudo também percebeu que um quinto de todas as famílias com dívidas tem mais da metade de sua renda comprometida.

Mesmo com o resultado positivo dos índices de endividamento e inadimplência a CNC estima que  o endividamento das famílias voltará a crescer durante este ano. Segundo o estudo os percentuais devem começar a subir a partir de março, fechando o ano com 77,5% das famílias brasileiras endividadas e 29,8% inadimplentes. 

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