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Indústria tenta garantir aço para operar após desequilíbrio causado pela pandemia

Escassez de insumos está se espalhando por cadeias que vão da indústria de vestuário a montadoras e fabricantes de bens de capital

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A volta em ritmo acelerado da atividade industrial no País vem causando um descompasso entre a demanda das fábricas e a capacidade de abastecimento dos fornecedores, o que pode conter o vigor da recuperação na reta final do ano.

Embora não haja relatos de interrupções significativas de linhas, a escassez de insumos está se espalhando por cadeias que vão da indústria de vestuário a montadoras e fabricantes de bens de capital. 

Trata-se de um desequilíbrio considerado circunstancial, mas que pode levar entre dois e três meses para ser completamente solucionado, representando, portanto, uma ameaça às programações, revistas recentemente para cima, de fim de ano.

Há, porém, movimentações para assegurar estoques do principal item em falta na indústria de transformação: o aço.

Na quarta-feira, representantes das indústrias de veículos, autopeças, máquinas e eletrodomésticos se reuniram com seus pares do setor siderúrgico para discutir soluções que normalizem mais rápido o abastecimento das cadeias.

Ficou combinado que os clientes vão entregar uma relação dos produtos que mais precisam, tendo em vista os próximos seis meses, para que as usinas siderúrgicas direcionem assim a produção à demanda colocada por eles. 

Do lado dos setores demandantes de aço, executivos saíram da reunião virtual confiantes de que em um mês e meio não haverá mais escassez, sobretudo porque ouviram de seus interlocutores que a produção dos altos-fornos vem aumentando.

O problema de desabastecimento diminui, mas não se encerra, no entanto, com o casamento entre oferta e demanda de aço. 

Segundo apurou o Estadão/Broadcast, além de insumos derivados do aço, há falta de componentes básicos - entre eles pneus - em fábricas de caminhões e motocicletas, setores cuja produção foi estimulada, respectivamente, pelo transporte da safra recorde de grãos e pelo boom nos serviços de entrega. 

Na cadeia de eletrodomésticos, aponta-se insuficiência de peças de plástico, além de papelão.

Junto com a reação de consumo mais forte do que se previa, as cadeias industriais voltaram das paradas forçadas pela pandemia com estoques baixos, o que intensificou uma demanda por insumos que não tem sido plenamente atendida porque os fornecedores não retornam todos na mesma velocidade.

Precaução

Segundo José Velloso, presidente executivo da Abimaq, associação da indústria de máquinas e equipamentos, nenhuma fábrica parou até o momento por falta de componentes. 

Ele lembra, porém, que algumas empresas sinalizam a possibilidade de suspender setores de fábrica por indisponibilidade de materiais - uma possibilidade também cogitada na indústria de eletrodomésticos.

"Por isso nós chamamos as siderúrgicas. Queremos evitar esse tipo de inconveniente", disse o executivo da Abimaq. Além de Velloso, pela Abimaq, dirigentes da Anfavea, associação das montadoras, do Sindipeças (fornecedores de autopeças) e Eletros (eletroeletrônicos) participaram da reunião.

Apesar da falta de aço apontada por setores industriais, Marco Polo Mello Lopes, presidente do Instituto Aço Brasil, disse que a indústria siderúrgica não demorou para religar altos-fornos e entregou em setembro 13% a mais do que a média mensal do ano passado em aço plano, a linha mais usada por fábricas de automóveis, geladeiras e máquinas, entre outros produtos da indústria de transformação. "Religamos equipamentos e voltamos em agosto ao nível do início do ano em produção de aço bruto. As siderúrgicas estão entregando mais."

Custos

Antecipando em meses uma situação que, pelas previsões feitas no auge da pandemia, só aconteceria no começo do ano que vem, metade dos setores da indústria de transformação voltou aos níveis de produção registrados antes do choque do coronavírus. 

Mas a escassez de insumos acontece num momento em que industriais também apontam aumentos de custos, decorrentes de reajustes da ordem de 20% a 30% em insumos como aço, plástico e papelão, bem como dos novos esquemas de trabalho, com menos pessoas nas linhas de produção. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

MATO GROSSO DO SUL

Quebra da safra de soja é estimada em R$ 4 bilhões

Levantamento aponta para 2,084 milhões de toneladas a menos no ciclo 2023/2024

18/04/2024 08h30

A colheita da soja atingiu 4,1 milhões de hectares, 96,4% da área Foto: Gerson Oliveira / Correio do Estado

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A estiagem e as chuvas esparsas ocorridas durante o desenvolvimento da lavoura de soja em Mato Grosso do Sul já impactam em uma produção menor.

A primeira estimativa de redução da produtividade já aponta para uma queda de 13,89% na safra 2023/2024 em relação ao  ciclo anterior, gerando prejuízos acima de R$ 4 bilhões.

A quebra ainda pode ser maior, considerando que a colheita ainda não foi finalizada e os dados oficiais só são divulgados após o fim colheita. 

Dados divulgados na semana passada pela Associação dos Produtores de Soja de Mato Grosso do Sul (Aprosoja-MS), com base no levantamento do Sistema de Informação Geográfica do Agronegócio (Siga MS), apontam que o Estado sai de uma produção recorde de 15,007 milhões de toneladas na safra 2022/2023 para 12,923 milhões de toneladas de grãos no ciclo atual - redução de 2,084 milhões de toneladas. 

A projeção realizada pela reportagem do Correio do Estado é norteada nos dados disponibilizados pelo relatório do Siga-MS e consultoria técnica de agentes do setor.  

O preço médio da saca de soja com 60 kg era comercializado pelo preço médio de R$ 115,19 ontem em MS, considerando que 2,084 milhões de toneladas são 34,733 milhões de sacas de soja, o prejuízo estimado para a safra 2023/2024 é de R$ 4 bilhões.

Considerando somente a redução entre a estimativa inicial, de 13,818 milhões de toneladas, para as atuais 12,923 milhões de toneladas, o prejuízo já chega a R$ 1,7 bilhão. 

Os números divulgados no boletim Casa Rural, elaborado pela Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Sistema Famasul) e Aprosoja-MS,  apontam para produtividade de 50,5 sacas por hectare, valor que representa uma queda de 19,12% em relação à estimativa inicial para o ciclo.

“Em relação às nossas expectativas iniciais, notamos uma queda de 6,5% tanto na produção quanto na produtividade. A produção diminuiu de 13,818 milhões de toneladas para 12,923 milhões, resultando em uma redução de 895 mil toneladas. Da mesma forma, a produtividade caiu de 54 sacas por hectare (sc/ha) para 50,5 sc/ha, uma redução de 3,5 sc/ha”, detalha o relatório.

O presidente da Aprosoja-MS, Jorge Michelc, explicou que o cenário de queda nos indicadores da safra é resultado de um ciclo com condições climáticas adversas. 

“Desde o plantio, os produtores sul-mato-grossenses enfrentaram os desafios da falta de chuva e além do atraso do plantio, foi necessário replantar mais de 240 mil hectares, principalmente na região central do estado. Agora os resultados estão aparecendo no campo, com lavoura desuniformes e de baixa produtividade, impactando na capacidade de geração de receita das propriedades”, avaliou.

A colheita da soja safra 2023/2024 atingiu 4,111 milhões de hectares, equivalente a 96,4% da área semeada em Mato Grosso do Sul.

A região sul está com a colheita mais avançada, com média de 98,5%, seguida da região central com 95,4% e a região norte com 89,3% de média de área colhida. Frente ao mesmo período do ano anterior, a operação está com atraso de 2,2 pontos porcentual.

O boletim ainda aponta que 18,3% das lavouras de MS se encontram em más condições, 20,6% em condições regulares e 61,1% em boas condições.

Ainda conforme o Siga MS, a colheita da oleaginosa deve encerrar na última semana de abril, período em que os dados de área, produtividade e produção também serão confirmados.

PREÇOS

A saca de soja com 60 kg teve desvalorização de 35% em dois anos. Em abril de 2022, a oleaginosa era negociada a R$ 174, já nesta semana o preço pago é de R$ 115,19 no mercado físico de Mato Grosso do Sul.

No mesmo período, o custo para produzir cresceu 13,85%, saindo de R$ 5.419 por hectare plantado na safra 2021/2022 para R$ 6.170 no ciclo 2023/2024.  

Considerando a estimativa do Siga MS, de que Mato Grosso do Sul vai produzir 50 sacas por hectare neste ciclo, se essas 50 sacas forem comercializadas a R$ 115,19  serão pagos R$  5,7 mil por hectare.

Com o custo de R$ 6,1 mil por hectare na hora de implantar a cultura, o produtor rural vai acumular um prejuízo de R$ 400, em média, por cada hectare plantado.

O boletim econômico com o custo de produção da soja, divulgado pela Associação dos Produtores de Soja de Mato Grosso do Sul (Aprosoja-MS), aponta que o produtor teve despesa total de R$ 6.170,61 por hectare.  
O valor é a soma do custeio da lavoura (que inclui sementes, fertilizantes, inoculantes, etc.), de R$ 3.497,90 por hectare; dos outros custos variáveis (seguro, mão de obra, impostos), R$ 1.707,09; das despesas financeiras (juros), R$ 349,79; da depreciação de máquinas e implementos, R$ 325; de outros custos fixos, R$ 74,83; e renda fatores, R$ 216.

“É uma ferramenta auxiliar na gestão financeira agrícola. Os custos são avaliados pela soma de todas as despesas direta e indiretas, custos variável e fixo, associadas à produção da cultura, no caso, a soja”, detalha o boletim técnico. 

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IMPOSTO-RENDA

Senado aprova isenção de Imposto de Renda para quem ganha até R$ 2.824

Segundo a Receita, 15,8 milhões de brasileiros deixarão de pagar imposto neste ano, medida válida para empregados, autônomos, aposentados, pensionistas e demais contribuintes, e outros 35 milhões de cidadãos

17/04/2024 20h00

A exemplo do que fez no ano passado, Lula reajustou a faixa de isenção do IR, ampliando o número de contribuintes que deixarão de pagar o tributo Marcos Oliveira / Agência Senado

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O Senado aprovou nesta quarta-feira (17) o projeto de lei que isenta de Imposto de Renda quem ganha até dois salários mínimos, R$ 2.824 mensais. O texto segue para sanção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

A medida adotada pelo governo vem para evitar que pessoas que estavam isentas de IRPF passem a recolher pela primeira faixa da tabela por causa do último reajuste do salário mínimo —que subiu para R$ 1.412 em 1º de janeiro.

A exemplo do que fez no ano passado, Lula reajustou a faixa de isenção do IR, ampliando o número de contribuintes que deixarão de pagar o tributo. Salários, aposentadorias e pensões de dois salários mínimos ficarão isentos.

O reajuste é de R$ 6,97% na faixa inicial, subindo de R$ 2.112 para R$ 2.559,20. O governo concedeu um desconto extra de R$ 564,80 para chegar à isenção ao R$ 2.824.

Segundo a Receita, 15,8 milhões de brasileiros deixarão de pagar imposto neste ano, medida válida para empregados, autônomos, aposentados, pensionistas e demais contribuintes, e outros 35 milhões de cidadãos pagarão menos IR por causa da progressividade da tabela.

O texto foi enviado ao Congresso em fevereiro como MP (medida provisória), mas acabou avançando via projeto de lei diante da resistência da Câmara com a tramitação de MPs, que exigem uma comissão formada por deputados e senadores.


O projeto de lei foi apresentado pelo líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), e relatado no Senado pelo líder do governo no Congresso, senador Randolfe Rodrigues (sem partido-AP).

Durante a votação, senadores de oposição lembraram a promessa de Lula de isentar de IR quem ganha até R$ 5.000 por mês e tentaram ampliar a isenção de dois para três salários mínimos, o equivalente a R$ 4.236,00.

A proposta, no entanto, acabou derrotada durante a votação.

O líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), disse que, antes de Lula, a tabela do Imposto de Renda não era corrigida desde 2015 —no governo Dilma Rousseff (PT).

"Não é não querer dar. É, infelizmente, tem que dar sem provocar um impacto negativo, que seria eventualmente o não controle das contas públicas. Nós já estamos com um problema que não é nosso, é das guerras lá fora. Sobe petróleo, sobe dólar. Daqui a pouco vão querer subir juros."

Em seu parecer, o líder do governo Lula no Congresso disse também que o debate sobre a isenção será "mais bem aprofundado" durante a tramitação da reforma do Imposto de Renda —que o governo pretende enviar ao Congresso até o fim do ano.


Em janeiro, Lula reforçou o compromisso de campanha em entrevista a uma rádio na Bahia: "Eu tenho um compromisso de chegar até o fim do meu mandato isentando todo mundo que ganhar até R$ 5.000. Nesse país, quem vive de dividendo não paga Imposto de Renda e quem vive de salário paga Imposto de Renda".

Segundo o governo federal, a redução de receitas prevista com a medida neste ano é de R$ 3,03 bilhões. O valor passa para R$ 3,53 bilhões no próximo ano e para R$ 3,77 bilhões em 2026.

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